domingo, 23 de dezembro de 2012

Estrela da vida inteira

Olho a praia. A treva é densa.
Ulula o mar, que não vejo,
Naquela voz sem consolo,
Naquela tristeza imensa
Que há na voz do meu desejo.

E nesse tom sem consolo
Ouço a voz do meu destino:
Má sina que desconheço,
Vem vindo desde eu menino,
Cresce quanto em anos cresço.

― Voz de oceano que não vejo
Da praia do meu desejo...

Manuel Bandeira (1886-1968)

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