Angelica Linnhoff
Oh, quanto me pesa
este coração, que é de pedra!
Este coração que era de asas
de música e tempo de lágrimas.
Mas agora é sílex e quebra
qualquer dura ponta de seta.
Oh, como não me alegra
ter este coração de pedra!
Dizei por que assim me fizestes,
vós todos a quem amaria,
mas não amarei, pois sois estes
que assim me deixastes, amarga,
sem asas, sem música e lágrimas,
assombrada, triste e severa
e com meu coração de pedra!
Oh, quanto me pesa
ver meu próprio amor que se quebra!
O amor que era mais forte e voava
mais que qualquer seta!
Cecília Meireles (1901-1964)
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