terça-feira, 10 de março de 2015

Grandes Paixões

Eneias e Dido
Pierre-Narcisse Guérin - Eneias e Dido
A história de Eneias e Dido aparece na obra “ A Eneida”, obra da autoria de Virgílio (poeta romano). Nesta obra apresenta-nos Eneias como herói troiano.
Aquando da destruição da sua cidade Tróia, o herói viu-se obrigado a fugir, levando consigo o seu velho pai, daí o nome "Dius Eneias", alguns companheiros e os deuses troianos. Navegando pelo mar Mediterrâneo, Eneias acaba por ancorar em Cartago. Esta cidade era governada pela rainha Dido.
Eneias partira de Tróia com o compromisso de formar uma nova cidade. Eneias é um príncipe troiano mencionado na Ilíada, é filho de Anquises e de Afrodite. Pertence a um ramo mais jovem da família real de Tróia; em valentia, é apenas excedido por Heitor. Graças à sua piedade, goza da proteção dos deuses que, em duas ocasiões, o salvam da morte em combate. Num desses períodos, o deus Poseidon anunciou que Eneias sobrevivera à destruição de Tróia e que a realeza futura dos troianos lhe pertencerá e aos seus descendentes.
A literatura latina do séc. III a.C. em diante aproveita e considera-o antepassado lendário do povo romano: assim faz Névio, Énio, Fábio Pictor, Catão, Varrão e finalmente Virgílio que dele faz o protagonista da Eneida. A tradição variada e complexa pode considerar-se sistematizada nas seguintes linhas gerais: saído de Tróia na companhia do velho pai, Anquises e do filho Ascânio ou Iulo, ainda pequeno e trazendo consigo piedosamente os deuses ancestrais alcança finalmente a Itália, depois de errões e aventuras, e estabelece-se no lácio. Aí casa com Lavínia, filha do rei latinus, e funda Lavínia. O seu filho Ascânio ou Iulo fundará mais tarde Alba longa, cidade de que virá a provir Roma. Séculos mais tarde, Rómulo, descendente de Eneias, fundará Roma.
Nas suas peregrinações, depois da fuga de Tróia, aportou em Cartago, onde decorre o episódio amoroso com a rainha Dido. A qualidade dominante do herói é a reverência pelos deuses já conhecida dos gregos. Em Virgílio a "pietas" piedade de Eneias compreende também o profundo respeito filial e o culto dos antepassados.
Segundo algumas vozes, Dido, filha do rei de Tiro, Belus, também conhecida por Elisa, viúva de Siqueu, refugiou-se no norte de África, onde fundou Cartago. O rei local, Iarbas, que lhe concedera terras para a fundação da cidade quis forçá-la a casar consigo. Para ser fiel à memória do marido e escapar a novas núpcias, suicidou-se numa pira funerária.
No entanto, segundo a tradição romana, Eneias visitara a rainha em Cartago, no decurso da sua viagem para Itália. Os amores de Dido e Eneias vinham possivelmente já do Bellun Punicun de Névio e a lenda deve ter obtido maior voga durante as guerras Púnicas, surgindo como explicação remota das hostilidades entre Roma e Cartago. A reputação de Dido como heroína amorosa vem da Eneida, de Virgílio, onde a rainha é a mais coerente e humana figura de quantas aparecem na epopeia. O drama de Dido deve-se ao facto de Eneias ser forçado, depois de uma noite de amor, a abandoná-la, para cumprimento do destino heroico que o manda fundar Roma, acabando a rainha por suicidar-se.
Eneias parte de Tróia com o compromisso de formar uma nova cidade. O amor que Eneias desperta em Dido constitui a grande passagem lírica do imortal poema - A Eneida. Eneias conta à rainha a tomada de Tróia, o ardil concebido por Ulisses e relata as viagens que empreendera até chegar a Cartago. Dido, depois de uma noite de amor e acometida de grande paixão, roga a Eneias para não a deixar. O príncipe surdo às súplicas resolve continuar viagem. Dido, não resistindo ao abandono, busca no suicídio alívio para a sua desventura.
William Turner - Dido construindo Cartago
Eneias segue para a Sicília e, em memória a seu pai, visita os campos Elísios, lugar no qual os romanos julgavam estar as almas dos mortos. Lá tem um colóquio com o pai, que lhe mostra a raça de varões ilustres, os quais descenderão de Eneias e farão a grandeza do povo latino.
Eneias atinge o Lácio é bem acolhido pelo rei latino, que lhe promete a sua filha única, Lavínia, herdeira do trono. Com isso não concorda Turno, rei dos Rútulos, povo também de origem latina. Eclode a inevitável guerra. Ferem-se vários combates e quando tudo indica a derrota dos troianos, Eneias volta ao campo munido de um escudo que lhe fizera Vulcano e muda a sorte da luta. Eneias é ferido pelos guerreiros adversários, mas Vênus, envolvida numa nuvem escura, cura-lhe a ferida. O herói recupera, e volta ao duelo com Turno, a espada de Turno parte-se, e este foge. Eneias persegue-o, alcança-o e mata-o.

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