Francesco Hayez - Cruzados sedentos perto de Jerusalém
No entanto, essa barbárie dos povos do Ocidente não se assemelhava à dos turcos, cuja religião e costumes repeliam toda espécie de civilização e de luz [...]. Foi nas vizinhanças de Helenópolis que os cruzados viram acorrer para suas tendas vários soldados do exército de Pedro, que, tendo fugido à matança, tinham se escondido nas montanhas e nas florestas vizinhas. Uns estavam cobertos de andrajos, outros, nus, muitos, feridos. Mortos de fome, sustentavam dificilmente os restos de uma vida miserável, que tinham disputado, por sua vez, às estações do ano e à barbárie dos turcos. O aspecto desses infelizes fugitivos, a narração de suas misérias espalharam a tristeza no exército cristão; correram lágrimas de todos os olhos, quando souberam dos desastres dos primeiros soldados da cruz [...]. Os cruzados avançavam em silêncio, encontrando por toda a parte ossadas humanas, trapos e bandeiras, lanças quebradas, armas cobertas de poeira e de ferrugem, tristes restos de um exército vencido. No meio desses quadros sinistros, não puderam ver, sem estremecer de dor, o acampamento onde [...] os cristãos tinham sido surpreendidos pelos muçulmanos, mesmo no momento em que seus sacerdotes celebravam o sacrifício da Missa. As mulheres, as crianças, os velhos, todos os que a fraqueza ou a doença conservava sob as tendas, perseguidos até os altares, tinham sido levados para a escravização ou imolados por um inimigo cruel. A multidão dos cristãos massacrada naquele lugar, tinha ficado sem sepultura.
J. F. Michaud. História das cruzadas. São Paulo: Ed. das Américas, 1956. p. 58.
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