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terça-feira, 14 de julho de 2015

Mãe Cósmica

Josephine Wall
Sê em mim a respiração das tuas vias lácteas
sê em mim a que já és e sempre tens sido
um sonho do outro lado da montanha dos sonhos e para
além do mistério
algo mais real que a própria realidade
algo que nem esquecer nem recordar posso
algo como soturnas naves vagueando para a luz do farol
algo como nuvens tais luminosas rochas e rochas quais
nuvens sombrias
algo que torna o frio inconcebível calor
algo que esteve em mim e me transfigurou
ó transfigura-me
converte-me em porto para o navio da minha inquietude
espera por mim no seio da terra
procura-me na minha urna
ó transfigura-me e sê em mim
tal como insensível em ti repouso
no sonho da inconsciência e na constelação de teus olhos.

Erik Lindegren (1910-1968)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Cantiguinha

Josephine Wall
Era um brinquedo maria
era uma estória maria
era uma nuvem maria
era uma graça maria
era um bocado maria
era um mar de amor maria
era uma vez era um dia
maria.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

sábado, 4 de junho de 2011

Reiventar

Josephine Wall
O tempo, de vento em vento,
desmanchou o penteado arrumadinho
de várias certezas que eu tinha,
e algumas vezes descabelou
completamente a minha alma.
Mesmo que isso tenha me assustado
muito aqui e ali,
no somatório de tudo,
foi graça, alívio e abertura.
A gente não precisa de certezas estáticas.
A gente precisa é aprender a manha
de saber se reinventar.

Ana Jácomo

domingo, 15 de agosto de 2010

São tão remotas as estrelas

Josephine Wall

São tão remotas as estrelas que,
apesar da vertiginosa velocidade da luz,
elas se apagam. e continuam a brilhar durante séculos.

MORREM OS MUNDOS... Silenciosa e escura,
Eterna noite cinge-os. Mudas, frias,
Nas luminosas solidões da altura
Erguem-se, assim, necrópoles sombrias...

Mas pra nós, di-lo a ciência, além perdura
A vida, e expande as rútilas magias...
Pelos séculos em fora a luz fulgura
Traçando-lhes as órbitas vazias.

Meus ideais! extinta claridade -
Mortos, rompeis, fantásticos e insanos
Da minh'alma a revolta imensidade...

E sois ainda todos os enganos
E toda a luz, e toda a mocidade
Desta velhice trágica aos vinte anos...

Euclides da Cunha
(20 de janeiro de 1866 - 15 de agosto de 1909)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Poema

Josephine Wall
Quem terá visto algo que em realidade existe,
mas não se manifesta?
Quem terá visto o que se manifesta no coração,
mas não repousa nos lábios?
Quem terá visto aquele que é a realidade do mundo,
mas não se encontra no mundo?
Quem terá visto na existência e na
não-existência uma tal não-existência?

Jalaludin Rumi (1207-1273)

terça-feira, 23 de março de 2010

Poema oriental

Josephine Wall
“Sentado sozinho, em meio aos bambus;
Toco minha cítara, e as notas reverberam.
No segredo da mata, ninguém pode ouvir;
Apenas a clara Lua, vem brilhar sobre mim”.

Wang Wei (701-761)