sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Aldo de Sá Brito Souza Neto

Aldo de Sá Brito Souza Neto
Nasceu em 20 de janeiro de 1951, no Rio de Janeiro, filho de Aldo Leão de Souza e Therezinha Barros Câmara de Souza.
Concluiu o ginásio no Colégio Santo Inácio e fez o curso científico no Colégio Mallet Soares, no Rio de Janeiro.
Como militante da ALN (Ação Libertadora Nacional),foi do Comando Regional da organização. Preso no dia 2 de janeiro de 1971 pelos agentes do DOI-CODI de Belo Horizonte, sendo imediatamente torturado, juntamente com outros companheiros.
Jornais do dia seguinte publicaram a notícia de sua prisão como decorrência de uma frustrada ação armada. Entretanto, Aldo, que acabara de chegar do Rio de Janeiro, foi preso como suspeito na participação do sequestro do embaixador da Suíça no Brasil (até aquele momento ainda em curso), Giovanne Enrico Bucher.
Dois dias após a sua prisão, os jornais publicaram um desmentido.
Aldo, já muito torturado, passou a ser castigado com a chamada "Coroa de Cristo", fita de aço que vai sendo gradativamente apertada, esmagando aos poucos o crânio da vítima.
No dia 6 de janeiro, não resistindo a tão bárbaros sofrimentos, morreu com o crânio apresentando um afundamento de cerca de 2 cm.
Apesar do testemunho dos companheiros de prisão, os órgãos de repressão divulgaram nota oficial noticiando que sua morte fora em decorrência da tentativa de fuga, ao saltar do terceiro andar de um prédio.
A certidão de óbito atesta sua morte em 7 de janeiro de 1971, sendo firmada por outro médico, que não participou da necrópsia, o Dr. Djezzar Gonçalves Leite. Informa que Aldo morreu no Hospital Militar (BH/MG), sendo enterrado pela família em Cemitério do Rio de Janeiro.
Hoje ele estaria fazendo 61 anos.
Palavrador
lavra,
palavra
palavra
palenta,
palenta
paluta
de labuta
sol a sol:
só palavra.
látego de consciência,
premência que escalavra
sílaba à sílaba
a fibra da alma bruta
que brota
lenta,
lenta,
de uma palavra
muda.

farfalhantes palavras
de florescente consciência
que lavra,
que lavra
palavra,
fruto da língua
gélida e morta.
muda lambida
de flor e desejo
desabrochando ensejo
de vida.

muda a lenta
muda a luta
da palavra muda.

silêncio de semente
florescendo aos ventos,
farfalhando aos tempos.

sim à palavra
que muda,
à sílaba escrita,
à sílabainscrita
na consciência
que brota
da semente
da flor muda
e transcende
o suor da labuta
e o sangue da vida
que luta
que luta
em lenta
e muda
palavra
semeando
em branca folha
farfalhante consciência
do ser lenta,
do ser lenta,
do ser a labuta
do porque luta.

Raul Longo

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