A obra contra revolucionária da Opus Dei A Santa Máfia
Já se completam mais de 80 anos da organização católica Opus Dei, até pouco desconhecida, apresentada geralmente como um tipo seita, sociedade secreta. No entanto, a ideia de “seita” só serviu para ocultar o fato de que esta poderosa organização formou dentro da Igreja um lobby político decisivo e se fundiu ao longo dos seus oitenta anos com todos os governos de direita e extrema-direita, apoiando ditaduras militares na América Latina.
A América Latina é um dos principais redutos da Igreja Católica, que se apoia sobre as estruturas políticas e econômicas atrasadas do continente. Não por acaso houve várias ditaduras militares nas últimas décadas. A Igreja exerce nesta parte do mundo forte influência ideológica entre a classe operária e apoiou todas as ditaduras de direita contra o Ascenso revolucionário dos trabalhadores. Uma das principais frentes da direção da Igreja na América Latina foi o combate à crescente influência da Teologia da Libertação, escola fundada pelo teólogo peruano Gustavo Gutiérrez, levado à frente também pelo norte-americano Cornell West e pelo brasileiro Leonardo Boff. O Vaticano passou a combater essas idéias com vigor, dando a tarefa à Opus Dei no combate aborto.
Sempre que os militares estiveram no poder a Opus Dei esteve muito à vontade. A Opus Dei está por trás de golpes e tentativas de golpes contra os governos que não lhe convinham e que não convinham ao imperialismo e à burguesia local.
No Brasil A Opus Dei teve bastante influência no maior e mais importante País da América Latina. Seus trabalhos no Brasil tiveram início a partir de 1957, em Marília, no estado de São Paulo, quando o então bispo D. Hugo Bressane de Araújo insistiu com José Maria Escrivá que fosse instituído um centro da Opus Dei no País.
Nesta mesma cidade foi fundado também um centro feminino, iniciado com os trabalhos da professora Gabriela Malvar Fonseca, da nutricionista Rosário Alonso e da filósofa Maria Clara Constantino.
Como previsto, um ano depois a Opus Dei foi erguida em São Paulo, capital, num apartamento improvisado na Rua Piauí, mas logo depois começaram a fundar centros da Opus Dei em residências universitárias para atrair jovens estudantes de classe média.
O primeiro brasileiro da Opus Dei a se ordenar sacerdote foi o Monsenhor Pedro Barreto Celestino, que após um período em Roma recebeu do próprio Escrivá sua ordenação sacerdotal, em 1971.
A partir de 1975 já realizavam várias atividades culturais e sociais para agregar mais fieis. A essa altura já haviam inaugurado sedes no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Londrina, Brasília, Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Niterói e muitas outras cidades, onde atuaram com trabalhos menores, porém sempre centralizados pela Opus Dei em São Paulo. Até a década de 70, a Opus Dei dividia ainda a simpatia dos católicos de extrema-direita com a Tradição, Família e Propriedade (TFP).
A Opus Dei tem forte presença nas universidades, principalmente na USP (Universidade de São Paulo), nas Faculdades de Direito e Medicina. Vários membros e cooperadores da Opus Dei fazem parte do corpo docente universitário.
Além das universidades, a Opus Dei possui também grande influência no meio jurídico. Já na década de 50 essa era uma das suas principais instâncias de atuação. Um dos principais membros em São Paulo foi José Geraldo Rodrigues Alckmin, nomeado ministro do STF (Superior Tribunal Federal) pelo governo Médici, em 1972, e tio do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, este também membro da Opus Dei.
No ramo financeiro, não é difícil identificar as ligações da “Obra” brasileira com a espanhola, de onde surgiu e o seu alinhamento com o chamado modelo neoliberal decretado pelos capitalistas depois do período das ditaduras militares.
Com seus membros empregados na cúpula do Banco Santander, esta instituição comprou o Banespa e o Meridional, enquanto que o BBVA (Banco Bilbao Vizcaya Argentária) recebeu os ativos do Banco Excel-Econômico durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Seu monopólio atinge também a imprensa. Não só no Brasil, mas em muitos outros países latino americanos, como o El Observador, no Uruguai; o El Mercúrio, no Chile; o La Nación, na Argentina e O Estado de S. Paulo, no Brasil.
O membro mais importante da Opus Dei na imprensa brasileira é o professor de pós-graduação da Universidade de Navarra, Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do Estadão e da Rádio Eldorado. Outro importante membro é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro da Gazeta do Povo, no Paraná.
O principal nome da organização no Brasil é o jurista Ives Gandra da Silva Martins. Assim, como ele, um número expressivo de figuras influentes no interior da burguesia pertencem discretamente à seita católica fascistóide.
Com o carimbo do Vaticano, a Opus Dei, um dos pilares da Igreja Católica e da propagação a ideologia de extrema-direita e do imperialismo, realiza neste momento uma campanha profundamente reacionária contra os direitos básicos das mulheres e contra métodos científicos avançados para a cura de doenças, como o uso das células-tronco e embriões em pesquisas científicas etc.
Vimos muito bem isso na Campanha a presidência de José Serra onde o tema aborto virou centro da atenção.
Os trabalhadores da cidade e do campo, o movimento popular e operário em todo o País, bem como a juventude, as mulheres e os negros devem prestar a máxima atenção aos desenvolvimentos desta campanha pelo aumento da repressão no país conduzida pelo imperialismo mundial, pelos grandes capitalistas nacionais, pela direita e pela Igreja.