sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Democracia

Sou democrata na medida em que
amo o livre sol nos homens
e aristocrata na medida em que
detesto as possessivas tacanhas criaturas.

Amo o sol em qualquer,
quando o vejo na fronte,
claro, sem temor, ainda que frágil.

Mas, quando vejo os pardos homens prósperos,
hórridos e cadavéricos, inteiramente sem sol,
como obscenos escravos prósperos
saracoteando-se mecanicamente,
então sou mais que radical, desejo a guilhotina.

E quando vejo os que trabalham,
pálidos e vis como insetos, às corridas
e como piolhos vivendo, com dinheiro contado
e sem nunca erguer os olhos, então, como Tibério,
desejo que a multidão tivera uma cabeça para decepá-la
de um só golpe. Eu penso que, quando as gentes
perderam totalmente o sol, não têm direito de existir.

D. H. Lawrence (1885-1930)
Tradução: Leonardo Fróes

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