quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Lição de espaço

Titian - Sisyphus

O homem no espaço
é a sombra de Sísifo.

O espectro da esfinge
O vertigem do tísico.

O homem no espaço
é a pedra no vértice.

A folha que tomba
no vórtice.

Francisco Carvalho

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Felicidade

Erna Y (artista iugoslava, naturalizada brasileira)
“Felicidade” é uma coisa com plumas
Naquele poleiro alto da alma
E entoa a melodia sem palavras
E nunca para – nunca
E muito doce
na brisa – soa
E zangada deve ser a tempestade

Que poderia confundir o passarinho
Que guarda tanto afeto.
Sempre ouço isso na terra gelada
E no mais estranho Mar
Contudo,
no Extremo,
Ele pediu uma migalha – de Mim.

Emily Dickinson (1830-1886)

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Busca de uma Definição

Arthur Claude Strachan
Sempre o menor ato
possível
neste tempo de atos
maiores que a vida, um gesto
com o que passa

apenas sem ser visto. Um vento parco
perturbando uma fogueira, por exemplo,
que encontrei outro dia
acidentalmente

na parede de um museu. Apenas
nada: alguns retalhos
de branco
lançados ao acaso contra o negro rotundo
do fundo, somente
um gesto parco
tentando não ser

mais do que é. E mesmo assim,
não está aqui
e a meus olhos jamais será questão
de tentar simplificar o mundo
mas uma maneira de buscar um lugar
pelo qual entrar no mundo, uma forma de estar
presente entre as coisas
que não nos querem - mas que necessitamos
na medida em que nós necessitamos
de nós mesmos. Faz apenas um instante
que a bela mulher
que estava junto a mim
me havia confessado o quanto desejava
um filho e como o tempo
começava a lhe faltar. Resolvemos
escrever cada qual um poema
usando as palavras "um vento parco
perturbando uma fogueira". Desde então
nada tem significado tanto como o pequeno
ato
presente nestas palavras, o ato de tentar dizer

palavras
que apenas dizem nada. Até o final
quero igualar-me
a quanto o olhar
me traga, como se
no fim pudesse me ver
liberto
nas coisas
quase invisíveis

que nos conduzem junto a nós e todos
os filhos não nascidos
no mundo.

Paul Auster
Tradução: Raul Macedo

sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Numerado

Pamela Wells
Sei que sou um número.
Que número sou, não sei.

Sei que sou um elo ao infinito
ou de retorno ao princípio.

Se tudo for redondo, volto.
Se tudo plano, vou.

De qualquer modo, sou.

César de Araújo (1943-2005)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Textos para análise

Existiam poucos ilheenses de nascimento que já tivessem importância na vida da cidade. [...] De todo o [Nordeste] do Brasil descia gente para essas terras do Sul da Bahia. A fama corria longe, diziam que o dinheiro rodava na rua, que ninguém fazia caso, em Ilhéus, de prata de dois mil réis. Os navios chegavam entupidos de emigrantes, vinham aventureiros de toda a espécie, mulheres de toda a idade, para quem Ilhéus era a primeira ou a última esperança.
Jorge Amado. Terras do sem fim, 1943.

Bota o retrato do Velho outra vez,
Bota no mesmo lugar.
O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar.
(Haroldo Lobo e Marino Pinto, 1951.)
Cantada por Francisco Alves, essa música
se tornou um recurso de propaganda política do período.

Observem:
a) A letra da música faz referência ao candidato Getúlio Vargas

b) Na origem Vargas não passava de um representante das oligarquias que exerciam o poder político no Rio Grande do Sul, por intermédio do. Partido Republicano Rio-grandense, na ocasião liderado por Borges de Medeiros.
Circunstancias políticas projetaram o político gaúcho no cenário nacional, quando liderou a chapa de oposição – A Aliança Liberal – contra a candidatura de Julio Prestes. A vitória eleitoral deste último soma-se, entre outros fatores, à radicalização de setores da oficialidade jovem do Exército - os tenentes – levando a uma ruptura política conhecida como “Revolução de 1930”, que depôs o presidente Washington Luís, impediu a posse do candidato eleito Julio Prestes e colocou Getúlio Vargas no poder.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Lista dos papas ao longo da História

Século I
• 32 a 67 – São Pedro, (Betsaida).
• 67 a 76 – São Lino, (Túscia)
• 76 a 88 – Santo Anacleto, (Roma).
• 88 a 97 – São Clemente I, (Roma).
Século II
• 97 a 105 – Santo Evaristo, (Grécia.
• 105 a 115 – Santo Alexandre, (Roma).
• 115 a 125 – São Sisto I, (Roma).
• 125 a 136 – São Telésforo, (Grécia).
• 136 a 140 – Santo Higino, (Grécia).
• 140 a 155 – São Pio I, (Aquiléia).
• 155 a 166 – Santo Aniceto, (Síria).
• 166 a 175 – São Sotero, (Campânia).
• 175 a 189 – Santo Eleutério, (Epiro).
• 189 a 199 – São Vitor I, (África).
Século III
• 199 a 217 – São Zeferino, (Roma).
• 217 a 222São Calisto I, (Roma).
• 222 a 230Santo Urbano I, (Roma).
• 230 a 235São Ponciano, (Roma).
Renunciou
• 235 a 236Santo Antero, (Grécia).
• 236 a 250São Fabiano, (Roma).
• 251 a 253 São Cornélio, (Roma).
• 253 a 254São Lúcio I, (Roma).
• 254 a 257Santo Estevão I, (Roma).
• 257 a 258São Sisto II, (Grécia).
• 259 a 268São Dionísio, (Grécia).
• 269 a 274São Félix I, (Roma).
• 275 a 283Santo Eutiquiano, (Luni).
• 283 a 296São Caio, (Dalmácia).
Século IV
• 296 a 304São Marcelino, (Roma).
• 308 a 309São Marcelino I, (Roma).
• 309 a 309Santo Eusébio, (Grécia).
• 311 a 314São Melquíades, (África).
• 313 a 335São Silvestre I, (Roma).
• 336 a 336São Marcos, (Roma).
• 337 a 352São Júlio I, (Roma).
• 352 a 366Libério, (Roma).
• 366 a 384São Dâmaso I, (Espanha).
• 384 a 399São Sirício, (Roma).
Século V
• 399 a 401Santo Anastácio I (Roma).
• 401 a 417Santo Inocêncio I (Albania).
• 417 a 418São Zózimo (Grécia).
• 418 a 422São Bonifácio I (Roma).
• 422 a 432São Celestino I (Campânia).
• 432 a 440São Sisto III (Roma).
• 440 a 461São Leão Magno (Túscia).
• 461 a 468Santo Hilário (Sardenha).
• 468 a 482São Simplício (Tivoli).
• 483 a 492São Félix III (Roma).
• 492 a 496São Galásio I (África).
• 496 a 498Anastácio II (Roma).
Século VI
• 498 a 514São Símaco (Sardenha).
• 514 a 523São Hormisdas (Frosinone).
• 523 a 526São João I (Túscia).
• 526 a 530São Félix IV (III) (Sâmnio).
• 530 a 532Bonifácio II (Roma).
• 533 a 535João II (Roma).
• 535 a 536Santo Agapito I (Roma).
• 536 a 537São Silvério (Campânia).
• 537 a 555Vigílio (Roma).
• 556 a 561Pelágio I (Roma).
• 561 a 574João III (Roma).
• 575 a 579Bento I (Roma).
• 579 a 590Pelágio II (Roma).
Século VII
• 590 a 604São Gregório I (Roma).
• 604 a 607Sabiniano (Túscia).
• 607 a 608Bonifácio III (Roma).
• 608 a 615São Bonifácio IV (Marsi).
• 615 a 618São Adeodato I (Roma).
• 619 a 625Bonifácio V (Nápoles).
• 625 a 638Honório I (Campânia).
• 640 a 640Severino (Roma).
• 640 a 642João IV (Dalmacia).
• 642 a 649Teodoro I (Grécia).
• 649 a 655São Martinho I (Todi).
• 654 a 657Santo Eugênio I (Roma).
• 657 a 672São Vitaliano (Segni).
• 672 a 676Adeodato II (Roma).
• 676 a 678Dono (Roma).
• 678 a 681Santo Ágato (Sicília).
• 682 a 683São Leão II (Sicília).
• 684 a 685São Bento II (Roma).
• 685 a 686João V (Síria).
• 686 a 687Cônon (Sicília).
Século VIII
• 687 a 701São Sérgio I (Síris).
• 701 a 705João VI (Grécia).
• 705 a 707João VII (Grécia).
• 707 a 708Sisínio (Síria).
• 708 a 715Constantino I (Síria).
• 715 a 731São Gregório II (Roma).
• 731 a 741São Gregório III (Síria).
• 741 a 752São Zacarias (Grécia).
• 752 a 757Estevão II (Roma).
• 757 a 767São Paulo (Roma).
• 768 a 772Estevão III (Roma).
• 772 a 795Adriano I (Roma).
Século IX
• 795 a 816São Leão III (Roma).
• 816 a 817Estevão IV (Sicília).
• 817 a 824São Pascoal I (Roma).
• 824 a 827Eugênio II (Roma).
• 827 a 827Valentim I (Roma).
• 827 a 844Gregório IV (Roma).
• 844 a 847Sério II (Roma).
• 847 a 855São Leão IV (Roma).
• 855 a 858Bento III (Roma).
• 858 a 867São Nicolau I (Roma).
• 867 a 872Adriano II (Roma).
• 872 a 882João VIII (Roma).
• 882 a 884Mariano I (Gellese).
• 884 a 885Santo Adriano III (Roma).
• 885 a 891Estevão V (Roma).
• 891 a 896Formoso (Porto).
• 896 a 896Bonifácio VI (Roma).
• 896 a 897Estêvão VI (Roma).
• 897 a 897Romano (Gallese).
• 897 a 897Teodoro II (Roma).
• 898 a 900João IX (Tivoli).
Século X
• 900 a 903Bento IV (Roma).
• 903 a 903Leão V (Árdea).
• 904 a 911Sérgio III (Roma).
• 911 a 913Anastácio III (Roma).
• 913 a 914Lando (Sabina).
• 914 a 928João X (Tossignano).
• 928 a 928Leão VI (Roma).
• 929 a 931Estevão VII (Roma).
• 931 a 935João XI (Roma).
• 936 a 939Leão VII (Pavia).
• 939 a 942Estêvão VIII (Roma).
• 942 a 946Marino II (Roma).
• 946 a 955Agapito II (Roma).
• 955 a 964João XII (Roma).
• 963 a 965Leão VIII (Roma).
• 964 a 966Bento V (Roma).
• 965 a 972João XIII (Túsculo).
• 973 a 974Bento VI (Roma).
• 974 a 983Bento VII (Roma).
• 983 a 984João XIV (Roma).
• 985 a 996João XV (Roma).
• 996 a 999Gregório V (Saxônia).
Século XI
• 999 a 1003Silvestre II (Alvérnia).
• 1003 a 1004João XVII (Roma).
• 1004 a 1009João XVIII (Roma).
• 1009 a 1012Sérgio IV (Roma).
• 1012 a 1024Bento VIII (Túsculo).
• 1024 a 1032João XIX (Túsculo).
• 1032 a 1045Bento IX (Túsculo).
• 1045 a 1045Silvestre III (Roma).
• 1045 a 1046Gregório VI (Roma).
• 1046 a 1047Clemente II (Saxônia).
• 1047 a 1049Bento IX (novamente) (Túsculo).
• 1049 a 1049Dâmaso II (Baviera).
• 1049 a 1055São Leão IX (Egisheim-Dagsburg).
• 1055 a 1057Vitor II (Dolinstein-Hirschberg).
• 1057 a 1059Estêvão X (Lorena).
• 1059 a 1061Nicolau II (Borgonha).
• 1061 a 1073Alexandre II (Milão).
• 1073 a 1085São Gregório VII (Túscia).
• 1086 a 1087Beato Vitor III (Benevento).
• 1088 a 1099Beato Urbano II (França).
Século XII
• 1099 a 1118Pascoal II (Ravena).
• 1118 a 1119Gelásio II (Gaeta).
• 1119 a 1124Calisto II (Borgonha).
• 1123 a 1130Honório II (Fagnano).
• 1130 a 1143Inocêncio II (Roma).
• 1143 a 1144Celestino II (Castelo).
• 1144 a 1145Lucio II (Bolonha).
• 1145 a 1153Beato Eugênio III (Pisa).
• 1153 a 1154Anastácio IV (Roma).
• 1154 a 1159Adriano IV (Inglaterra).
• 1159 a 1181Alexandre III (Siena).
• 1181 a 1185Lúcio III (Lucca).
• 1185 a 1187Urbano III (Milão).
• 1187 a 1187Gregório VIII (Benevento).
• 1187 a 1191Clemente III (Roma).
• 1191 a 1198Celestino III (Roma).
Século XIII
• 1198 a 1216Inocêncio III (Anagni).
• 1216 a 1227Honório II (Roma).
• 1227 a 1241Gregório IX (Anagni).
• 1241 a 1241Celestino IV (Milão).
• 1243 a 1254Inocêncio IV (Gênova).
• 1254 a 1261Alexandre IV (Anagni).
• 1261 a 1264Urbano IV (Troyes).
• 1265 a 1268Clemente IV (França).
• 1271 a 1276Beato Gregório X (Placência).
• 1276 a 1276Beato Inocêncio V (Savóia).
• 1276 a 1276Beato Adriano V (Gênova).
• 1276 a 1277João XXI (Portugal).
• 1277 a 1280 Nicolau III (Roma).
• 1281 a 1285 Matinho IV (França).
• 1285 a 1287 Honório IV (Roma).
• 1288 a 1292 Nicolau IV (Ascoli).
• 1294 a 1294 São Celestino V (Isérnia).
Renunciou
• 1294 a 1303 Bonifácio VIII (Anagni).
Século XIV
• 1303 a 1304Beato Bento XI (Treviso).
• 1305 a 1314Clemente V (França).
• 1316 a 1334João XXII (Cahors).
• 1335 a 1342Bento XII (França).
• 1342 a 1352Clemente VI (França).
• 1352 a 1352Inocêncio VI (França).
• 1362 a 1370Bento Urbano V (França).
• 1370 a 1378Gregório XI (França).
Grande cisma do Ocidente - Papas Romanos
• 1378 a 1389Urbano VI (Nápoles).
• 1389 a 1404Bonifácio IX (Nápoles).
Século XV
• 1404 a 1406Inocêncio VII (Sulmona).
• 1406 a 1415Gregório XII (Veneza).
Renunciou
Papas depois do grande Cisma
• 1417 a 1431Martinho V (Roma).
• 1431 a 1447Eugênio IV (Veneza).
• 1447 a 1455Nicolau V (Sarzana).
• 1455 a 1458Calisto III (Valência).
• 1458 a 1464Pio II (Siena).
• 1464 a 1471Paulo II (Veneza).
• 1471 a 1484Sisto IV (Savona).
• 184 a 1492Inocêncio VIII (Gênova).
• 1492 a 1503Alexandre VI (Valência).
Século XVI
• 1503 a 1503Pio III (Siena).
• 1503 a 1513Júlio II (Savona).
• 1513 a 1521Leão X (Florença).
• 1522 a 1523Adriano VI (Ultrecht).
• 1523 a 1534Clemente VII (Florença).
• 1534 a 1549Paulo III (Roma).
• 1550 a 1555Júlio III (Roma).
• 1555 a 1555Marcelo II (Montepulciano).
• 1555 a 1559Paulo IV (Nápoles).
• 1559 a 1565Pio IV (Milão).
• 1566 a 1572São Pio V (Bosco).
• 1572 a 1585Gregório XIII (Bolonha).
• 1585 a 1590Sisto V (Grottammare).
• 1590 a 1590Urbano VII (Roma).
• 1590 a 1591Gregório XIV (Cremona).
• 1591 a 1591Inocêncio IX (Bolonha).
Século XVII
• 1592 a 1605Clemente VIII (Florença).
• 1605 a 1605Leão XI (Florença).
• 1605 a 1621Paulo V (Roma).
• 1621 a 1623Gregório XV (Bolonha).
• 1623 a 1644Urbano VIII (Florença).
• 1644 a 1655Inocêncio X (Roma).
• 1655 a 1667Alexandre VII (Siena).
• 1667 a 1669Clemente IX (Pistóia).
• 1670 a 1676Clemente X (Roma).
• 1676 a 1689Beato Inocêncio XI (Roma).
• 1689 a 1691Alexandre VIII (Veneza).
• 1691 a 1700Inocêncio XII (Nápoles).
Século XVIII
• 1700 a 1721Clemente XI (Urbino).
• 1721 a 1724Beato Inocêncio XIII (Roma).
• 1724 a 1730Bento XIII (Roma).
• 1730 a 1740Clemente XII (Florença).
• 1740 a 1758Bento XIV (Bolonha).
• 1758 a 1769Clemente XIII (Veneza).
• 1769 a 1774Clemente XIV (Rimini).
• 1775 a 1799Pio VI (Cesana).
Século XIX
• 1800 a 1823Pio VII (Cesena).
• 1823 a 1829Leão XII (Fabriano).
• 1829 a 1830Pio VIII (Cingoli).
• 1831 a 1846Gregório XVI (Belluno).
• 1846 a 1878Pio IV (Sinigáglia).
• 1878 a 1903Leão XIII (Carpineto).
Século XX
• 1903 a 1914São Pio X (Riese).
• 1914 a 1922Bento XV (Gênova).
• 1922 a 1939Pio XI (Milão).
• 1939 a 1958Pio XII (Roma).
• 1958 a 1963João XXIII (Sotto II Monte).
• 1963 a 1978Paulo VI (Consesio).
• 1978 a 1978João Paulo I (Belluno).
• 1978 a 2005João Paulo II (Polônia).
Século XXI
• 2005 a 2013Bento XVI (Alemanha). Renunciou
• 2013 aos dias atuaisFrancisco (Argentina)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Volto a mergulhar no meu jardim

Carl Schweninger
Volto a mergulhar no meu jardim
que os jardins onde andei não me comportam
rosas estéreis metálicas frias
carnívora flor
do vazio.

Nydia Bonetti

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Abismo

Olho o Tejo, e de tal arte
Que me esquece olhar olhando,
E súbito isto me bate
De encontro ao devaneando —
O que é sério, e correr?
O que é está-lo eu a ver?
Sinto de repente pouco,
Vácuo, o momento, o lugar.
Tudo de repente é oco —
Mesmo o meu estar a pensar.
Tudo — eu e o mundo em redor —
Fica mais que exterior.
Perde tudo o ser, ficar,
E do pensar se me some.
Fico sem poder ligar
Ser, ideia, alma de nome
A mim, à terra e aos céus...
E súbito encontro Deus.

Fernando Pessoa (1888-1935)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Choro de vagas

Ludmila Curilova
Não é de águas apenas e de ventos,
No rude som, formada a voz do Oceano.
Em seu clamor – ouço um clamor humano;
Em seu lamento – todos os lamentos.
São de náufragos mil estes acentos,
Estes gemidos, este aiar insano;
Agarrados a um mastro, ou tábua, ou pano,
Vejo-os varridos de tufões violentos;
Vejo-os na escuridão da noite, aflitos,
Bracejando, ou já mortos e debruços,
Largados das marés, em ermas plagas…
Ah! que são deles estes surdos gritos,
Este rumor de preces e soluços
E o choro de saudades destas vagas!

Alberto de Oliveira (1857-1937)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Doação de si mesmo

Rarindra Prakars
O sopro da esperança
talvez não dure.
O sopro da promessa
talvez não dure.
Mas o sopro da
doação de si mesmo
dura para sempre.

Sri Chinmoy Kumar Ghose (1931-2007)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Hermann Hesse

Hermann Hesse e sua neta Hellen Geerlin-Hesse
Nobel de Literatura, Hermann Hesse é um dos mais importantes escritores alemães do século 20 e sua obra provoca uma espécie de culto místico. O autor do romance “O Lobo da Estepe” quis mudar-se para o Brasil e, depressivo, foi paciente de J. B. Lang e de C. G. Jung.
Nasceu em 2 de julho de 1877 e foi o escritor alemão mais lido do século 20. Hermann Hesse não aceitou e muito menos se conformou com o ambiente no qual nascera e crescera. Muito cedo deu mostras de rebeldia contra a “camisa de força” que lhe fora imposta pelo ambiente petista (movimento religioso de inspiração protestante). No círculo familiar sua rebeldia contra a extremada religiosidade causou tanto incompreensão quanto preocupação, pois os Hesse, por gerações, eram crentes convictos, engajados na igreja, em serviços missionários e na publicação de literatura religiosa.
Portanto, o jovem foi a primeira ovelha negra de uma linhagem familiar que não conhecia nada além do sacrifício à religião. Mais tarde, Hermann Hesse registrou em seu diário uma observação que explica um dos motivos de sua rebeldia adolescente: “Que pessoas encarem a sua vida como vassalas de Deus e que procurem, isentas de qualquer impulso egoístico, viver a serviço e sacrifício para com Deus foi uma vivência da minha juventude que me influenciou profundamente”.
Hermann Hesse foi um homem que, durante toda a sua vida, teve que lutar contra dúvidas, anseios e aflições. Durante toda a sua vida, Hesse foi um solitário que não suportava pessoas por muito tempo ao seu redor. Mesmo suas mulheres — teve três —, só as tolerava a certa distância. Em sua obra “O Lobo da Estepe” (best seller também no Brasil), Hesse registrou uma frase elucidativa: “Solidão é independência, com ela eu sempre sonhara e a obtivera afinal após tantos anos”.
Para compreender a beleza, a profundidade e o sentido da obra literária de Hermann Hesse é preciso entranhar-se nos labirintos da alma do autor. Sua vida é bem documentada, o que vale para os seus ancestrais tanto da linhagem paterna, os Hesse, como da materna. Os bisavós tinham o hábito de guardar todo e qualquer papel, por mais insignificante que fosse. Cartas, apontamentos, cartões postais, simples bilhetes — tudo era guardado. O mesmo costume tinham também os avós e seus pais. Graças a esse cuidado, os registros, documentos e demais fontes de informações existentes sobre a ascendência de Hesse são amplas. A dedicação à literatura e à arte de escrever já eram hábitos que existiam nos dois ramos familiares de seus ancestrais.
Começou a escrever durante os seus estudos preliminares. Datam desse período vários dramas, entre eles um sobre Pedro, o Grande. Ampla era a sua vocação para as línguas.
Durante a sua formação, estudou latim, grego, hebraico, inglês, francês, italiano, indu e malaiala. Terminados os estudos, passou um período na Inglaterra e de lá partiu para Tschi­rakal, na Índia, onde inicialmente trabalhou como professor. Não demorou, interessou-se por atividades missionárias e ocupou-se da área de seu interesse, as línguas. Estudou vários dialetos indus, traduziu a Bíblia do latim para o malaiala e compilou o primeiro dicionário inglês-malaiala, trabalho que lhe custou mais de 30 anos de pesquisa e continua sendo obra básica até os dias de hoje. No Estado de Kerala, na Índia, fundou um jornal, escreveu livros escolares, traduziu obras do sânscrito para o malaiala, inclusive um documento budista dos primeiros séculos da era cristã. Casou-se, na Índia, com Julie Dubois, filha de calvinistas da região de Genebra, com quem teve dez filhos, entre os quais Marie Gundert, a mãe de Hermann Hesse. Julie Dubois (avó de Hermann Hesse) nunca chegou a falar e escrever o alemão corretamente, mas, além de sua língua materna, o francês, dominava perfeitamente o inglês e o indu e vários dialetos. Cultivava uma vida ascética, era rigorosa e intransigente.
Regressou à Alemanha em 1859 e assumiu uma editora de literatura religiosa. Viveu em Calw por mais 33 anos, dedicou grande parte desse tempo às pesquisas linguísticas.
Publicou vários livros, entre os quais encontra-se uma biografia sobre o naturalista inglês David Livingstone. Falava um inglês impecável, razão pela qual os pais de Hermann Hesse costumavam comunicar-se em inglês.
Os primeiros intensos abalos psíquicos que Hermann sofreu aconteceram durante seus primeiros quatro anos de ensino elementar na escola que frequentava com o irmão mais novo, Hans (1882-1935). Os métodos educacionais eram rígidos.
Castigos corporais eram medidas usuais aceitas tanto pelos pais como pelas autoridades. Abusos, com graves lesões corporais, eram frequentes e impunes. Hans sofreu um trauma escolar em virtude dos métodos educacionais pelos quais passou e do qual não conseguiu livrar-se durante o resto de sua curta vida, que terminaria em suicídio. Hermann Hesse abordou essa tragédia nos livros “Demian”, “O Jogo das Contas de Vidro” e “Debaixo das Rodas”. Nessa a personagem principal, Hans Gie­benrath, em referência a seu irmão morto, é retratada como vítima dos métodos educacionais. Nessa obra encontra-se a seguinte passagem: “A escola é a única instituição cultural que, apesar de levar a sério, me irrita. Em mim a escola estragou muita coisa e conheço poucas personalidades que não passaram pela mesma experiência. Para sobreviver nesse ambiente você precisa aprender a mentir e o irmão Hans era um menino sério e é por isso que na escola quase o mataram, quebraram-lhe a espinha dorsal”.
Em 1891, o pai matriculou Hermann Hesse, de 14 anos, no renomado mosteiro de Maulbronn, onde o avô materno estudara.
“Serei escritor ou nada”
Em Maulbronn, o seminarista Hermann Hesse redigiu algumas peças de teatro em latim — que ele mesmo ensaiava com colegas e as apresentava aos alunos internos. Suas cartas aos pais eram em forma de rima e muitas em latim. Ele gostava do ambiente, mas vivia com receio de acabar virando missionário. Resolveu enfrentar o pai escrevendo-lhe uma carta com uma frase derradeira: “Serei escritor ou nada”.
Depois de sete meses em Maulbronn, Hesse fugiu do internato. Só foi encontrado dois dias depois, confuso e transtornado. Após uma tentativa de suicídio, foi internado numa clínica psiquiátrica. Após o tratamento, ingressou num ginásio em Cannstatt, um bairro de Stuttgart. Não suportando o ambiente escolar, Hermann deixou o estabelecimento e começou a trabalhar numa livraria em Esslingen, onde suportou apenas três dias.
Regressou à casa dos pais e foi trabalhar como aprendiz na firma Perrot, que fabricava relógios para torres de igreja. Permaneceu no emprego por um ano e meio. Durante esse período, aos 17 anos, Hermann Hesse falava seriamente de planos para emigrar para o Brasil, assunto frequente nos seus apontamentos e escritos.
O relacionamento com a mãe Marie era normal e Hermann costumava dizer que a amava. O relacionamento sofreu uma ruptura abrupta numa época em que Hermann já publicara textos, comentários e seu nome já era conhecido. Hermann redigiu um pequeno texto com o título “Minha Mãe”, convencido de que ela o apreciaria. Enganou-se. A mãe, num gesto indelicado, humilhou e reduziu a nada o trabalho do filho. Passado mais de meio século, Hesse recordou com amargura do episódio e disse nunca ter perdoado a mãe.
A partir desse episódio a vida de Hermann Hesse transforma-se numa roda viva.
Entre 1905 e 1911 nascem os seus três filhos, Bruno, Heiner e Martin. Para distrair-se Hermann Hesse pratica a jardinagem. Na área que circunda a casa, Hesse planta árvores, arbustos e cultiva rosas. Muito do que plantou na época continua a vicejar até hoje sob os cuidados de uma sociedade mantenedora que tem o zelo de conservar a propriedade e cultivar as mesmas plantas, rosas e flores que Hesse cultivara.
Em 1911 Hesse parte para uma viagem à Índia. Queria conhecer o lugar no qual a mãe nascera e onde os pais trabalharam. A viagem estende-se à Indonésia e à China. Ao regressar publica “Da Índia”. Essa viagem à Índia o decepciona por não encontrar lá o que os pais idolatravam.
Enquanto isso Maria Bernoulli começa a ter problemas psíquicos. Hermann Hesse demonstra não ser capaz de lidar e viver com uma situação dessas. Chega à conclusão que, para dar continuidade à sua ocupação literária, precisa de sossego. Maria é internada num hospital psiquiátrico e os três filhos são entregues à tutela de parentes e amigos. Resolve mudar-se para a Suíça.
No início da Primeira Guerra Mundial, Hermann Hesse se engaja em projetos e serviços humanitários. Um de seus trabalhos foi a criação de um grupo que se ocupou com a remessa de livros para presos em campos de concentração. Em 1915 publica “Knulp”, obra na qual o autor mostra ao leitor o quanto o homem depende de convenções sociais.
Em 1916 Hermann Hesse é acometido de uma crise nervosa que o prende por meses no sanatório Sonnmatt, em Lucerna, na Suíça. Tem início uma profunda amizade com o psicanalista J. B. Lang. Nesse estado de espírito publica um artigo contra a guerra sob o pseudônimo de Emil Sinclair e começa a ocupar-se regularmente com a pintura aquarelista.
O Guru dos Hippies
Aquarela - Hermann Hesse
Em 1919 publica “O Regresso de Zaratustra”, obra dirigida aos jovens. Ainda em 1919 Hesse publica “Demian”, sob o pseudônimo de Emil Sinclair, e faz amizade com Ruth Wenger, com a qual acaba se casando. O casamento dura apenas três anos, de 1924 a 1927. Em 1921 Hesse começa a escrever “Sidarta”, o qual teve que interromper em virtude de um bloqueio psíquico. Hesse cai em profunda depressão. Começa a sua segunda análise psicanalítica, dessa vez, com o renomado psiquiatra C. G. Jung. Em 1922 termina e publica “Sidarta”, sobre o qual Henry Miller escreveu: “Sidarta é, para mim, um medicamento mais eficiente do que o Novo Testamento”.
Nesse entretempo Hesse publicou várias obras, entre elas, “O Lobo da Estepe” (1927).
Em 1943, doze anos após iniciá-lo, publica sua obra máxima “O Jogo das Contas de Vidro”. Em 1946 Hermann Hesse é agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura.
Hermann Hesse ainda era vivo e sua obra já tinha sido traduzida para 34 idiomas. “Parece-me que os japoneses são os que melhor me entendem e os que menos me entendem são os americanos. Mas esse também não é o meu mundo. Nunca chegarei lá”, comentou logo após ter recebido o Nobel.
Passados dez anos, as obras de Hermann Hesse tornaram-se sucesso também nos Estados Unidos quando a juventude hippie, à procura de novas alternativas de vida, confrontou-se com os textos de Hesse, este passou a ser visto como uma espécie de guru. Outro fator que contribuiu para o sucesso de Hesse nos Estados Unidos foi a banda “Steppenwolf” (Lobo da Estepe), que adotou o nome do livro e fez com que a obra influenciasse várias gerações.
Hermann Hesse, além de dedicar-se a seus textos, empenhava grande parte de seu tempo em responder cartas de leitores. Nesse particular, supera Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), o grande autor clássico da literatura alemã, que escreveu mais de 30 mil cartas. Hermann Hesse escreveu mais de 40 mil, a maioria delas ainda estão preservadas. Não apenas trocava correspondência com renomados homens da literatura, como Thomas Mann, Stefan Zweig e Romain Rolland, mas também com políticos, chefes de Estado e com milhares de leitores que lhe escreviam pedindo conselhos ou ajuda para problemas da alma humana. Hesse fazia questão de responder pessoalmente às cartas que recebia.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Hoje é carnaval

Frederick Hendrik Kaemmerer
É
Dia
De samba,
De alegria.
Danço nos meus sonhos,
Visto a fantasia de arco-íris,
Deixo o tamborim me levar,
Do amor sigo o ritmo...
Colombina
Me chama
E eu
Vou.

Mardilê Friedrich Fabre

O mundo que venci deu-me um amor

Arthur John Elsley
O mundo que venci deu-me um amor,
Um troféu perigoso, este cavalo
Carregado de infantes couraçados.
O mundo que venci deu-me um amor
Alado galopando em céus irados,
Por cima de qualquer fosse de sexo.
O mundo que venci deu-me um amor,
Amor feito de insulto e pranto e riso,
Amor que força as portas dos infernos,
Amor que galga o cume ao paraíso.
Amor que dorme e treme. Que desperta
E torna contra mim, e me devora
E me rumina em cantos de vitória...

Mário Faustino (1930-1962)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Nova versão para atentado contra João Paulo II

Após passar 30 anos preso, na Itália e na Turquia, por tentar assassinar o papa e por outros crimes, o turco fundamentalista Mehmet Ali Agca, diz que disparou por influência e ordem do Aiatolá Khomeini (1900-1989) , que lhe prometera o paraíso se matasse o pontífice, que seria o porta-voz do diabo na terra.
Além de pedir a Agca para assassinar o líder da Igreja Católica, Khomeini, teria pedido ao turco para cometer suicídio afim de não sofrer tentações, fazendo revelações comprometedoras que ofuscariam sua atitude. Dissera também que a morte de João Paulo II seria o prelúdio da vitória do islã no mundo.
No livro que Agca faz as revelações, também há espaço para outras particularidades da conversa que teve com João Paulo II, em 27 de dezembro de 1983. Na visita à prisão de Rebibbia, quando o pontífice perdoou seu algoz. Na recente versão Agca, enuncia que foi convidado pelo papa a revelar quem havia encomendado sua morte, assegurando que a informação permaneceria em segredo, na mesma ocasião teria convidado o prisioneiro a se converter ao cristianismo.
As revelações de Agca são contestadas pelo Vaticano, seu porta-voz, padre Federico Lombardi, diz que são inverdades as referências a Khomeini durante o encontro celebrado em 1983, bem como o convite para que o muçulmano se convertesse ao cristianismo. Segundo ele o cardeal Stanislaw Dziwisz, na época secretário papal, assegura que a conversa não ocorreu como descrita pelo turco.
Reinaldo Batista Cordova

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Procura incerta

Anselm Feuerbach
A beleza sempre se esconde
Na incerteza de qualquer procura.
Apenas no mais profundo da alma,
Quem a tem pura, pode encontrá-la!

Jaak Bosmans

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O Girassol

Quando o sol nasce em pompa radioso
De luz banhando o universo inteiro,
O girassol desperta no canteiro
Para seguir-lhe o rastro luminoso.

E fica assim, à terra preso e em gozo,
Apesar da distância o rotineiro,
Corola aberta ao beijos do luzeiro,
Cada vez mais distante e mais formoso.

Comparo o girassol à nossa lida;
Cada vez a distância é mais sentida
No infinito do espaço em que vivemos.

Maurílio Leite (1904-1939)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

200 anos de 'Orgulho e Preconceito'

Já se passaram 200 anos desde a primeira publicação de "Orgulho e Preconceito", obra à qual sua autora, Jane Austen (1775-1817), se referia como "seu filho querido", mas sua popularidade continua vigente graças às incontáveis adaptações televisivas e cinematográficas.
Uma pesquisa realizada em 2003 pela BBC concluiu que "Orgulho e Preconceito" é o segundo romance preferido dos britânicos, depois de "O senhor dos anéis".
Publicado pela primeira vez no final de janeiro de 1813, a história da paixão de Fitzwilliam Darcy, um aristocrata britânico soberbo, pela jovem Elizabeth 'Lizzie' Bennet, apesar de sua diferença social, "continua sendo um dos romances mais apreciados da literatura inglesa de todos os tempos", afirma Janet Todd, professora da Universidade de Cambridge, que organiza em junho uma conferência sobre o tema.
"Orgulho e Preconceito", explica Marilyn Joice, membro da Sociedade Jane Austen no Reino Unido, "pode ser lido em vários níveis".
"Pode-se ler como uma versão romântica de Cinderela, uma comédia ou uma crítica social aos problemas que enfrentavam as mulheres no mesmo estrato social de Austen", declarou à BBC.
"O livro é escrito de maneira às vezes mordaz, geralmente com uma ironia sutil, ou seja, não é necessário ser um acadêmico para tirar algo dele", concluiu”.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Religião e Espiritualidade

Diferenças entre Religião e Espiritualidade
Claude Théberge
⇒ A religião não é apenas uma, são centenas.
⇒ A espiritualidade é apenas uma.
⇒ A religião é para os que dormem.
⇒ A espiritualidade é para os que estão despertos.

⇒ A religião é para aqueles que necessitam
que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.
⇒ A espiritualidade é para os que
prestam atenção à sua Voz Interior.
⇒ A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
⇒ A espiritualidade te convida
a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.

⇒ A religião ameaça e amedronta.
⇒ A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
⇒ A religião fala de pecado e de culpa.
⇒ A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro".

⇒ A religião reprime tudo, te faz falso.
⇒ A espiritualidade transcende tudo,
te faz verdadeiro!
⇒ A religião não é Deus.
⇒ A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.

⇒ A religião inventa.
⇒ A espiritualidade descobre.
⇒ A religião não indaga nem questiona.
⇒ A espiritualidade questiona tudo.

⇒ A religião é humana, é uma organização com regras.
⇒ A espiritualidade é Divina, sem regras.
⇒ A religião é causa de divisões.
⇒ A espiritualidade é causa de União.

⇒ A religião lhe busca para que acredite.
⇒ A espiritualidade você tem que buscá-la.
⇒ A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
⇒ A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.

⇒ A religião se alimenta do medo.
⇒ A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.
⇒ A religião faz viver no pensamento.
⇒ A espiritualidade faz Viver na Consciência.

⇒ A religião se ocupa com fazer.
⇒ A espiritualidade se ocupa com Ser. ⇒ A religião alimenta o ego.
⇒ A espiritualidade nos faz Transcender.

⇒ A religião nos faz renunciar ao mundo.
⇒ A espiritualidade nos faz viver em Deus,
não renunciar a Ele.
⇒ A religião é adoração.
⇒ A espiritualidade é Meditação.

⇒ A religião sonha com a glória e com o paraíso.
⇒ A espiritualidade nos faz viver
a glória e o paraíso aqui e agora.
⇒ A religião vive no passado e no futuro.
⇒ A espiritualidade vive no presente.

⇒ A religião enclausura nossa memória.
⇒ A espiritualidade liberta nossa Consciência.
⇒ A religião crê na vida eterna.
⇒ A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.

⇒ A religião promete para depois da morte.
⇒ A espiritualidade é encontrar Deus
em Nosso Interior durante a vida.

Guido Nunes Lopes

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Tenho uma coisa para te entregar

Ilustração de Renée Nault
Tenho uma coisa para te entregar,
uma pedra a pôr no chão da rua,
uma lunar presença sob o sol.

Tenho uma coisa para te devolver,
para ficar minha sendo tua,
aquecida no tempo e nestes olhos.

Tenho uma coisa que eu te posso dar
que é o vento a vir atrás do verde
e a dizer azul no teu cabelo.

Pedro Tamen

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Soneto Antigo

Thomas Couture
Esse estoque de amor que acumulei
Ninguém veio comprar a preço justo.
Preparei meu castelo para um rei
Que mal me olhou, passando, e a quanto custo.

Meu tesouro amoroso há muito as traças
Comeram, secundadas por ladrões.
A luz abandonou as ondas lassas
De refletir um sol que só se põe

Sozinho. Agora vou por meus infernos
Sem fantasma buscar entre fantasmas.
E marcho contra o vento, sobre eternos
Desertos sem retorno, onde olharás
Mas sem o ver, estrela cega, o rastro
Que até aqui deixei, seguindo um astro.

Mário Faustino (1930-1962)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Canção da flor da pimenta

Johan Swanepoel
A flor da pimenta é uma pequena estrela,
fina e branca,
a flor da pimenta.

Frutinhas de fogo vêm depois da festa das estrelas.
Frutinhas de fogo.

Uns coraçõezinhos roxos, áureos, rubros, muito ardentes.
Uns coraçõezinhos.

E as pequenas flores tão sem firmamento jazem longe.
As pequenas flores...

Mudaram-se em farpas, sementes de fogo tão pungentes!
Mudaram-se em farpas.

Novas se abrirão, leves, brancas, puras, deste fogo,
muitas estrelinhas...

Cecília Meireles (1901-1964)