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segunda-feira, 6 de julho de 2015

Parêntese

Giorgio de Chirico
O homem ainda vive mais de afirmação do que de pão.
Ver e mostrar, mesmo isso não basta. A filosofia deve ser uma energia; deve ter por esforço e efeito melhorar o homem. Sócrates deve penetrar em Adão e produzir Marco Aurélio; em outras palavras, fazer sair, do homem da felicidade, o homem da sabedoria. Transformar o Éden em Liceu. A ciência deve ser um cordial. Gozar, que triste objetivo, que mesquinha ambição! O irracional goza! Pensar, este é o verdadeiro triunfo da alma. Estender o pensamento à sede dos homens, dar-lhes, a todos, como elixir, a noção de Deus, fazer neles fraternizar a consciência e a ciência, torná-los justos por meio desse misterioso confronto, essa é a função da filosofia real. A moral é um desabrochar de verdade. Contemplar leva a agir. O absoluto deve ser prático. É preciso que o ideal seja respirável, potável e comestível pelo espírito humano. O ideal é que tem o direito de dizer:
Tomai, essa é a minha carne, esse é o meu sangue. A sabedoria é uma comunhão sagrada. É com essa condição que ela cessa de ser um estéril amor da ciência para se tornar o modo único e soberano da união humana, e que de filosofia, é promovida a religião.
A filosofia não deve ser uma sacada aberta para o mistério com a finalidade de contemplá-lo à vontade, sem outro resultado que não seja cômodo para a curiosidade.
Quanto a nós, adiando para outra ocasião o desenvolvimento de nosso pensamento, limitamo-nos a dizer que não compreendemos nem o homem como ponto de partida, nem o progresso como finalidade sem estas duas forças que são os dois motores: crer e amar.
O progresso é o objetivo, o ideal é o tipo.
O que é o ideal? É Deus.
Ideal, absoluto, perfeição, infinito, palavras idênticas.
Victor Hugo (1802-1885)
in 'Os Miseráveis' - Livro VII, Cap. VI

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Há pensamentos que são orações

“Há pensamentos que são orações.
Há momentos nos quais,
seja qual for a posição do corpo,
a alma está de joelhos”.

Victor Hugo (1802-1885)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

As Realidades da Alma

William Merritt Chase
É certo que o homem fala a si mesmo; não há um único ser racional que o não tenha experimentado. Pode-se até dizer que o mistério do Verbo nunca é mais magnífico do que quando, no interior do homem, vai do pensamento à consciência, e volta da consciência ao pensamento. (...) Diz, fala, exclama cada um consigo mesmo, sem que seja quebrado o silêncio exterior. Há um grande tumulto; tudo fala em nós, exceto a boca. As realidades da alma, por não serem visíveis e palpáveis, nem por isso deixam de ser também realidades.
Victor Hugo,
in 'Os Miseráveis'.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O homem é a mais elevada das criaturas

William-Adolphe Bouguereau - Idílio
O homem é a mais elevada das criaturas; a mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono; para a mulher um altar.
O trono exalta; o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz; o coração produz Amor.
A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é forte pela razão; a mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence; as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece; o martírio sublima.
O homem tem a supremacia; a mulher, a preferência.
A supremacia significa a força; a preferência representa o direito.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória faz tudo grande.
A virtude faz tudo divino.
O homem é um código; a mulher, um evangelho.
O Código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter no crânio uma larva.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher, um lago.
O oceano tem a pérola que adorna.
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa.
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.
O homem é um templo. A mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos. Ante o sacrário nos ajoelhamos.
Enfim, o homem está colocado aonde termina a terra
e a mulher onde começa o céu.

Victor Hugo (1802-1885)