terça-feira, 30 de novembro de 2010

Reflexões sobre a arte

“O homem não deve poder ver a sua própria cara. Isso é o que há de mais terrível. A natureza deu-lhe o dom de não a poder ver, assim como de não poder fitar os seus próprios olhos.
Só na água dos rios e dos lagos ele podia fitar seu rosto. E a postura, mesmo, que tinha de tomar, era simbólica. Tinha de se curvar, de se baixar para cometer a ignomínia de se ver.
O criador do espelho envenenou a alma humana”.
Livro do Desassossego – "Reflexões sobre a arte"
Bernardo Soares
(heterônimo de Fernando Pessoa).

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Monteiro Lobato

“A luta contra o erro tipográfico tem algo de homérico. Durante a revisão os erros se escondem. Fazem-se positivamente invisíveis. Mas, assim que o livro sai, tornam-se visibilíssimos. Verdadeiros sacis a nos botar a língua em todas as páginas. Trata-se de um mistério que a ciência ainda não conseguiu decifrar.”
Monteiro Lobato (1882-1948).

sábado, 27 de novembro de 2010

Reflexão

Há Três classes de pessoas que considero infelizes:
  1. Aquelas que não sabem e não procuram saber,
  2. Aquelas que procuram saber, mas não ensinam o que sabem, e
  3. Aquelas que ensinam o que sabem, mas não fazem o que ensinam.
Beda (673-735), historiador inglês

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Nasce o Sol

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
E é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

Gregório de Matos (1636-1695)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Crucificação

Crucificação – Terrorismo de Estado

Não se pode entender o significado da crucificação se ignorarmos o fato de que seu principal objetivo era o de comunicar horror. Era comunicar às pessoas o seguinte: “Nem tente me desafiar ou você também vai acabar dessa maneira”.
Quando se fala em crucificação, a palavra remete imediatamente a Jesus. Mas, ao contrário que muitos pensam, essa forma de assassinato, altamente aperfeiçoada pelos romanos, está longe de ser algo exclusivamente ligado a Jesus.
Seu uso através da história foi muito frequente e sua origem remete a muito tempo antes de Cristo.
A primeira evidência desse tipo de prática data do tempo do rei assírio Salmanasar, século IX a.C. O império assírio foi um dos impérios mais cruéis possivelmente enfrentados por Israel. As torturas assírias incluíam a empalação ou empalamento. uma forma primitiva, ou a primeira forma de crucificação.
Crucificação é um termo geral para qualquer exposição de um criminoso numa cruz, numa árvore ou num mastro como na empalação. O aspecto chave é que os criminosos são levantados e expostos ao público.
A empalação já trazia as primeiras características dos mecanismos de sofrimento e de horror às vítimas. Somava a incapacidade de respirar ou de se mexer a uma dor alucinante durante o processo todo.
Em 332 a.C. o rei da Macedônia, Alexandre O Grande, usou punição similar sobre o povo de Tyro. Alexandre sitiou Tyro durante sete meses. Seu exército matou 10.000 pessoas e mais 2.000 foram crucificadas. As vítimas foram penduradas em estacas ao longo da costa mediterrânea.
A maioria dos estudiosos acredita que foi Alexandre quem fez uma transição entre a empalação assíria e a crucificação romana.
Chega o primeiro século a.C. e a crucificação se tornou uma das grandes armas do império romano. Sua prática era geral e disseminada e se tornaram mestre na arte da crucificação.
Com os romanos a crucificação assumiu novas formas, que aumentaram o sofrimento e a humilhação. Os historiadores creditam aos romanos a primeira crucificação em uma cruz de fato.
Os romanos costumavam crucificar cidadãos não-romanos que ameaçavam a paz, escravos desobedientes, desordeiros de todos os rebeldes. A tendência era que o criminoso que merecia esse tipo de execução fosse um inimigo do Estado. Em geral ninguém era crucificado por roubar um filão de pão, mas por crimes bem maiores.
Uma das mais conhecidas estórias de múltiplas crucificações de seu em 71 a.C., quando um ex-gladiador chamado Spartacus liderou um exército de 120.000 escravos revoltosos contra Roma.
Spartacus expôs os romanos a uma série de derrotas humilhantes.
Quando os romanos finalmente derrotaram o exército de Spartacus, 6.000 rebeldes foram crucificados ao longo da Via Ápia. Seus corpos formaram uma linha de 200 quilômetros de comprimento, de Cápua até Roma.
No ano 4 d.C., depois da morte de Herodes O Grande, os cidadãos da Judéia se revoltaram contra o julgo romano. As legiões romanas marcharam pela Judéia para esmagar a revolta. Cidades foram arrasadas. Judeus foram vendidos como escravos. Cerca de 2.000 revoltosos foram crucificados.
Chega o ano 33 d.C. e já havia na Judéia uma longa estória de crucificação de supostos profetas e pretendentes a Messias. A mais conhecida crucificação desse tipo nós conhecemos. Mas estaria longe de ser a última…

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dentre o chorar dos trêmulos violinos

Jenny Armitage

Dentre o chorar dos trêmulos violinos,
Por entre os sons dos órgãos soluçantes
Sobem nas catedrais os neblinantes
Incensos vagos, que recordam hinos…

Rolos d'incensos alvadios, finos
E transparentes, fulgidos, radiantes,
Que elevam-se aos espaços, ondulantes,
Em Quimeras e Sonhos diamantinos.

Relembrando turíbulos de prata
Incensos aromáticos desata
Teu corpo ebúrneo, de sedosos flancos.

Claros incensos imortais que exalam,
Que lânguidas e límpidas trescalam
As luas virgens dos teus seios brancos.

Cruz e Sousa (1861-1898)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Livro

Johnny: ‘A vida do espião que delatou a rebelião comunista de 1935’
Autores: R. S. Rose (Americano), Gordon D. Scott (canadense).
Editora: Record
Páginas:602 pág.

O livro revela a face brutal do mais lendário governante brasileiro (Getúlio Vargas), e relata episódios aterradores que ocorreram sob seu governo. O pesquisador descreve primeiro o ambiente familiar violento em que Getúlio nasceu, entre histórias façanhudas e pistoleiros a soldo do pai, fazendeiro gaúcho. Vemos a seguir o primeiro crime de morte em que ele se envolveu, ainda menino, ao participar de uma emboscada contra um desafeto de seu irmão mais velho.
Depois de apresentar uma síntese da ascensão política de Getúlio, pontuada por outros crimes e atos de violência, Rose penetra nas entranhas do aparelho repressivo do governo Vargas, caracterizado por um grau de brutalidade nunca visto até então no país. Sua narrativa da repressão aos revoltosos paulistas de 1932 e aos fomentadores da Intentona Comunista exibe sem eufemismos a rotina da tortura como política de Estado. O livro traz ainda lances pouco conhecidos das relações entre agentes brasileiros e espiões e torturadores americanos, ingleses e alemães da Gestapo, sugerindo que, ao menos em matéria de barbárie, o Brasil de Vargas se equiparou às práticas adotadas ou estimuladas pelas nações mais avançadas da Terra.
O livro também sustenta que o alemão Johann Heinrich Amadeus de Graaf, conhecido pelo codinome de Johnny foi enviado ao Brasil pelo serviço secreto soviético para ajudar no levante comunista de 1935 (Intentona Comunista), era, na verdade, espião e agente duplo a serviço da Inteligência Britânica, em 1933 e delatou Prestes e seus companheiros.

Fuzilado... Aliás, o falso agente, que teve 69 identidades frias, foi executado em Moscou, em 1938.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Mestre Sala dos Mares

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo.

(João Bosco / Aldir Blanc)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Personalidades HIstóricas: Cleópatra

40 anos a.C. uma mulher abalou
os mais poderosos do mundo.Ela foi rainha de
uma civilização tão antiga como a civilização.
Alexandre Cabanel - Cleopatra
Trezentos anos antes de Cleópatra governar o país mais rico do mundo, Alexandre, o grande, tinha acabado de conquistar o Egito. Desejoso de ser considerado uma divindade, o comandante militar dirigiu-se ao templo de Siwa, onde fora proclamado um deus pelo oráculo. Alexandre conquistou o maior império de toda história, dominando terras que iam da Europa a Índia. Cleópatra certamente inspirou seus objetivos, sobretudo políticos, as façanhas alcançadas por Alexandre. Depois de Alexandre Cleópatra foi a rainha mais poderosa do oriente médio.
Cleópatra nasceu em 68 a.C., entre as intrigas e as violências palacianas. Foi criada em Alexandria, maior e mais opulenta cidade do mundo. Quando seu pai morreu deixou o trono para ela com 18 anos e seu irmão com 10.
A ideia que Hollywood passou de Cleópatra para o mundo está incorreta, pois ela longe de ser apenas uma mulher fútil, poderosa e entregue aos prazeres da vida, através de mitos e filmes, uma ficção criada por seus inimigos.
Cleópatra ansiava dar fim às dominações estrangeiras que tomavam seu reino. Além disso, era conhecida como hábil debatedora e dominava várias línguas como aramaico, persa, latim, etíope, egípcio e árabe. Segundo o historiador Plutarco, ela não detinha atributos físicos, mas se valia de outros artifícios para alcançar seus objetivos. Mas a lenda persiste há mais de 2000 anos, principalmente porque poetas e dramaturgos, inclusive Shakespeare, têm dado maior ênfase aos encantos físicos e às paixões do que à inteligência e à coragem dessa rainha. Seus feitos, porém, revelam que ela foi uma mulher brilhante, engenhosa, que passou a vida lutando para impedir que seu país fosse aniquilado pelos romanos.
Ela falava seis idiomas, conhecia bem a história, a literatura e a filosofia gregas, era uma negociadora astuta e, ao que parece, uma estrategista militar de primeira ordem.
Foi essa a Cleópatra que Júlio Cesar conheceu no Outono de 48 a.C. Ela com 21 anos e ele com 52. Ele fora ao Egito em perseguição ao general romano Pompeu, seu adversário numa luta pelo domínio político, gênero de contenda que manteria Roma convulsionada durante quase um século, além conseguir trigo do Egito e ela queria voltar ao trono triunfante onde seu irmão era o faraó Ptolomeu XIII.
Como ambos eram bem intelectualizados ficaram atraídos e ai surgiu um relacionamento amoroso que se tornara publico, tornaram-se amantes.
Em 15 de janeiro do ano 47 a.C. Ptolomeu XIII (irmão de Cleópatra), morreu afogado no rio Nilo comandando sua frota. E Júlio Cesar passou a controlar o Egito, entregando o poder a Ptolomeu XIV, que só tinha 6 anos, obrigando a Cleópatra, que já era amante do romano, a casar-se com seu irmão e formar um novo casal real. (casamento só no papel). Na verdade, Cleópatra governa sozinha.
Apesar de César estar muito envolvido com Cleópatra, decide voltar a Roma, mas a deixa grávida de um filho seu. Em 27 de junho de 47 a. C., nasceu Ptolomeu César, que o povo egípcio chamou de Cesarión.
No ano seguinte, com seu marido (irmão) e seu filho parte para Roma, onde é recebida como uma rainha por Júlio César, mas para o povo romano ela não era mais do que sua amante. Esta viagem, independente de outros valores, nos revela o interesse por conhecer os costumes romanos e inclusive o desejo de uma oriental por ocidentalizar-se. Cleópatra permaneceu um ano e meio em Roma, em uma cidade que não podia se comparar com a bela Alexandria. A rainha estava protegida por César, mas tinha a esperança de alcançar uma união legal, o que nunca aconteceu.
Júlio César, nunca se importou com o povo, que não gostava da egípcia e construiu em sua honra uma estátua de ouro no templo de Vênus. Porém, o descontentamento do povo era tal, que em 15 de março de 44 a.C., Júlio César foi assassinado durante uma reunião do Senado romano e Cleópatra volta para o Egito.
Alguns meses depois seu irmão é assassinado (provavelmente a mando dela) e declara seu filho Cesarión como herdeiro do trono.
Enquanto que em Roma após a morte de Júlio César Roma a ser governada por Otaviano que tinha 19 anos, cuidava da Europa Ocidental e Marco Antônio, era um general hábil e homem de confiança de Júlio César cuidaria das parte oriental da Europa.
Marco Antônio era amante do prazer, do vinho já era casado pela terceira vez e não tem disciplina de Júlio César.
Três anos depois da morte de Júlio César, Cleópatra estava no Egito e sabia que não poderia manter a unidade de seu reino contra a invasão dos romanos e que seria necessária outra aliança para que não fosse atacada.
Marco Antônio vai até o Egito e ambos se unem pelo poder e pelo sexo. Ela acaba dando a luz a gêmeos.
Marco Antônio volta para Roma e sua mulher morre, mas ao invés de se voltar para Cleópatra ele casa-se com a irmã de Otaviano, um casamento de conveniência.
37 a c Marco Antônio está na Síria e convoca Cleópatra e ambos negociam a expansão imperial de Roma e do Egito. Começa um grande descontentamento do povo romano e Otaviano lança uma batalha imoral sobre Cleópatra, chamando-a de depravada, coisa que dura até hoje.
Otaviano convence o Senado para derrotar Cleópatra e inicia-se uma batalha de 4 meses começando na Grécia. em 31 a.C., as tropas de Otaviano vencem as de Marco Antônio. Desolados voltam para Alexandria e temem novas invasões.
Na primavera de 30 a.C Cleópatra sabe que Otaviano está a caminho para derrota-los, Marco Antônio oferece sua vida para salvar Cleópatra, mas Otaviano não o atende. No dia seguinte ouvindo boatos que Cleópatra está morta ele se apunhala e morre nos braços de Cleópatra. Ela que não queria ser derrotada por Otaviano comete o suicídio mais famoso da História – ser picada por uma Naja era interessante para ela pois a Naja animal sagrado, companheira de Isis e acreditam que quem morresse picado por ela viveria na eternidade. Isso realmente aconteceu, Cleópatra é lembrada constantemente no mundo todo. Com a idade de 39 anos, morreu Cleópatra, a última rainha do Egito. Morre a grande mulher e nasce o mito.
Imediatamente após Otaviano manda matar Cesarión que tinha então 17 anos, mas poupa os gêmeos e os cria como filhos.
Com Otaviano inicia-se o Império, recebendo do Senado o título de Augusto (divino). Otaviano foi o imperador na época em que Cristo nasceu.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ditador

O general Leônidas Pires Gonçalves, (imagem acima) em entrevista à Globo News, disse algumas frases marcantes, como essas:
“O soldado é um cidadão de uniforme para o exercício cívico da violência”.
“A guerra não tem nada de bonito, a não ser a vitória”.
Alem disso, lembrou que:
1. Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen (Major do Exército Alemão)
1º de julho de 1968, Morto no Rio de Janeiro onde fazia o Curso da Escola de Comando e Estado Maior do Exército.
Assassinado na Rua Engenheiro Duarte, Gávea, por ter sido confundido com o major boliviano Gary Prado, suposto matador de Che Guevara, que também cursava a mesma escola.
Autores: Severino Viana Callou, João Lucas Alves (preso em novembro de 1968, foi torturado até morrer) e Amílcar Baiardi (leciona numa universidade da Bahia), todos da organização terrorista denominada COLINA - Comando de Libertação Nacional.
2. Major José Júlio Toja Martinez Filho fazia tocaia, mas morreu no dia 2 de abril de 1971 por Marilena Villas-Bôas (22 anos) que estava com seu companheiro Mário de Souza Prata. Estes pertencentes ao MR-8 foram mortos pelos demais agentes que desencadearam um cerrado tiroteio no casal.
3. O capitão Charles Chandler foi abatido na manhã de 12 de outubro de 1968 por três guerrilheiros a mando da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Contra o americano pesava a acusação de ser um agente da CIA, a central de inteligência americana, a serviço da ditadura. Ele morava numa casa do bairro Perdizes, em São Paulo, com a mulher, Joan, e três filhos pequenos: Jeffrey, Luanne e Todd.
Os três matadores foram apontados como sendo Pedro Lobo de Oliveira, Diógenes de Oliveira (atualmente em Porto Alegre) e Marco Antônio Braz de Carvalho (Fuzilado sumariamente no dia 28 de janeiro de 1969, em sua própria casa, em São Paulo, quando tinha 30 anos de idade). Quando Chandler tirava o carro da garagem, eles bloquearam a passagem com um Fusca. Primeiro, descarregaram um revólver contra o americano. Depois, acionaram a metralhadora.
Todd lembra que correu ao ouvir os tiros, deparando com o pai ensanguentado. Ele nega que Chandler fosse da CIA. O capitão estaria no país como estudante da Escola de Sociologia e Política da Fundação Álvares Penteado, aprendendo português.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Amada

“Esta noite a tua boca
é a mais bela rosa do universo
Bebo para afogar este pesadelo
Que o vinho seja rubro como as maçãs do teu rosto
E os meus versos tão leves
como os anéis dos teus cabelos”.

Omar Khayyám (1048-1131)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Carlota Pereira de Queiroz (1892-1982)

A primeira deputada federal

A médica paulistana Carlota Pereira de Queirós foi a primeira mulher eleita deputada federal no Brasil. A política entrou em sua vida durante a Revolução Constitucionalista de 1932, quando o Estado de São Paulo rebelou-se contra o governo provisório de Getúlio Vargas. Junto com a Cruz Vermelha paulista, ela organizou um grupo de 700 mulheres para dar assistência aos feridos. Além de prestígio, esse trabalho garantiu a ela uma vaga na Assembleia Nacional Constituinte, sendo empossada em novembro de 1933. A parlamentar elaborou o primeiro projeto sobre a criação de serviços sociais no país. Após a promulgação da nova Carta, em 1934, elegeu-se novamente, mandato que exerceu até a decretação do Estado Novo e o fechamento do Congresso Nacional por Getúlio Vargas, em novembro de 1937. Fundadora da Associação Brasileira de Mulheres Médicas, e membro da Academia Paulista de Medicina e da Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires, Carlota também trabalhou em hospitais alemães, franceses e suíços.

Casamento e Fusão Moral

Francesco Hayez
Na vida conjugal, o casal só deve formar de certo modo uma única pessoa moral, animada e governada pelo gosto da mulher e pela inteligência do homem. Se as mulheres mostram mais liberdade e fineza no sentimento, em compensação os homens parecem mais ricos no discernimento que a experiência dá. Acrescentemos que quanto mais um caráter é sublime, mais ele tende a fazer todos os seus esforços para o contentamento do ser amado, e é característico de uma bela alma responder a isso com complacência. Sob essa relação, toda a pretensão à superioridade seria, portanto, inepta e reveladora de um gosto grosseiro ou de uma união mal sucedida. Tudo se perde quando se disputa o comando. Pois uma vez que a união repousa na inclinação, ela é meio rompida assim que o dever começa a se fazer entender.
Um tom duro e impiedoso é um dos mais detestáveis nas mulheres, um dos mais vis e desprezíveis nos homens. O sábio comando da natureza quer, além disso, que toda essa delicadeza, toda essa ternura de sentimento só tenha plena força no começo, em seguida a vida em comum e os afazeres domésticos vêm enfraquecê-la, pouco a pouco, e transformá-la em amizade familiar. A grande arte, enfim, consiste em salvaguardar do primeiro sentimento alguns vestígios, de modo que a indiferença e a saciedade não tirem todo o prazer que por si só justificava essa união
Immanuel Kant (1724 -1804)

domingo, 14 de novembro de 2010

Hino da Proclamação da República

Seja um pálio de luz desdobrado.
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, avante, da Pátria no altar!

Liberdade! Liberdade!
Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!
Liberdade! Liberdade!

Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!

Letra: Medeiros e Albuquerque
Música: Leopoldo Augusto Miguez.

Inquisição

Poder e política em nome de Deus.
A Inquisição é tema que não se esgota. Instituída em 1232 pelo papa Gregório IX ela vigorou até 1859, quando o papado extinguiu definitivamente o Tribunal do Santo Ofício. Portanto, funcionou durante longos seis séculos. Devido a esta complexidade é que se optou por explorar o campo do confisco dos bens dentro do Tribunal do Santo Ofício, instituição que tão bem se utilizou do poder para manter-se viva no seio da sociedade durante um longo período histórico. Entretanto, o assunto em questão aparece em todos os momentos da atuação do Santo Ofício, ficando por demais difícil fazer uma boa análise dentro de um período tão longo. Devido a isto delimitei um pouco mais meu campo de atuação e me restringi ao solo português, tentando entender a questão de forma mais precisa. A Inquisição em Portugal foi instituída em 1536, nos moldes medievais sob a liderança do poder régio. Diferentemente da Inquisição medieval, que possuía como objetivo maior o combate às heresias, a Inquisição portuguesa era comandada pelo rei que centralizava, fortificava e solidificava seu poder através do confisco dos bens. Afinal alguém teria que manter tão complexa estrutura. O alvo maior em solo lusitano era o cristão-novo, judeus convertidos a fé cristã, que a Inquisição julgava manter seus ritos judaicos secretamente. Acusados de profanar as hóstias e desvirtuar muitos cristãos do caminho de Deus, esse povo pagou com a vida e com seus bens a manutenção do equilíbrio do reino. Ë bem verdade que antes da Inquisição se oficializar em terras portuguesas os judeus tiveram proteção e abrigo em troca de alguns tributos especiais do próprio Estado, mas isso só durou enquanto isso trazia algum benefício ao poder régio. Instaurada a Inquisição era preciso que se tivesse hereges a serem perseguidos e nada mais cômodo do que unir o útil ao agradável, ter quem se queimasse na fogueira deixando todos seus bens para a santa madre igreja. É claro que a fórmula não é tão simplista assim, mas devido as circunstâncias tudo leva a crer que abusos dessa ordem eram cometidos, pois quando da instalação da Inquisição em solo lusitano, tentou se conter abusos no tocante ao confisco de bens. Tanto que pela bula de 23 de maio de 1536, a qual instituí o Tribunal do Santo Ofício em Portugal, se determinava que não deveria haver confisco de bens em todo o território por pelo menos dez anos. Em 1576, nova tentativa de se conter abusos decretando-se que seria excomungado aquele que tomasse os bens de judeus confiscados pelo poder da Inquisição. Neste sentido, pode-se dizer que se havia leis e decretos tentando coibir a ação da Inquisição sobre os bens de seus condenados é porque os abusos existiam e muitos foram os sacrificados em favor da permanência do poder régio e eclesiástico.
Prof.ª Liliane Pinheiro da Luz

Hoje questiona-se muito qual ditador foi pior: Hitler ou Stalin ? Direita ou Esquerda ?
A ditadura Nazista (de direita) de Adolf Hitler durou 13 anos e foi responsável pela morte de 30 milhões de pessoas.
O stalinismo (de esquerda) de Josef Stalin durou 31 anos e foi responsável pela morte de 10 milhões de camponeses.
Durante os 628 anos de Inquisição Católica há registro do extermínio de aproximadamente 20 milhões de pessoas, porém, naquela época a imprensa era rudimentar, na verdade, a imprensa escrita foi criada por Gutenberg em 1439, ou seja, quase dois séculos após iniciada a Inquisição. Dessa forma acredita-se que o número de mortos foi bem maior.
A inquisição protestante exterminou milhares de vidas. Igualmente cruel, mas incomparavelmente menor em escala numérica.
Campinas recebeu em 1995 objetos utilizados pela Inquisição para torturar os “hereges”. Entre os objetos de tortura usados estavam a Roda de Despedaçamento, a Roda da Morte de Aragon e um dispositivo de tortura conhecido como a Filha do Carniceiro. Ficaram expostos no Museu da cidade.
Na época levei meus alunos para visitarem esta exposição. Foi chocante.

sábado, 13 de novembro de 2010

É preciso

Vladimir Kush
Preciso ler um bom poema antes de dormir
antes que a noite encerre o diário inventário das lembranças
antes que o sono cale boca e olhar, antes que o prumo caia horizontal.
Preciso ler um bom poema antes
* que seja tarde
* que fique escuro
* que chegue o frio.
Ler um bom poema antes que a morte venha e escreva o seu.

Marina Colasanti

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Coração de Pedra

Angelica Linnhoff

Oh, quanto me pesa
este coração, que é de pedra!
Este coração que era de asas
de música e tempo de lágrimas.

Mas agora é sílex e quebra
qualquer dura ponta de seta.

Oh, como não me alegra
ter este coração de pedra!

Dizei por que assim me fizestes,
vós todos a quem amaria,
mas não amarei, pois sois estes
que assim me deixastes, amarga,
sem asas, sem música e lágrimas,
assombrada, triste e severa
e com meu coração de pedra!

Oh, quanto me pesa
ver meu próprio amor que se quebra!
O amor que era mais forte e voava
mais que qualquer seta!

Cecília Meireles (1901-1964)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Álvaro de Campos

No lugar dos palácios desertos e em ruínas
À beira do mar,
Leiamos, sorrindo, os segredos das sinais
De quem sabe amar.
Qualquer que ele seja, o destino daqueles
Que o amor levou
Para a sombra, ou na luz se fez a sombra deles,
Qualquer fosse o vôo.

Por certo eles foram mais reais e felizes.

Álvaro de Campos
Fernando Pessoa (1888-1935)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
esquecida! E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca (1894-1930)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Plenitude

Sorri, sorriste. O Mundo era pequeno.
Mas bastava. Cabia nele, intacto,
o encantamento pleno
que te detinha ali, junto de mim,
que nos detinha ali, serenos, puros
longe da multidão, longe do Tempo
rio que passava ao largo e nós ficávamos.

Sebastião da Gama (1924-1952)

domingo, 7 de novembro de 2010

Frase

A realidade nunca me basta;
necessito de mágica.

Herman Hesse (1877-1962)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Preconceitos

Xenofobia
Xenofobia é uma palavra de origem grega que significa antipatia ou aversão a pessoas e objetos estranhos. O termo tem várias aplicações e usos, o que muitas vezes provoca confusões em relação ao significado. A xenofobia como preconceito acontece quando há aversão em relação à raça, cultura, opção sexual, etc.

Homofobia
A homofobia é um termo utilizado para identificar o ódio, a aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais e, consequentemente, contra a homossexualidade, e que pode incluir formas sutis, silenciosas e insidiosas de preconceito e discriminação contra homossexuais.

Misoginia
Misoginia (do grego, miso ódio gene mulher) é um movimento de aversão ao que é ligado ao feminino.
A misoginia sustenta que os homens devem se libertar da influência ou dependência do sexo feminino. Ela considera que a mulher e o universo feminino são mesquinhos ou perigosos. O misógino despreza as mulheres e cultua supostas virtudes masculinas - força, coragem e inteligência, por exemplo.
Por trás desse tipo de discurso há várias deformações. Uma delas, óbvia, é uma visão prostibular das mulheres. Pensam que as mulheres estão sempre atrás da melhor oferta: casam com o mais rico, namoram o mais poderoso, se aproximam de que tem mais status. Como eles ainda acham que as mulheres são incapazes de ganhar seu próprio sustento, sugerem que a vida delas tem o propósito velado de seduzir em troca de vantagens materiais. Princípios, sentimentos ou valores seriam acessórios. Existe até uma suposta teoria evolutiva que explicaria isso: por fracas e dependentes, as mulheres desde a idade das cavernas buscam machos mais fortes para ter com eles suas crias.
É natural que poucos homens se reconheçam nessa descrição tão radical de misoginia. Mas, vistos de perto, todos nós carregamos e divulgamos um pouco dessas ideias. Elas são antigas, afinal. Na cultura grega, foi a primeira mulher, Pandora, quem abriu por curiosidade uma jarra (não caixa...) e permitiu que dali saíssem todos os males que afetam os homens, como as doenças e a morte. É uma história parecida com a lenda hebraica de Adão e Eva no Paraíso. Criada da costela de Adão, Eva lançou a humanidade em desgraça ao comer o fruto proibido. Sempre as mulheres nos comprometendo, não?
No contexto moderno, em que as mulheres estão invadindo os ambientes masculinos do trabalho e disputando as mesmas prerrogativas sexuais de liberdade, essas ideologias subliminares têm uma função defensiva: elas reúnem os homens sob uma mesma crença, a de que eles são seres humanos melhores e ainda têm na vida um papel mais nobre que o das mulheres.
E a Maria Madalena prostituta que foi uma “criação”, invenção do catolicismo? E as novelas, principalmente da TV Globo onde as mulheres são as maiores psicopatas, bruxas e tudo o mais execrável?
Mas basta olhar em volta para ver que isso não é mais verdade. Este ano, se faltassem outros exemplos, tivemos uma mulher disputando o cargo de presidente do Brasil, e nunca se viu tanta baixaria, incluindo aí a Igreja e o papa.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Campo Aberto

Todos os pássaros, todos os pássaros
Asas abriam, erguiam cantos,
De Amor cantavam.

Todos os homens, todos os homens,
De almas abertas, de olhos erguidos,
De Amor cantavam.
De Amor cantavam todos os rios,
Todas as serras, todas as flores,
Todos os bichos, todas as árvores,
Todo os pássaros, todos os pássaros,
Todos os homens, todos os homens.
De Amor cantavam...

Sebastião da Gama (1924-1952)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Eu só confio nas pessoas loucas

Candido Portinari
“Eu só confio nas pessoas loucas:
↠ aquelas que são loucas pra viver,
↠ loucas para falar,
↠ loucas para serem salvas,
↠ desejosas de tudo ao mesmo tempo,
↠ que nunca bocejam ou dizem uma coisa corriqueira,
↠ mas queimam, queimam, queimam,
como fabulosas velas amarelas romanas
explodindo como aranhas através das estrelas”.
Jack Kerouac (1922-1969)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Uma verdade

“Todo progresso humano,
toda a história das ciências
é a história da razão contra o sagrado”.

Roger Vailland (1907-1965)