sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Dilma

Presidenta Dilma convidou 11 ex-companheiras de cela para a posse.
Um grupo de 11 antigas militantes de esquerda e ex-companheiras de cela de Dilma Rousseff na ditadura militar está entre os convidados especiais da presidente eleita e acompanhará sua posse no sábado, no Palácio do Planalto. Juntas com Dilma, elas estiveram presas na década de 70 na Torre das Donzelas, como era chamado o conjunto de celas femininas no alto do Presídio Tiradentes, em São Paulo. Para o local eram levados os presos políticos, depois de passarem por órgãos da repressão como o Dops e o DOI-Codi.
Entre as convidadas, que também estarão no coquetel no Itamaraty, está a economista Maria Lúcia Urban, que, na época, chegou grávida ao presídio e recebeu todos os cuidados de Dilma.
- A Maria Lúcia e a Dilma tinham uma relação muito forte, que se manteve – disse a socióloga Lenira Machado, outra integrante do grupo e responsável pelo convite da posse às outras colegas do Tiradentes.
Maria Lúcia hoje é diretora do Centro de Formação Estatística do Paraná. Lenira trabalha com projetos e programas do Ministério do Turismo.
Dilma ficou presa, foi condenada e passou três anos na cadeia. Antes de seguir para o Tiradentes, foi torturada durante 22 dias seguidos. A chegada da companheira à Presidência da República é motivo de orgulho para as colegas de militância política, ainda que atuassem em grupos de esquerda distintos e com pensamentos diferentes sobre como enfrentar o regime militar.
A jornalista Rose Nogueira, que também estará na festa da posse, ficou alguns meses no presídio e tem muitas lembranças de Dilma. Ela se recorda do apego da petista aos livros. De todos os tipos, de teorias da economia aos clássicos da literatura universal. Nos trabalhos manuais na cela, Dilma tinha predileção, segundo Rose, pelo crochê. Fazia bordados em pano.
- Naquela época, Dilma já tinha uma presença forte. Era naturalmente uma líder e muito solidária. Quando a vi num cargo importante no governo Lula, não tinha dúvida que chegaria a presidente do Brasil – disse Rose, que lembrou ainda do gosto de Dilma pela música.
- Ela gostava de cantar “Chico mineiro” – contou Rose, citando uma música caipira que fez sucesso com a dupla Tonico e Tinoco.
As outras colegas de cela que estarão na posse são: a arquiteta Maristela Scofield; a uruguaia Maria Cristina de Castro, que trabalha no Ministério das Minas e Energia; a psicóloga Lúcia Maria Salvia Coelho; a arquiteta Ivone Macedo; Francisca Eugênia Soares e as irmãs Iara de Seixas Benichio e Ieda de Seixas, de uma família que atuou na oposição aos militares.
Fonte: Jornal O Globo.

Viver na Beira-Mar

Vladimir Volegov
Nunca o mar foi tão ávido
quanto a minha boca. Era eu
quem o bebia. Quando o mar
no horizonte desaparecia e a areia férvida
não tinha fim sob as passadas,
e o caos se harmonizava enfim
com a ordem, eu
havia convulsamente
e tão serena bebido o mar.

Fiama Hasse Brandão (1938-2007)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Poesia

“A poesia nos dá aquilo que a natureza nos nega:
→ uma idade de ouro que não envelhece,
→ uma primavera que não murcha,
→ uma ventura sem nuvens, e
→ uma juventude eterna”.
Ludwig Boerne

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Candido Portinari

Candido Portinari (Brodosqui, 29 de dezembro de 1903 — Rio de Janeiro, 6 de fevereiro de 1962). Pintor expressionista, poeta, político e desenhista.
Nasce numa fazenda de café, em Brodosqui, no interior do Estado de São Paulo. Filho de imigrantes italianos, de origem humilde, recebe apenas a instrução primária e desde criança manifesta sua vocação artística.
Antes mesmo de terminar o 1º grau integrou um grupo de pintores que chegava a Brodosqui para decorar a Igreja.
Aos quinze anos de idade vai para o Rio de Janeiro, em busca de um aprendizado mais sistemático em pintura, matriculando-se na Escola Nacional de Belas-Artes, tornando-se mais tarde, o maior pintor brasileiro.
Meninos brincando - Portinari
A paisagem onde a gente brincou pela primeira vez
não sai mais da gente.

Candido Portinari (1903-1962)

Café - Portinari
Vim da terra vermelha e do cafezal.
As almas penadas, os brejos e as matas virgens
Acompanham-me como o espantalho,
Que é o meu autorretrato.
Todas as coisas frágeis e pobres
Se parecem comigo.

Candido Portinari (1903-1962)
1ª Missa

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cartão de Natal

Pois que reinaugurando essa criança
pensam os homens reinaugurar a sua vida
e começar novo caderno, fresco como o pão do dia;
pois que nestes dias a aventura parece em ponto de vôo,
e parece que vão enfim poder explodir suas sementes:
que desta vez não perca esse caderno
sua atração núbil para o dente; que o
entusiasmo conserve vivas suas molas, e
possa enfim o ferro comer a ferrugem
o sim comer o não.

João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Velejar para onde?

Velejar para onde?
Para que mundo, acaso,
se esse mundo se esconde
ou nos chega com atraso?

Velejar para que,
se essa mesma distancia
que o coração antevê
com tão profunda ânsia

a nada mais conduz
que ao grande desalento,
de ver que tudo é luz
dispersa em água e vento?

Alphonsus de Guimaraens Filho (1918-2008)

domingo, 26 de dezembro de 2010

Escolha

Em vez de brincar no bosque com os companheiros
Meu filho se debruça sobre os livros
E lê de preferência
Sobre as negociatas dos financistas
E as carnificinas dos generais.
Quando lê que nossas leis
Proíbem aos pobres e aos ricos
Dormir sob as pontes
Ouço sua risada divertida.
Quando descobre que o autor de um livro foi subornado
Ilumina-se seu rosto jovem. Eu aprovo isso
Mas gostaria de poder lhe oferecer
Uma juventude em que ele
Fosse brincar no bosque com os companheiros.

Bertolt Brecht(1898-1956)

sábado, 25 de dezembro de 2010

A Rede Social

Os nerds contra-atacam.
Com "A Rede Social", longa sobre a criação do Facebook, Hollywood retrata pela primeira vez o momento em que o capitalismo deixa de obedecer apenas a homens de terno e se rende a jovens esquisitos com moletons de capuz.
Nerd leva fora de namorada e, transtornado por algumas cervejinhas, decide entrar na rede de computadores de Harvard para expor fotos de alunas ao julgamento estético e sexual de outros manés como ele. Punido pela universidade, tornado um pária entre as meninas, o hacker associa-se a outros colegas para, supostamente, dar melhor consequência a seu talento. Em pouco tempo, briga com todo mundo e hoje, aos 26 anos, administra uma fortuna pessoal de quase US$ 7 bilhões, feita em cima da rede virtual de relacionamentos que começou a ser inventada em 2003 como vingança de um prosaico pé na bunda e atualmente congrega mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo.
Há dez anos, nenhum executivo de Hollywood com amor a seu Armani apostaria US$ 1 nesse argumento. É tudo esquemático demais, mirabolante demais e, sobretudo, rápido demais para alcançar o mínimo de verossimilhança necessário à indústria do cinema.
Pela primeira vez na história do cinema, o capitalista deixa de ser um ganancioso engravatado, como Gordon Gekko, o personagem de Michael Douglas no filme de Oliver Stone sobre o coração financeiro de Nova York. Talvez porque, pela primeira vez, uma parte importante do grande capital esteja na mão de gente que não dispensa moletom de capuz e chinelo com meia, o figurino principal de Mark Zuckerberg, protagonista do filme dirigido por David Fincher e, de forma mais impressionante, de sua própria história.
Não há sentimentos épicos ou dúvidas shakespearianas, apenas a indiferença cool diante do mundo que ele mesmo transforma. Seu Rosebud talvez seja um e-mail daquela namorada que o desprezou. Mas isso fica para um próximo filme.

Paulo Roberto Pires – Revista Bravo

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Antes se arrepender do que se fez

(...)
Antes se arrepender do que se fez
um dia por sincero prazer, pondo tudo de lado,
do que o arrependimento de se ter deixado de fazer,
por temor.... se o coração pedia.

Antes se arrepender do que se fez um dia
por sincero prazer pondo tudo de lado,
do que o arrependimento de se ter deixado
de fazer, por temor... - se o coração pedia.
Se colheste a emoção com intensa alegria
e se foste feliz e marcaste o passado,
bendiz esse segundo ou essa hora, - esse dia
em que o mundo foi teu, vencido e conquistado...
A vida é uma aventura e é preciso vivê-la!
Nada há que justifique uma abstinência ao mundo,
- ergue a mão para o céu e colhe a tua estrela!
É a hora do Natal... A estrela é o teu presente!
Mesmo que ela cintile apenas um segundo,
contigo hás de levá-la indefinidamente. (...)

J. G. de Araujo Jorge (1914-1987)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Camões

Photography by Kirsty Mitchell
“Tenho-me persuadido
Por razão conveniente
que não posso ser contente
pois que pude ser nascido.
Anda sempre tão unido
o meu tormento comigo
que eu mesmo sou meu perigo.”

Luís Vaz de Camões (1524-1589)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Esperança

“Esperança é aquilo que tem plumas
que se empoleira na alma
e canta canção sem palavras
e nunca para, nunca”.

Emily Dickinson (1830-1886)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Minha aldeia

James Emmerson
Da minha Aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.

Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar
para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram
o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

Alberto Caeiro

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Flor Rosa

A rosa é uma das flores mais antigas conhecidas pelo homem e ainda é uma das mais populares. (…) A rosa é a flor do amor. Ela foi criada por Clóris, uma deusa grega das flores, a partir do corpo sem vida de uma ninfa que ela encontrou certo dia em uma clareira no bosque. Pediu a ajuda de Afrodite, a deusa do amor, que deu à flor a beleza: Dionísio, o deus do vinho, ofereceu néctar para proporcionar-lhe um perfume doce; e as três Graças lhe deram encanto, esplendor e alegria. Depois, zéfiro, o vento oeste, afastou as nuvens com seu sopro para que Apolo, o deus-sol pudesse brilhar e fazer a planta florescer. E, desta forma, a rosa nasceu e foi logo coroada Rainha das Flores.
“Se Zeus quisesse oferecer às plantas
Uma rainha para o mundo das flores,
A rosa seria a escolhida
E faria enrubescer a rainha de cada bosque.
Filha mais doce das manhãs orvalhadas,
Goiá adornando o seio da terra,
Olho do prado, brilho dos campos,
Botão de beleza, afagada pelas alvoradas:
A alma suave do amor ela respira,
A testa da Cípria com mágica adorna;
E, às carícias turbulentas de Séfiro,
Entrega suas verdejantes tranças
Até que excitada com o luxuriante jogo,
Faz corar até a luz dos adivinhos.”

Safo de Lesbos (600 a.C.)

domingo, 19 de dezembro de 2010

Lua

A Lua Nova indica começo de um novo ciclo, o nascimento da Deusa, representado por Morgana a rainha das bruxas, é o tempo de fervilhar de novas ideias; tudo fica com o contorno de perpétuo começo, e podemos sentir que as ideias surgidas nesse período crescem à medida que a Lua vai crescendo no céu. É o mágico começo da jornada rumo ao nosso centro e uma intensa vontade de criar novos projetos. É sempre bom, nesse período, anotar num caderno o turbilhão de sentimentos que nos chegam com intensidade.
A Lua Crescente representa a face virgem da Deusa, representa Rhiannon, a Donzela. Ótima fase para levar a frente os projetos feitos na lua nova, é uma fase de crescimento, de correr atrás do que acredita e quer. É uma fase excelente para o crescimento em todos os sentidos.
A Lua Cheia representa a face Mãe da Deusa, representa Brigit, A Grande Mãe, é uma fase de energia muito forte, excelente para trabalhar intuição, para realização de feitiços, rituais de qualquer espécie. O poder da Deusa está totalizado nessa fase, é aquela que aceita ou rejeita os projetos iniciados na Lua Nova.
Seu papel é da escolha, pois nela se concentram todas as energias que possibilitam avaliar nossos desejos. Nesse período, sempre sonhamos com símbolos da fertilidade, é produtivo anotar os sonhos e meditar profundamente sobre eles. É um ótimo período para procurar aquele emprego tão desejado, para tentar vender seu trabalho, enfim é o tempo de selar nossas realizações.
A Lua Minguante representa a face Anciã da Deusa, representa Cerridwen, indica o ciclo completado, representa a sabedoria, é o tempo da desintegração de algumas ideias antigas; o movimento aqui é de introspecção e recolhimento. É também o período pré-menstrual em várias mulheres.
Nesse período estamos mais pacientes e nossos atos não são mais tão impulsivos. Não é uma fase para se fazer feitiços relacionados a começos, ou eles minguarão junto com a lua, é um período para se preparar para começar tudo de novo, porém com mais sabedoria. É tempo de reflexão...

sábado, 18 de dezembro de 2010

Para pensar

“Há vitórias que exaltam,
outras que corrompem;
derrotas que matam,
outras que despertam”.

Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Entrevista

William-Adolphe Bouguereau
Um homem do mundo me perguntou:
o que você pensa de sexo?
Uma das maravilhas da criação, eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara: o destino do homem é a santidade.

A mulher que me perguntou cheia de ódio:
você raspa lá? perguntou sorrindo,
achando que assim melhor me assassinava.
Magníficos são o cálice e a vara que ele contém,
peludo ou não.
Santo, santo, santo é o amor, porque vem de Deus,
não porque uso luva ou navalha.
Que pode contra ele o excremento?
Mesmo a rosa, que pode a seu favor?
Se "cobre a multidão dos pecados e é benigno,
como a morte duro, como o inferno tenaz",
descansa em teu amor, que bem estás.

Adélia Prado

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Antonio Berni

Antonio Berni (1905-1981) - Manifestação
Pouco conhecido no Brasil, Delésio Berni é um dos maiores artistas plásticos do modernismo latino-americano.
Com um forte viés social e permeada pelo uso de técnicas mistas, como xilogravura, óleo sobre tela e colagem, suas obras são viscerais, reflexivas, desconcertantes.
Os protagonistas de suas telas são operários, lavradores, moradores de rua, prostitutas. Todos retratados de forma desperançosa, com rostos gigantes, olhos amendoados, cores intensas.
A série Juanito Laguna, por exemplo, mostra as desventuras de um menino que migra com a família do interior para a cidade, vivendo em condições de extrema pobreza.
A paisagem é composta pela adição de restos de materiais, como latas, papelão, brinquedos. Certamente, Berni foi uma grande inspiração para Vik Muniz.
A mostra cobre 50 anos da produção do artista, sendo possível observar vários estilos. Do novo realismo dos anos 1930, passando pelas manifestações sociais dos anos 1950 e terminando com a repressão política e crítica ao consumismo dos anos 1970.
Não por acaso, até hoje suas obras são utilizadas em cartazes de sindicatos e ONGs argentinas. Andando pelas ruas do centro, tive a oportunidade de ver alguns desses materiais colados em postes e paredes.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Pavão Misterioso

Pavão Misterioso
O enredo do Romance do Pavão Misterioso é a aventura de um rapaz, chamado Evangelista, que ao contemplar a beleza de Creuza, donzela conservada prisioneira pelo conde (seu pai), sente-se invadido por um forte desejo: tirar a moça do sobrado do conde e tomá-la como mulher. Evangelista foge com Creuza, ajudado por um pavão mecânico.
O Evangelista do cordel vem da Turquia e sua aventura tem a Grécia como palco. A construção do espaço decorre de dados culturais e contribui para conferir à personagem das histórias populares um caráter mágico. Vivendo em paragens remotas ou simplesmente desconhecidas do apreciador da história, ou ainda povoadas de perigos e ameaças, o herói reveste-se de uma natureza próxima daquela das criaturas míticas, habitantes de um espaço e de um tempo distantes. Alguns heróis populares pertencem a camadas sociais elevadas ou adquirem riqueza e poder no decorrer da história; com esses traços diferenciam-se do cotidiano do homem comum que lhes presta admiração. Assim, o Evangelista do Romance do Pavão Misterioso é um rico herdeiro de "um viúvo capitalista".

Fonte: passeiweb
Há uma música - Pavão Misterioso [Ednardo] , que foi Tema de Abertura da novela Saramandaia. Saramandaia foi uma telenovela de Dias Gomes, exibida na Rede Globo às 22h, de 3 de maio a 31 de dezembro de 1976, tendo 160 capítulos. Foi dirigida por Walter Avancini, Roberto Talma e Gonzaga Blota, e a protagonista era Sonia Braga.
Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse teu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...
Pavão misterioso
Nessa cauda
Aberta em leque
Me guarda moleque
De eterno brincar
Me poupa do vexame
De morrer tão moço
Muita coisa ainda
Quero olhar...
Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse seu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...
Pavão misterioso
Pássaro formoso
No escuro dessa noite
Me ajuda, cantar
Derrama essas faíscas
Despeja esse trovão
Desmancha isso tudo, oh!
Que não é certo não...
Pavão misterioso
Pássaro formoso
Um conde raivoso
Não tarda a chegar
Não temas minha donzela
Nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos
Mas não podem voar...

Ednardo
Nome artístico do cantor e compositor brasileiro, José Ednardo Soares Costa Sousa nascido em Fortaleza, 17 de abril de 1945.
Ouça Pavão Misteriososo
Aqui

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sabedoria

William-Adolphe Bouguereau - Au bord d'une rivière
“Há três métodos para ganhar sabedoria:
1. primeiro, por reflexão, que é o mais nobre;
2. segundo, por imitação, que é o mais fácil;
3. e terceiro, por experiência, que é o mais amargo”.

Confúcio (551-479 a.C.)

O Apanhador no Campo de Centeio

"O Apanhador no Campo de Centeio",
de Jerome David Salinger
O Livro Que Inventou Uma Geração
É bastante possível que você nunca tenha lido O Apanhador. No entanto, se você tem um mínimo de "antenidade" com o mundo que o cerca, muito provavelmente já leu ou ouviu alguma alusão ao livro no cinema, em jornal, revistas ou em outros livros.
O Apanhador no Campo de Centeio foi escrito por J. D. Salinger, em meados de 1945. Narra em primeira pessoa alguns dias da vida de Holden Caulfield, um garoto problemático, entediado, estúpido, covarde, mentiroso, divertido, que acaba de ser expulso da terceira escola. Holden é vitíma de si mesmo, de seu tédio, de seus problemas… Mas na verdade, tudo o que ele quer é defender seus verdadeiros valores.
Holden fica perambulando por NY enquanto não volta pra casa, e aos poucos vai revelando ao leitor um pouco de sua vida, do seu passado, da família. Lembrando que tudo isso se passa em 1945, Estados Unidos pós-guerra, e etc. É um livro legal, daqueles que você vai lendo e lendo pra tentar descobrir e entender o personagem.
Holden Caulfield, além de personagem principal de um livro, também virou personagem de uma das músicas do Green Day. A música se chama Who wrote Holden Caulfield, foi lançada no primeiro CD da banda, e é praticamente um resumo da personalidade de Holden:
“Tem um garoto que enevoa seu mundo
e agora está ficando preguiçoso.
Não há motivação e a frustração o deixa louco.
Ele faz planos para tomar uma atitude
mas sempre acaba sentando.
Alguém o ajude ou ele vai acabar desistindo.”
O mesmo sucesso que consagrou de vez o talento de Salinger (que já vinha, desde os anos 40, publicando contos em revistas) foi sem dúvida o responsável pelo rumo inesperado que sua carreira (e sua vida) tomou desde então. O Apanhador, tornou-se uma coqueluche instantânea entre os jovens americanos, enlouquecidos ao finalmente conseguirem se identificar de forma tão perfeita com um herói de literatura.
Depois de vender mais de 30 milhões de exemplares e virar uma celebridade mundial, Salinger - notoriamente tímido e agressivamente modesto em relação a seu talento - primeiro isolou-se em uma casa no topo de uma montanha, em uma cidadezinha de mil habitantes. Depois foi diminuindo o ritmo de produção e afinal cortou qualquer contato com a mídia. Não concede entrevistas, não se deixa fotografar e nunca permitiu que nenhum dos seus livros fosse adaptado para o cinema (assim como o próprio Holden Caulfield, Salinger odeia cinema).
J. D. Salinger morreu em janeiro deste ano (2010).

domingo, 12 de dezembro de 2010

My Sweet Lord (Meu doce Senhor)

Hm, my Lord
Hum, meu Senhor
Hum, meu Senhor
Eu realmente quero ver-te
Realmente quero estar contigo
Realmente quero ver-te, meu Senhor
Mas demora tanto, meu Senhor
Meu Doce Senhor
Hm, meu Senhor
Hum, meu Senhor
Eu realmente quero conhecer-te
Realmente quero ir contigo
Realmente quero mostra-lhe Senhor
Isso não demorará, meu Senhor (Aleluia)
Meu Doce Senhor (Aleluia)
Hum, meu Senhor (Aleluia)
Meu Doce Senhor
Eu realmente quero ver-te
Realmente quero ver-te
Realmente quero ver-te, Senhor
Mas demora muito, meu Senhor
Meu Doce Senhor (Aleluia)
Hm, meu Senhor (Aleluia)
Meu, meu, meu Senhor (Aleluia)
Eu realmente quero conhecer-te (Aleluia)
Realmente quero ir contigo (Aleluia)
Realmente quero mostrar-lhe Senhor (aaah)
Isso não demorará, meu Senhor (Aleluia)
Hmm (Aleluia)
Meu Doce Senhor (Aleluia)
Meu, meu, Senhor (Aleluia)
Hm, Meu Senhor (Hare Krishna)
Meu, meu, meu Senhora (Hare Krishna))
Oh, hm, Meu Doce Senhora (Krishna, Krishna)
Agora, eu realmente quero ver-te (Hare Rama)
Realmente quero estar contigo (Hare Rama)
Realmente quero ver-te, Senhor (aaah)
Mas, faça isso logo, meu Senhor (Aleluia)
Hm, meu Senhor (Aleluia)
Meu, meu, meu Senhor (Hare Krishna)
Meu Doce Senhor (Hare Krishna)
Meu Doce Senhor (Krishna Krishna)
Meu Senhor (Hare Hare)
Hm, hm (Gurur Brahma)
Hm, hm (Gurur Vishnu)
Hm, hm (Gurur Devo)
Hm, hm (Maheshwara)
Meu Doce Senhor (Gurur Sakshaat)
Meu Doce Senhor (Parabrahma)
Meu, meu, meu Senhor (Tasmayi Shree)
Meu, meu, meu, meu Senhor (Guruve Namah)
Meu Doce Senhor (Hare Rama)
(Hare Krishna) Meu Doce Senhor
(Hare Krishna) Meu Doce Senhor
(Krishna Krishna) Meu Senhor
(Hare Hare)

George Harrison (1943-2001)
Tradução: Luiz R. Costa

sábado, 11 de dezembro de 2010

Delicadeza

Thierry Lagandr

Nem tudo o que escrevo resulta numa realização,
resulta numa tentativa.
O que também é um prazer.
Pois nem em tudo eu quero pegar.
Às vezes quero apenas tocar.
Depois o que toco às vezes floresce
e os outros podem pegar
com as duas mãos.

Clarice Lispector (1920-1977)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A quinze metros do arco-íris

“A quinze metros do arco-íris o sol é cheiroso.
Caracóis não aplicam saliva em vidros; mas,
nos brejos, se embutem até o latejo.
Nas brisas vem sempre um silêncio de garças.
Mais alto que o escuro é o rumor dos peixes.
Uma árvore bem gorjeada, com poucos segundos,
passa a fazer parte dos pássaros que a gorjeiam.
Quando a rã de cor palha está para ter —
ela espicha os olhinhos para Deus.
De cada vinte calangos, enlanguescidos por estrelas,
quinze perdem o rumo das grotas.
Todas estas informações têm soberba
desimportância científica — como andar de costas”.

Manoel de Barros

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A César o que é de César

A César o que é de César
Líder da bancada do agronegócio no Congresso e fiel defensora das propostas de mudanças no Código Florestal brasileiro, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) recebeu das mãos de uma ativista do movimento indígena da Amazônia, junto com o Greenpeace, o prêmio Motosserra de Ouro, símbolo de sua luta incansável pelo esfacelamento da lei que protege as florestas do país.
A ativista tentou presentear Kátia Abreu com uma réplica dourada do instrumento usado para desmatar florestas no lobby do hotel em que está hospedada em Cancún, onde participa da 16ª Conferência de Clima da ONU (COP16). A senadora desprezou o agrado, visivelmente irritada, e deixou para a ativista apenas os comentários irônicos de seus assessores.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Humanos são primatas que negociam

“Humanos são primatas que negociam
A humanidade deverá superar todos os seus problemas.
Nosso segredo? Gostamos de comprar, vender e trocar”.

Matt Ridley

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Casimiro de Abreu

Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!

Nessas horas de silêncio
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de magoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.

Então - Proscrito e sozinho -
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
Saudades - Dos meus amores
Saudades - Da minha terra!

Casimiro de Abreu (1839-1860)