Karl Marx (1818-1883)
As ideias filosóficas de Marx podem ser sintetizadas em oito pontos:
1. Adoção da perspectiva transcendental - Marx, como Immanuel Kant (1724-1804), desmistifica o conhecimento humano, que nas metafísicas dogmáticas tinha ficado reduzido a uma cópia passiva da realidade exterior. Quando o nosso autor afirmava que “até agora os filósofos estiveram preocupados em contemplar o mundo, nós vamos transformá-lo”, justamente propunha um novo tipo de conhecimento em que a verdade fosse efeito da ação humana, não a pura contemplação de um arquétipo pré-existente fora da razão.
2. Formulação do 11º mandamento: “Não explorarás o trabalho alheio”. Marx reagiu contra um princípio de ação estranho ao homem (moralidade pautada pela religião ou pelas leis da circulação de mercadorias), e colocou como critério de ação o homem mesmo, na sua dinâmica histórica, no seio da consciência de classe. A força do marxismo reside no mesmo princípio. O mandamento segundo o qual: ´Não explorarás o trabalho alheio´ parece consistir no ápice de toda uma ética humanista”.
3. Formulação do materialismo histórico. Competiria a Marx corrigir o rumo da reflexão feuerbachiana. A massa humana, que tinha sido idealizada por Feuerbach, encontra em Marx uma formulação concreta e atuante. Marx sintetizou esta dimensão na sua frase, presente na obra A ideologia alemã: “A existência humana determina a consciência”.
4. Inspiração de Marx em Claude-Henri de Saint-Simon (1760-1825). A afirmação de que “a vida social é essencialmente prática”, bem como a ideia de que “a produção faz o homem” e de que homens e sociedade se produzem a si mesmos pelo seu esforço.
5. Inspiração de Marx em Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865). Segundo Gurvitch, Marx inspirou-se nos seguintes pontos do pensamento proudhoniano: – A crítica às “classes altas”, burgueses e patrões, pela sua ociosidade. – O conceito de “força coletiva”, que inspira o conceito marxista de “forças produtivas”. – A predição acerca da desaparição do Estado.
6. Comunismo implantado por métodos violentos: a destruição do Estado burguês. Este elemento permanece claro na obra de Marx e se contrapõe aos esforços dos socialistas franceses, ingleses e alemães, em prol da construção de uma nova sociedade mediante reformas, com a chegada do proletariado ao poder através de eleições (como terminou, de fato, acontecendo, ao longo dos séculos XIX e XX). Para ambos, somente valia um tipo de comunismo: o imposto pelo líder, com absoluto banimento da dissidência e com a implantação de um regime de poder total.
7. Inspiração em Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Marx recebeu esta influência ao longo de sua permanência em Paris. Para o filósofo genebrino, a soberania do povo repousa na “vontade geral”. Esta é apropriada pela “vanguarda do povo”, constituída pelos “puros", aqueles que se despiram dos seus interesses individuais para defender o interesse público. Ora, essa vanguarda é chefiada, no caso da revolução comunista, pelo próprio Marx, que se converte numa espécie de salvador das massas proletárias.
8. Inspiração no pensamento dos liberais franceses Benjamin Constant de Rebecque (1767-1830) e François Guizot (1787-1874), cujas obras Marx leu durante a sua permanência em Paris. Até a expressão, presente no Manifesto Comunista: “proletários do mundo, uni-vos” inspira-se na frase conhecida de Guizot: “burgueses da França, uni-vos” e “enriquecei-vos”.
1. Adoção da perspectiva transcendental - Marx, como Immanuel Kant (1724-1804), desmistifica o conhecimento humano, que nas metafísicas dogmáticas tinha ficado reduzido a uma cópia passiva da realidade exterior. Quando o nosso autor afirmava que “até agora os filósofos estiveram preocupados em contemplar o mundo, nós vamos transformá-lo”, justamente propunha um novo tipo de conhecimento em que a verdade fosse efeito da ação humana, não a pura contemplação de um arquétipo pré-existente fora da razão.
2. Formulação do 11º mandamento: “Não explorarás o trabalho alheio”. Marx reagiu contra um princípio de ação estranho ao homem (moralidade pautada pela religião ou pelas leis da circulação de mercadorias), e colocou como critério de ação o homem mesmo, na sua dinâmica histórica, no seio da consciência de classe. A força do marxismo reside no mesmo princípio. O mandamento segundo o qual: ´Não explorarás o trabalho alheio´ parece consistir no ápice de toda uma ética humanista”.
3. Formulação do materialismo histórico. Competiria a Marx corrigir o rumo da reflexão feuerbachiana. A massa humana, que tinha sido idealizada por Feuerbach, encontra em Marx uma formulação concreta e atuante. Marx sintetizou esta dimensão na sua frase, presente na obra A ideologia alemã: “A existência humana determina a consciência”.
4. Inspiração de Marx em Claude-Henri de Saint-Simon (1760-1825). A afirmação de que “a vida social é essencialmente prática”, bem como a ideia de que “a produção faz o homem” e de que homens e sociedade se produzem a si mesmos pelo seu esforço.
5. Inspiração de Marx em Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865). Segundo Gurvitch, Marx inspirou-se nos seguintes pontos do pensamento proudhoniano: – A crítica às “classes altas”, burgueses e patrões, pela sua ociosidade. – O conceito de “força coletiva”, que inspira o conceito marxista de “forças produtivas”. – A predição acerca da desaparição do Estado.
6. Comunismo implantado por métodos violentos: a destruição do Estado burguês. Este elemento permanece claro na obra de Marx e se contrapõe aos esforços dos socialistas franceses, ingleses e alemães, em prol da construção de uma nova sociedade mediante reformas, com a chegada do proletariado ao poder através de eleições (como terminou, de fato, acontecendo, ao longo dos séculos XIX e XX). Para ambos, somente valia um tipo de comunismo: o imposto pelo líder, com absoluto banimento da dissidência e com a implantação de um regime de poder total.
7. Inspiração em Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Marx recebeu esta influência ao longo de sua permanência em Paris. Para o filósofo genebrino, a soberania do povo repousa na “vontade geral”. Esta é apropriada pela “vanguarda do povo”, constituída pelos “puros", aqueles que se despiram dos seus interesses individuais para defender o interesse público. Ora, essa vanguarda é chefiada, no caso da revolução comunista, pelo próprio Marx, que se converte numa espécie de salvador das massas proletárias.
8. Inspiração no pensamento dos liberais franceses Benjamin Constant de Rebecque (1767-1830) e François Guizot (1787-1874), cujas obras Marx leu durante a sua permanência em Paris. Até a expressão, presente no Manifesto Comunista: “proletários do mundo, uni-vos” inspira-se na frase conhecida de Guizot: “burgueses da França, uni-vos” e “enriquecei-vos”.