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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Quem te vê nesse andar que balança

Henri Matisse - Two dancers
Babo de ver, gata indolente,
Do teu corpo de modelo,
Como uma lingerie insolente,
Tremeluzir o pelo.
Sobre teu cabelo profundo,
Acres perfumes,
Mar odorante e vagabundo,
Ondas azuis e negrumes,
Como um navio que se espelha
No vento do novo dia,
Minha alma sonhadora aparelha
Para um céu de utopia.
Teus olhos que nada revelam
De doce nem de fatal,
São joias frias que modelam
O ouro com o vil metal.
Quem te vê nesse andar que balança,
Manhosa de exaustão,
Imaginaria uma serpente que dança
Na ponta de um bastão.
Sob o fardo da lascívia
Tua cabeça de infante
Ondeia com a malícia
De um jovem elefante,
E teu corpo se dobra e estira,
Como um barco sem mágoa,
Que costeia a margem e atira
As suas vergas na água.
Como as vagas alimentadas pelas fontes
Das geleiras mordentes,
Quando as águas da tua boca são pontes
Para o fio de teus dentes,
Creio beber da Boêmia um vinho,
Amargo e campeão,
Céu líquido que faz um caminho
De estrelas no meu coração!

Charles Baudelaire (1821-1867)
Tradução: Juremir Machado da Silva

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Sei lá...

Henri Matisse
Tem dias que eu fico
Pensando na vida
E sinceramente
Não vejo saída
Como é, por exemplo
Que dá pra entender
A gente mal nasce
Começa a morrer
Depois da chegada
Vem sempre a partida
Porque não há nada
Sem separação

Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão
Sei lá, sei lá
Só sei que ela está com a razão

A gente nem sabe
Que males se apronta
Fazendo de conta
Fingindo esquecer
Que nada renasce
Antes que se acabe

E o sol que desponta
Tem que anoitecer
De nada adianta
Ficar-se de fora
A hora do sim
É um descuido do não

Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão.

Vinícius de Moraes (1913-1980)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Árvore da Vida

Henri Matisse considerou como sua obra prima a realização arquitetônica e artística da capela de Nossa Senhora do Rosário, em Vence, sul da França. Passou quatro anos trabalhando nessa obra que teria como ápice a simplicidade unida a um belíssimo jogo de luzes formado pela própria entrada do sol pelos vitrais cuidadosamente planejados para isso.
Para o pintor, as três cores – Verde, Azul e Amarelo – utilizadas nos vitrais significavam respectivamente a vegetação, o mar e o céu que convidam à criação, e o Sol. Curioso é saber que somente o amarelo é opaco, as outras cores têm suas transparências. E isso não foi por acaso: Matisse via o Sol como a própria luz. Para simbolizar o sol como luz na casa de Deus, seria necessário fazer essa luz opaca, pois Deus é a própria luz, e nossos olhos humanos não são capazes de vê-la por nós mesmos.
Além disso, a combinação das cores também dá a ideia de dimensão, apesar do espaço da capela ser muito pequeno – 5m X 15m. Para o pintor, “o papel da pintura é o de alargar as superfícies, de fazer com que deixem de se sentir as dimensões do muro.” Esse foi um trabalho que exigiu muito do artista que já estava num estágio avançado de sua doença, e já havia deixado de trabalhar com as tintas e aderido aos recortes desde 1930 – talvez por isso suas formas no vitral se assemelhem com o momento vivido por ele nos recortes…
Ah! Por que árvore da vida? Bem, dizem alguns que ao se entrar na capela, imediatamente somos levados ao vitral. E que embora muitas vezes possamos estar sofrendo e levando nossos sofrimentos até a capela, há a vida que impera com suas raízes profundas para nos sustentar como humanos que somos e nos dar esperanças de continuar mais um pouco a caminhada… enfim! A beleza da arte além de nos encher a vista é também nos encher a alma com mil interpretações sobre aquilo que vemos!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Filosofia

Henri Matisse

A realidade é apenas
um milagre da nossa fantasia...

Transforma numa Eternidade
o teu rápido instante de alegria!
Ama, chora, sorri... e dormirás sem penas,
porque foi bela a tua realidade.

Ronald de Carvalho (1893-1935)