Primeiro Livro Realista da Literatura
John William Waterhouse - The Decameron
A estrutura do Decameron, obra-prima de Boccaccio, é composta de cem contos e novelas.
A Primeira Jornada começa por uma descrição dos efeitos da Peste Negra nas cidades, e assim justifica a razão para o encontro casual, em pleno campo, dos dez jovens de Florença, que darão voz às histórias.
Eles se dirigem para um local, a duas milhas da cidade, onde encontram um palácio curiosamente vazio e arrumado, dotado de excelente adega. Ali será o palco de o Decameron.
Eleita Pampinéia para dirigi-los na primeira noite de histórias, esta principia dando ordens aos criados de cada um, dividindo as tarefas para o bom andamento das jornadas.
O "papel" principal de cada Rei ou Rainha é o de determinar a temática das estórias a serem narradas.
Decameron: – vocábulo com origem no grego antigo: deca, "dez", hemeron, "dias", é uma coleção de cem novelas escritas por Giovanni Boccaccio entre 1348 e 1353. A obra é considerada um marco literário na ruptura entre a moral medieval, em que se valorizava o amor espiritual, e o início do realismo, iniciando o registro dos valores terrenos, que veio redundar no humanismo; nele não mais o divino, mas a natureza, dita o móvel da conduta do homem. Foi escrito em dialeto toscano.
A Primeira Jornada começa por uma descrição dos efeitos da Peste Negra nas cidades, e assim justifica a razão para o encontro casual, em pleno campo, dos dez jovens de Florença, que darão voz às histórias.
Eles se dirigem para um local, a duas milhas da cidade, onde encontram um palácio curiosamente vazio e arrumado, dotado de excelente adega. Ali será o palco de o Decameron.
Eleita Pampinéia para dirigi-los na primeira noite de histórias, esta principia dando ordens aos criados de cada um, dividindo as tarefas para o bom andamento das jornadas.
O "papel" principal de cada Rei ou Rainha é o de determinar a temática das estórias a serem narradas.
Decameron: – vocábulo com origem no grego antigo: deca, "dez", hemeron, "dias", é uma coleção de cem novelas escritas por Giovanni Boccaccio entre 1348 e 1353. A obra é considerada um marco literário na ruptura entre a moral medieval, em que se valorizava o amor espiritual, e o início do realismo, iniciando o registro dos valores terrenos, que veio redundar no humanismo; nele não mais o divino, mas a natureza, dita o móvel da conduta do homem. Foi escrito em dialeto toscano.
Franz Xavier Winterhalter – The Decameron
A obra e seu Contexto
Decameron marca com certa nitidez o período de transição vivido na Europa com o fim da Idade Média, após o advento da Peste Negra - aliás é neste período de terror que a narrativa se passa.
Dez jovens (sete moças e três rapazes) fogem das cidades tomadas pela pandemia que dizimava impiedosamente o continente europeu ao se recolherem a uma casa de campo. Aconselhados por Pampinéia, a mais velha entre as mulheres, estabeleceram que escolheriam um chefe para o grupo para cada dia. Sendo ela a primeira escolhida, definiu: "(...)Para os que vierem depois, o processo de escolha será o seguinte: quando se vier aproximando a hora do surgimento de Vênus, no céu, à tarde, o chefe será, à vez de cada um, escolhido por aquele, ou aquela, que estiver comandando durante o dia.(...)"
Decameron rompendo com a mítica literatura medieval. As circunstâncias descritas em Decameron têm o senso medieval de numerologia e significados místicos. Por exemplo, é amplamente acreditado que as sete moças representam as Quatro Virtudes Cardinais (Prudência, Justiça, Fortaleza, Temperança) e as Três Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade). E mais além é suposto que os três homens representam a Divisão da Alma em Três Partes (Razão, Ira e Luxúria) da tradição helênica.
As moças tinham idade entre 18 e 28 anos, eram bonitas e de origem nobre, e seu comportamento honesto. Agrupadas por acaso na igreja de Santa Maria Novela, resolvem continuar juntas e logo surgem três moços, com idade a partir dos 25 anos, agradáveis e bem educados, que procuravam suas amadas, que eram 3 das moças ali reunidas.
Dez jovens (sete moças e três rapazes) fogem das cidades tomadas pela pandemia que dizimava impiedosamente o continente europeu ao se recolherem a uma casa de campo. Aconselhados por Pampinéia, a mais velha entre as mulheres, estabeleceram que escolheriam um chefe para o grupo para cada dia. Sendo ela a primeira escolhida, definiu: "(...)Para os que vierem depois, o processo de escolha será o seguinte: quando se vier aproximando a hora do surgimento de Vênus, no céu, à tarde, o chefe será, à vez de cada um, escolhido por aquele, ou aquela, que estiver comandando durante o dia.(...)"
Decameron rompendo com a mítica literatura medieval. As circunstâncias descritas em Decameron têm o senso medieval de numerologia e significados místicos. Por exemplo, é amplamente acreditado que as sete moças representam as Quatro Virtudes Cardinais (Prudência, Justiça, Fortaleza, Temperança) e as Três Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade). E mais além é suposto que os três homens representam a Divisão da Alma em Três Partes (Razão, Ira e Luxúria) da tradição helênica.
As moças tinham idade entre 18 e 28 anos, eram bonitas e de origem nobre, e seu comportamento honesto. Agrupadas por acaso na igreja de Santa Maria Novela, resolvem continuar juntas e logo surgem três moços, com idade a partir dos 25 anos, agradáveis e bem educados, que procuravam suas amadas, que eram 3 das moças ali reunidas.
Raffaelo Sorbi - The Decameron
A Peste
A narrativa oferecida por Boccaccio sobre o flagelo da peste negra que dizimara a Europa constitui um verdadeiro documento acerca desta praga que devastara o continente. Seu relato ilustra a doença (suas manifestações, evolução, sintomas, etc), bem como a reação das pessoas diante da perspectiva de uma morte horrenda, a ineficácia da religião católica dominante até aquele momento e de uma medicina quase ou totalmente ineficaz...
Estimando as vítimas em Florença e arredores em cem mil mortos, o autor revela também dois tipos principais de conduta: um, da luxúria desenfreada (as pessoas que passavam a beber e entregar-se aos prazeres); outro, onde pessoas se recolhiam, fechadas em grupos, orando e praticando o ascetismo – além de tantos que agiam entre estes dois tipos, adotando condutas intermediárias. Numerosas levas de gente saíam das cidades, vagando pelos campos, reunindo-se nas igrejas. Foi numa delas que encontrou-se o inusitado grupo que serve como narrador do Decameron.
A forma inovadora e realista na qual os contos foram escritos por Boccaccio fez com que o Decameron se tornasse uma fonte de referência para muitos escritores vindouros.
O primeiro conto (que fala do falso “São Ciappelletto”) foi depois vertido para o latim por Olímpia Fulvia Morata, e depois por Voltaire. Molière usou esta segunda tradução para criar a personagem título do seu Tartufo.
Martinho Lutero revisa o segundo conto, no qual um judeu se converte ao catolicismo após visitar Roma e ver a corrupção da hierarquia católica. Mas na sua versão ele e Philipp Melanchthon tentam converter o judeu em visita a Roma.
A parábola dos anéis (terceiro conto) está presente na obra de Gotthold Ephraim Lessing, em seu livro Nathan der Weise – um apelo à tolerância religiosa. Numa carta a seu irmão, datada de 11 de agosto de 1778 ele diz claramente ter conseguido sua história no Decameron. Jonathan Swift também utilizou esta mesma história para A Tale of a Tub, seu primeiro trabalho publicado, uma bem humorada sátira religiosa. Shakespeare fez uma tradução para o inglês do conto Frederico de Jennen, cujo enredo foi baseado no nono conto da segunda jornada. E “O Mercador de Veneza” teve clara influência do nono conto da terceira jornada.
Antonio Vivaldi escreveu a sua ópera Griselda sobre o argumento da décima novela da décima jornada.
Molière e Félix Lope de Vega usaram o terceiro conto da terceira jornada como base para suas respectivas peças teatrais: L'ecole de maris e Discreta enamorada. Percy Bysshe Shelley, Alfred Tennyson, e muitos outros beberam na fonte do Decameron em muitas de suas obras – uma influência que perpassa através dos séculos e das escolas literárias.
Não apenas Boccaccio influenciou os pósteros, foi ele próprio influenciado por outros autores, não apenas italianos, franceses e latinos – alguns de seus contos parecem ter sua origem remota em lugares como a Espanha, Pérsia, Índia, etc.
Os contos do Decameron ultrapassam seus antecedentes, em complexidade, qualidade e capacidade narrativa. Embora muito poucos deles sejam longas narrativas, têm como características diálogos verossímeis, que prendem a atenção do leitor, de forma que suas ações e conclusão sejam perfeitamente lógicas em seu contexto.
Boccaccio também tornava as histórias que eram já conhecidas mais complexas e inteligentes. Um claro exemplo disso é o sexto conto da nona jornada, baseada num conto do francês Jean de Boves, em que desce a detalhes ao narrar as mudanças de camas ocorridas durante a noite, bem como a passagem da esposa do anfitrião por todas elas – que são elementos criado por Boccaccio, tornando a história mais humorística e complexa.
Estimando as vítimas em Florença e arredores em cem mil mortos, o autor revela também dois tipos principais de conduta: um, da luxúria desenfreada (as pessoas que passavam a beber e entregar-se aos prazeres); outro, onde pessoas se recolhiam, fechadas em grupos, orando e praticando o ascetismo – além de tantos que agiam entre estes dois tipos, adotando condutas intermediárias. Numerosas levas de gente saíam das cidades, vagando pelos campos, reunindo-se nas igrejas. Foi numa delas que encontrou-se o inusitado grupo que serve como narrador do Decameron.
A forma inovadora e realista na qual os contos foram escritos por Boccaccio fez com que o Decameron se tornasse uma fonte de referência para muitos escritores vindouros.
O primeiro conto (que fala do falso “São Ciappelletto”) foi depois vertido para o latim por Olímpia Fulvia Morata, e depois por Voltaire. Molière usou esta segunda tradução para criar a personagem título do seu Tartufo.
Martinho Lutero revisa o segundo conto, no qual um judeu se converte ao catolicismo após visitar Roma e ver a corrupção da hierarquia católica. Mas na sua versão ele e Philipp Melanchthon tentam converter o judeu em visita a Roma.
A parábola dos anéis (terceiro conto) está presente na obra de Gotthold Ephraim Lessing, em seu livro Nathan der Weise – um apelo à tolerância religiosa. Numa carta a seu irmão, datada de 11 de agosto de 1778 ele diz claramente ter conseguido sua história no Decameron. Jonathan Swift também utilizou esta mesma história para A Tale of a Tub, seu primeiro trabalho publicado, uma bem humorada sátira religiosa. Shakespeare fez uma tradução para o inglês do conto Frederico de Jennen, cujo enredo foi baseado no nono conto da segunda jornada. E “O Mercador de Veneza” teve clara influência do nono conto da terceira jornada.
Antonio Vivaldi escreveu a sua ópera Griselda sobre o argumento da décima novela da décima jornada.
Molière e Félix Lope de Vega usaram o terceiro conto da terceira jornada como base para suas respectivas peças teatrais: L'ecole de maris e Discreta enamorada. Percy Bysshe Shelley, Alfred Tennyson, e muitos outros beberam na fonte do Decameron em muitas de suas obras – uma influência que perpassa através dos séculos e das escolas literárias.
Não apenas Boccaccio influenciou os pósteros, foi ele próprio influenciado por outros autores, não apenas italianos, franceses e latinos – alguns de seus contos parecem ter sua origem remota em lugares como a Espanha, Pérsia, Índia, etc.
Os contos do Decameron ultrapassam seus antecedentes, em complexidade, qualidade e capacidade narrativa. Embora muito poucos deles sejam longas narrativas, têm como características diálogos verossímeis, que prendem a atenção do leitor, de forma que suas ações e conclusão sejam perfeitamente lógicas em seu contexto.
Boccaccio também tornava as histórias que eram já conhecidas mais complexas e inteligentes. Um claro exemplo disso é o sexto conto da nona jornada, baseada num conto do francês Jean de Boves, em que desce a detalhes ao narrar as mudanças de camas ocorridas durante a noite, bem como a passagem da esposa do anfitrião por todas elas – que são elementos criado por Boccaccio, tornando a história mais humorística e complexa.
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