Os nerds contra-atacam.
Com "A Rede Social", longa sobre a criação do Facebook, Hollywood retrata pela primeira vez o momento em que o capitalismo deixa de obedecer apenas a homens de terno e se rende a jovens esquisitos com moletons de capuz.
Nerd leva fora de namorada e, transtornado por algumas cervejinhas, decide entrar na rede de computadores de Harvard para expor fotos de alunas ao julgamento estético e sexual de outros manés como ele. Punido pela universidade, tornado um pária entre as meninas, o hacker associa-se a outros colegas para, supostamente, dar melhor consequência a seu talento. Em pouco tempo, briga com todo mundo e hoje, aos 26 anos, administra uma fortuna pessoal de quase US$ 7 bilhões, feita em cima da rede virtual de relacionamentos que começou a ser inventada em 2003 como vingança de um prosaico pé na bunda e atualmente congrega mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo.
Há dez anos, nenhum executivo de Hollywood com amor a seu Armani apostaria US$ 1 nesse argumento. É tudo esquemático demais, mirabolante demais e, sobretudo, rápido demais para alcançar o mínimo de verossimilhança necessário à indústria do cinema.
Pela primeira vez na história do cinema, o capitalista deixa de ser um ganancioso engravatado, como Gordon Gekko, o personagem de Michael Douglas no filme de Oliver Stone sobre o coração financeiro de Nova York. Talvez porque, pela primeira vez, uma parte importante do grande capital esteja na mão de gente que não dispensa moletom de capuz e chinelo com meia, o figurino principal de Mark Zuckerberg, protagonista do filme dirigido por David Fincher e, de forma mais impressionante, de sua própria história.
Não há sentimentos épicos ou dúvidas shakespearianas, apenas a indiferença cool diante do mundo que ele mesmo transforma. Seu Rosebud talvez seja um e-mail daquela namorada que o desprezou. Mas isso fica para um próximo filme.
Paulo Roberto Pires – Revista Bravo
Há dez anos, nenhum executivo de Hollywood com amor a seu Armani apostaria US$ 1 nesse argumento. É tudo esquemático demais, mirabolante demais e, sobretudo, rápido demais para alcançar o mínimo de verossimilhança necessário à indústria do cinema.
Pela primeira vez na história do cinema, o capitalista deixa de ser um ganancioso engravatado, como Gordon Gekko, o personagem de Michael Douglas no filme de Oliver Stone sobre o coração financeiro de Nova York. Talvez porque, pela primeira vez, uma parte importante do grande capital esteja na mão de gente que não dispensa moletom de capuz e chinelo com meia, o figurino principal de Mark Zuckerberg, protagonista do filme dirigido por David Fincher e, de forma mais impressionante, de sua própria história.
Não há sentimentos épicos ou dúvidas shakespearianas, apenas a indiferença cool diante do mundo que ele mesmo transforma. Seu Rosebud talvez seja um e-mail daquela namorada que o desprezou. Mas isso fica para um próximo filme.
Paulo Roberto Pires – Revista Bravo
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