quarta-feira, 31 de agosto de 2011

∗ Língua portuguesa∗

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac (1865-1918)

Trabalho

Mário Martins - Mártio

O trabalho
envaidece,
enobrece,
enriquece,
aborrece,
entristece,
empobrece,
enlouquece.

O trabalho,
Excita,
Adapta,
Revolta,
Maltrata,
Machuca,
Tortura,
Amputa. . .

O trabalho,
Alicerça,
Esmera,
Estressa,
Acessa,
Acelera,
Aglomera,
Encarcera. . .

O trabalho,
Conduz,
Evolui,
Seduz,
Constitui.
Induz,
Influi,
Prostitui.

O trabalho,
democratiza,
socializa,
contabiliza,
capitaliza,
mecaniza,
materializa,
escraviza.

Araken dos Santos,
Paradoxos do Labor, 2001.
(In: Araújo, Bridi, Motim. Sociologia, um olhar Crítico.
SP: Contexto, 2009)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Várias Vozes

John Willian Waterhouse
O Teu Olhar nos Meus Olhos

Sempre onde tu estás
Naquilo que faço
Viras-te agarras os braços

Toco-te onde te viras
O teu olhar nos meus olhos

Viro-me para tocar nos teus braços
Agarras o meu tocar em ti

Toco-te para te ter de ti
A única forma do teu olhar
Viro o teu rosto para mim

Sempre onde tu estás
Toco-te para te amar olho para os teus olhos.

Harold Pinter (1930-2008)

domingo, 28 de agosto de 2011

A Torre

Que fazer com este absurdo —
Oh coração, Oh inquieto coração — esta caricatura,
Esta decrépita idade que me ataram
Como à cauda de um cão?
Nunca tive
Mais exaltada, apaixonada, fantástica
Imaginação, nem olhos e ouvidos
Que mais esperassem o impossível —
Não, nem na infância quando com cana e mosca,
Ou o mais humilde dos vermes, subia a encosta de Ben Bulben
E tinha onde passar o interminável dia de Verão.
Parece que tenho de despedir a Musa,
Eleger como amigos Platão e Plotino
Até que a imaginação, olhos e ouvidos,
Se satisfaçam com a argumentação e lidem
Com o abstrato; ou permitir a troça
Como se levasse um tacho velho nos calcanhares.

William Butler Yeats (1835-1939)
Fragmento
Tradução: José Agostinho Baptista

Haikai

Doce encantamento:
o mundo, o carinho, a paz
cabem num abraço.

Delores Pires

Posteridade

Svetlana Valueva
Máquina alguma de poupar trabalho
Eu fiz, nada inventei,
Nem sou capaz de deixar para trás
Nenhum risco donativo
Para fundar hospital ou biblioteca,
Reminiscência alguma
De um ato de bravura pela América,
Nenhum sucesso literário ou intelectual,
Nem mesmo um livro bom para as estantes
- apenas uns poucos canto
vibrando no ar eu deixo
aos camaradas e amantes.

Walt Whitman (1819-1892)

sábado, 27 de agosto de 2011

Walt Whitman

Richard S. Johnson
Neste momento terno e pensativo
Aqui sentado a sós
Sinto que existem noutras terras outros homens
Ternos e pensativos,
Sinto que posso dar uma espiada
Por cima e avistá-los
Na França, Espanha, Itália e Alemanha
Ou mais longe ainda
No Japão, China ou Rússia,
Falando outros dialetos,
E sinto que se me fosse possível
Conhecer esses homens
Eu poderia bem ligar-me a eles
Como acontece com homens de minha terra,
Ah e sei que poderíamos
Ser irmãos ou amantes
E que com eles eu estaria feliz.

Walt Whitman (1819-1892)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A vida é um campo fecundo

A vida é um campo fecundo de bambus ao vento
nasce do chão mais profundo
da raiz brota a pele
da terra, os pés
do sol, cabeças
do vento, sonhos.

Pensamentos são levados por entre mares de folhas
em viagens telúricas
animadas por
luas aquecidas
em sóis distantes.
Mensagem do último eclipse:
bambu não viceja sozinho.

Otagaki Rengetsu (1791-1875) )

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Coco Chanel (1883-1971)

Gabrielle Bonheur Chanel, a estilista francesa que revolucionou o mundo da moda sob o nome de Coco Chanel, foi uma espiã nazista, segundo uma nova biografia lançada nesta terça-feira nos Estados Unidos. Segundo a editora Knopf, "Chanel era mais do que uma simples simpatizante e colaboradora dos nazistas. Era uma agente numerada que trabalhava para a Abwehr, a inteligência militar alemã".
Sleeping with the Enemy: Coco Chanel's Secret War (Dormindo com o Inimigo, com lançamento pela Companhia das Letras previsto para meados de setembro), livro escrito pelo jornalista americano Hal Vaughan, aborda detalhes do envolvimento da francesa com os nazistas, como seu número de agente na Abwehr, o F-7124.
Após buscar material em arquivos no Reino Unido, Alemanha, França e Estados Unidos, o jornalista, que integrou o Exército americano na Segunda Guerra Mundial, revela pela primeira vez documentos que detalham as extensas atividades de Chanel durante o conflito ocorrido entre 1939-1945.
De acordo com Vaughan, Chanel cumpriu missões para o serviço de inteligência nazista em Madri e Berlim, ao lado de seu amante, o oficial Hans Gunther Von Dincklage, algumas delas em nome do general da SS Walter Schellenberg, mão direita do comandante-chefe Heinrich Himmler.
A nova biografia revela a origem do antissemitismo da estilista e como ela foi recrutada para a inteligência nazista. Além disso, explica como Coco Chanel utilizou sua posição de espiã para receber favores, como a libertação de seu sobrinho detido e a tentativa de se apropriar dos bens de sócios judeus de sua marca.
O livro também revela como a rainha da moda conseguiu escapar da morte quando foi detida e posteriormente liberada em Paris, cidade na qual morreu, aos 71 anos, após nove anos de exílio na Suíça para recuperar sua reputação e reinventar a marca com a qual revolucionou o mundo da moda.
Fonte: Revista Veja

Filosofia

Henri Matisse

A realidade é apenas
um milagre da nossa fantasia...

Transforma numa Eternidade
o teu rápido instante de alegria!
Ama, chora, sorri... e dormirás sem penas,
porque foi bela a tua realidade.

Ronald de Carvalho (1893-1935)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

7 (sete)

Guilherme de Faria
Este poema exigiu 7 folhas de papel.
Para escrevê-lo já fumei raivosamente 7 cigarros
e rasguei-o 7 vezes.
7 é um mau número: é o número 13 da minha vida.
Segundo várias aritméticas, não é divisível por 2,
e eu tenho horror a todos os números (e a todas as coisas)
não divisíveis por 2.
Sexta-feira, 7...
Isto hoje não acaba bem...
Vai a chuva ficar chovendo para sempre.
O meu relógio vai continuar disparado,
marcando horas inexistentes.
Ah se os ponteiros andassem para trás!
Ah se ao menos a chuva chovesse para cima
e eu fizesse destes nulos versos
uma folha noturna e molhada!

Abgar Renault (1901-1995)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Chuva de ouro

As begônias estão chovendo ouro,
suspendidas dos galhos da oiticica.
O chão, de pólen, vai ficando louro
e o bosque inteiro redourado fica.

Dir-se-á que se dilui todo um tesouro.
Nunca a floresta amanheceu tão rica.
As begônias estão chovendo ouro,
penduradas nos galhos da oiticica.

Bando de abelhas através do pólen
zinindo num brilhante fervedouro,
as curvas asas transparentes bolem.

E, enquanto giram num bailado belo,
as begônias estão chovendo ouro.
Formosa apoteose do amarelo!

Sosígenes Costa (1901-1968)

Soneto nº 15

Maximilian Lenz

É gentil, é prendada a minha Altéia;
As graças, a modéstia do seu rosto
Inspiram no meu peito maior gosto
Que ver o próprio trigo quando ondeia.
Mas, vendo o lindo gesto de Dircéia,
A nova sujeição me vejo exposto;
Ah! que é mais engraçado, mais composto
Que a pura Esfera, de mil astros cheia!
Prender as duas com grilhões estreitos
É uma acção, (ó Deuses), inconstante,
Indigna dos sinceros, nobres peitos.
Cupido, se tens dó de um triste amante,
Ou forma de Lorino dous sujeitos,
Ou forma desses dous um só semblante.

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)

Interpretação:
Neste soneto, ele já havia sido deportado e já não tinha a mesma memória da aparência de Marília em sua mente. Nesta parte ele fala de outras mulheres para servir como comparação, comparação entre essas novas mulheres e Marília. Estas mulheres podiam ser reais ou fantasias de Dirceu. Dirceu fala sobre sua Altéia, fala o que sente. Mas ele quer as duas, quer as duas em sua vida e em seus braços, exemplo disto é quando ele fala "Prender as duas com grilhões estritos".
Características do Arcadismo:
✓ Idealização da mulher amada: Querer quem ele ama ao seu lado.
✓ Mitologia Greco-Romana: Quando ele fala do cupido.
Situação Histórica:
✓ Dirceu não está mais no Brasil. E expressa ainda mais a saudade da sua amada.
✓ Após a descoberta da participação de Tomás na Inconfidência Mineira, Tomás foi deportado e exilado em Moçambique.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Este meu coração

Frida Kahlo
Este mesmo coração
irresponsável
que se desmantela
em batidas
por ti,
um dia vai deixar
de bater
por mim.

Ademir Antonio Bacca

80 anos de Ruy Guerra

Ruy Guerra (Maputo, antiga Lourenço Marques, 22 de Agosto de 1931) é um realizador de cinema, poeta, dramaturgo e professor nascido em Moçambique, então território português. Vive no Brasil desde 1958.
Ingressando nas fileiras do Cinema Novo, em 1964 realizou seu melhor filme, “Os Fuzis”, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim de 1964. As outras produções da mostra datam da volta do exílio em diante: “Os Deuses e os Mortos” (1970), “Ópera do Malandro” (1986), “Kuarup” (1989), “Estorvo” (2000) e “O Veneno da Madrugada” (2004).
Foi casado com a atriz Leila Diniz com quem teve uma filha, Janaína Diniz Guerra, nascida em 1971. Foi também casado com a atriz Cláudia Ohana com quem teve uma filha, Dandara Guerra, nascida em 1983.
Rui Guerra tem também um importante trabalho como letrista de canções compostas em parceria com Chico Buarque, Carlos Lira, Edu Lobo, Francis Hime e Sergio Ricardo.

domingo, 21 de agosto de 2011

Campinas -'cidade das andorinhas'

Campinas foi no passado conhecida como "terra das andorinhas". A foto acima da década 1910 mostra as andorinhas no extinto Mercado das Hortaliças - edificado em agosto de 1886 e demolido em abril de 1956.
A fama nacional foi reconhecida depois que Rui Barbosa visitou Campinas em 1914. Hospedou-se com a mulher, Maria Augusta, em casa de seu primo, o barão Geraldo de Rezende. O Centro de Memória da Unicamp com uma fotografia que registra a reunião da família do barão.
Ruy Barbosa assistiu aos voos rasantes das aves no Largo das Andorinhas, no Centro. Em uma só tarde, um pesquisador da época chegou a estimar 30 mil andorinhas. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras, Rui Barbosa escreveu a crônica 'As Andorinhas de Campinas', que foi lida no Centro de Ciências, Letras e Artes na ocasião da visita.
Pouco se veem as andorinhas hoje em dia em Campinas. As gerações que perderam o espetáculo das aves, que ocorria todos os anos, do começo do século até a década de 50, ficaram apenas com as homenagens feitas aos pássaros, como as calçadas de mosaico português com desenhos de andorinhas voando, a pintura dos ônibus coletivos e táxis, o Largo das Andorinhas, que recebeu este nome em 1945, o Hotel Fazenda e Golf Solar das Andorinhas e o monumento que representa um grupo de andorinhas em pleno voo, do escultor Lélio Coluccini, instalado em 1957, diante do Museu de Arte Contemporânea de Campinas.
Das referências à ave-símbolo, as calçadas são as menos observadas pelos campineiros, embora tenham marcado o desenvolvimento dos principais bairros da cidade. Elas foram introduzidas em Campinas durante a gestão do prefeito Lauro Péricles Gonçalves, de 1972 a 1976. E mais recentemente um grande shopping em Campinas, tem a andorinha como logotipo; assim bem como sendo tema de música de um grande intérprete brasileiro (Altamiro Carrilho).


sábado, 20 de agosto de 2011

O mar me encanta

Sandro Botticelli - The Birth of Vênus
O mar me encanta porque tem sereias,
lindas mulheres aromais e esgalgas
de puras formas de lascívia cheias,
curvas de pombas, seduções fidalgas.

E rijos colos de azuladas velas
e verdes cabeleiras cor de algas
que tu, ó mar, esplêndido, bronzeais
e com teus beijos azulinos salgas.

Assim me encanta o mar. Porque a beleza
surgiu do mar de dentro das redondas
conchas de nácar, pérola e turquesa.

Adoro o mar porque contém Golcondas
e a doce ninfa nele vive presa
e as graças moram sobre as verdes ondas.

Sosígenes Costa (1901-1968)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

No corpo

De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou
Entre nuvens e risos
Junto com o jornal velho pelos ares

O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo da noite
Agora são apenas esta
contração (este clarão)
do maxilar dentro do rosto.

A poesia é o presente.

Ferreira Gullar

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Se alguém quiser saber

“Caso alguém queira saber sobre mim, diga que pinto
poesias, não gosto de desalegrias e amo a paixão.
Nos traços de uma pintura imagino a saudade e todo
o amor que invade o sentimento de um coração”.

Marcos Andruchak

A Revolução da Pílula

18 de agosto de 1960 - A Revolução da Pílula.
“No meio da dificuldade, está a oportunidade”.
Albert Sabin
No dia 18 de agosto de 1960, foi lançado o contraceptivo oral nos Estados Unidos. A pílula significou uma verdadeira revolução nos hábitos sexuais, pelo menos no mundo ocidental.
Os anticoncepcionais orais são compostos químicos que inibem a fertilidade, e todos atuam sobre o sistema hormonal. O primeiro anticoncepcional oral apareceu no mercado em 18 de agosto de 1960 e, desde então, goza de grande popularidade.
Desde o início da indústria farmacêutica, na segunda metade do século XIX, muitos dos medicamentos lançados proporcionaram mudanças expressivas no tratamento de diversas doenças, alterando a sua evolução, com significativa melhora da qualidade e da expectativa de vida. Mas muito poucos provocaram, desde o seu lançamento, tanto impacto no comportamento das pessoas, levando a debates e polêmicas, no âmbito científico, social, religioso, moral e ético, como a pílula anticoncepcional. Milhões de mulheres os usam em todo o mundo. Nenhum acontecimento na história da contracepção teve um efeito mais profundo sobre o controle da natalidade que o surgimento do anticoncepcional oral. A pílula apareceu como resultado das pesquisas médicas e do estímulo dado por Margaret Sanger, organizadora do movimento de paternidade planejada nos Estados Unidos.
A pílula foi criticada por diversos setores da sociedade porque permitia mudanças no comportamento sexual, dando controle e maior liberdade às mulheres, alterando o quadro social e o processo natural de reprodução. Sua utilização acabou provocando avanços nos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres, ampliando as possibilidades de realização de um efetivo planejamento familiar. Permitiu, ainda, uma maior flexibilização dos valores morais e o ingresso da mulher no mercado de trabalho.
Até os anos 60, o sexo, ainda era tratado apenas como meio de reprodução. Por isso, a pílula significou uma reviravolta no conceito de sexualidade, pois o casal podia passar a manter relações sexuais apenas por prazer. A demanda aumentou muito a partir de 1965 na Alemanha. Ao mesmo tempo em que a indústria farmacêutica enriquecia, o sexo masculino começou a preocupar-se com a fidelidade de esposas e namoradas.
O auge da pílula anticoncepcional veio a seguir, com Woodstock e os hippies, a efervecência do movimento estudantil e o avanço do feminismo. Em pouco tempo, no entanto, começaram as evidências de efeitos colaterais, como o perigo de trombose, provocando insegurança entre as mulheres.
Os laboratórios continuaram pesquisando e criaram a mini e a micropílula (com dosagens hormonais menores), a pílula para depois, a pílula do aborto, o adesivo e o implante com hormônios. Parece faltar apenas um tipo de pílula: a para o homem.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A Rosa

Marie-François Firmin-Girard
A rosa é um jardim
concentrado
um clarim
de cor, anunciando
a alvorada fogosa
e o tempo iluminado.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Dia do Filósofo

Hoje 16 de agosto, comemora-se o “Dia do Filósofo”.
Filósofo é uma pessoa que está acima das paixões, dos acidentes da vida, é um incrédulo, um livre-pensador, vive meio afastado da sociedade e é indiferente às coisas do mundo, é praticamente um ser excêntrico, está mais próximo do saber e da ciência.
A figura do filósofo tem a sua importância, ele reflete sobre todas as coisas cotidianas e essenciais. A Filosofia data do século IV A.C., surgiu na Grécia Antiga, como uma atividade especial do homem sábio, o amigo do saber (filo + sophia = amor à sabedoria).
Desde então inúmeras foram as tentativas de definir exatamente o que procura e o que faz um filósofo. Apesar do reconhecimento, as opiniões são imprecisas e divergentes em relação a determinar qual a sua verdadeira ciência. Aristóteles, discípulo de Platão e fundador do Liceu, uma escola voltada para o saber e a ciência que ele instalou em Atenas no mesmo século IV A.C., fez uma das mais claras exposições sobre as qualidades da filosofia.

Antonio e Cleopatra

Sir Lawrence Alma-Tadema – Antonio e Cleopatra
A tragédia de Antônio e Cleópatra é uma peça de teatro escrita por William Shakespeare, dramaturgo inglês, que pertence ao gênero da tragédia histórica ou épica.
Os cinco atos de Antônio e Cleópatra são repletos de intrigas políticas mescladas a fervorosas declarações de amor, onde está presente toda linguagem monumental de Shakespeare.
Produzida em 1607 – já quando a obra do autor inglês estava em uma fase plena e madura –, esta tragédia tem como tema a relação entre o militar romano Marco Antônio e Cleópatra, a célebre rainha do Egito.
O casal sonhava com o estabelecimento de um grandioso império no Oriente, mas seus planos são interrompidos. Com o pretexto da morte de sua esposa Fúlvia, Marco Antônio – que vivia no Egito com a amante – é chamado de volta a Roma; na verdade por motivos políticos. Lá, se vê obrigado a se casar com Otávia, irmã de Otávio Augusto, um dos líderes do Império Romano, que usa esse casamento como estratégia para manter Marco Antônio mais próximo ao governo.
Ao tomar conhecimento da união, Cleópatra envia a Roma a falsa notícia de que cometera suicídio, e Marco Antônio, apaixonado e desiludido, põe fim à própria vida. A rainha, sabendo disso, encomenda a seus criados a víbora que lhe destilaria o veneno mortal.
Os personagens marcantes e os diálogos impetuosos fazem de Antônio e Cleópatra – além de já consagrada como uma das principais obras históricas de Shakespeare – uma peça emocionante e envolvente em todos os seus momentos.
Poema de amor de Antônio e Cleopatra
John William Waterhouse - Cleopatra
Pelas tuas mãos medi o mundo
E na balança pura dos teus ombros
Pesei o ouro do Sol e a palidez da Lua.

Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Injeção letal foi usada na Guerrilha do Araguaia

Soldados da Guerrilha do Araguaia (1972-74) reconheceram um coronel aposentado de Belém como sendo o médico de bases militares onde ocorreram torturas e levantam a suspeita de seu envolvimento na morte de guerrilheiras com injeções letais.
Quatro ex-soldados localizados pela Folha identificaram, por foto, Walter da Silva Monteiro, 74, como o médico militar conhecido à época como "capitão Walter".
A suspeita de sua participação nas mortes surgiu em um vídeo com dois ex-soldados, gravado em abril pelo grupo do governo federal que procura ossadas das vítimas.
As testemunhas dizem ter convivido com Monteiro no 52º Batalhão de Infantaria de Selva, em Marabá (PA), de onde partia para missões em outras bases na região.
O reconhecimento do "capitão Walter" foi feito por meio de sua imagem contida num registro de candidatura, guardado no Tribunal Regional Eleitoral do Pará. Em 2002, ele tentou se eleger deputado federal pelo PHS.
Monteiro, que já dirigiu dois dos principais hospitais de Belém, nega participação na Guerrilha do Araguaia.
Mesmo assim, será convidado a depor na Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos, ligada à Presidência da República. Ele está livre de punição, graças à Lei da Anistia.
O militar, hoje na reserva do Exército, pode ser um arquivo vivo das violações aos direitos humanos no Araguaia, diz Paulo Fonteles Filho, observador do grupo do governo que busca ossadas.
Foi ele quem produziu o vídeo no qual aparece o relato sobre as injeções letais.
As possíveis mortes por esse método existem apenas em relatos.
A primeira menção a elas ocorreu há dois anos, por meio de um oficial do Exército que atuou no conflito. Mas a citação ao "capitão Walter" surgiu só no vídeo de abril.
Agora, o observador do governo federal quer achar outras pessoas que deem mais detalhes das mortes.

domingo, 14 de agosto de 2011

Leda e o Cisne

Leda e o Cisne - Correggio
Na mitologia grega, Leda era uma bela princesa, esposa de Tíndaro, herdeiro do reino de Esparta.
Ela gostava de expor sua beleza nua aos raios do sol, sob olhares indiscretos dos deuses.
Certa vez, Zeus, a caminho de Tróia, encontrou Leda na relva e parou para contemplá-la.
Receoso que ela se assustasse com sua majestade e que o repelisse por ser recém casada, Zeus transforma-se em um belo cisne para cortejar a princesa.
Leda e o Cisne - Michelangelo
Ao vê-lo, Leda senta-se e começa a observá-lo. Diante de seus olhos, o cisne move suas belas plumas em uma dança excitante, e sua voz suave emite sinais de desejo e paixão.
Leda e o cisne - Pedro Bruno
Leda estava fascinada e o cisne aproximou-se mais e começou a tocá-la e acariciá-la com suas plumas e seu longo pescoço.
Apaixonada, Leda deitou-se novamente e aguardou que o cisne se posicionasse sobre ela, e então se amaram.
Leda e o Cisne - Leonardo da Vinci
Meses depois, a princesa sente fortes dores e percebe que de seu ventre saíram dois ovos: do primeiro, nasceram Castor e Helena; do segundo, Pólux e Clitemnestra.
Porém Hera, irmã e esposa de Zeus, com ciúmes, persegue e proíbe Leda de viver no reino.
Leda e o Cisne - Paul Cézanne
Por isso, Zeus compensa Leda convertendo-a em deusa e reservando-lhe um espaço no céu, na forma de uma estrela na constelação de Cisne.

Salvador Dalí (1904-1989), foi um importante pintor conhecido pelo seu trabalho surrealista.
Elena Ivanovna Diakonova, conhecida como Gala (1894-1982), foi esposa de Dali de 1928 até ela falecer em 1982.
Quando ele casa com Gala, declara: - “Somos agora dois seres arcangélicos”... Para Dali, ele e Gala foram nascidos de um dos ovos divinos de Leda. São eles “Castor e Pólux, os gêmeos divinos”.

Elvina Maciel Lessa
- "O mundo genial e psicótico de Salvador Dali"