terça-feira, 8 de outubro de 2013

Rasputin - As Origens de um Devasso

Clive Uptton - Grigori Rasputin
Pouco se sabe sobre a vida de Grigori Rasputin antes de ele começar a fazer parte da corte russa. Estima- se que ele nasceu em 22 de janeiro de 1869, na aldeia de Pokroskoye, em Tolbolks, na Sibéria. O monge era filho de um camponês siberiano, e já em sua terra natal ganhou a alcunha de Rasputin, que em russo significa "devasso". O envolvimento com bebidas, mulheres e brigas ajudou a compor o personagem de curandeiro doido. Além disso, pouco mais se sabe sobre sua vida pregressa, embora corram boatos a respeito de uma viagem ao Oriente Médio, um casamento, e algumas peregrinações. Dizem que ele tinha comportamento rude e era semi-analfabeto.
Ao contrário da sobriedade e discrição da Igreja Ortodoxa Russa, Rasputin era adepto da seita dos "flagelantes". Acreditava que o caminho da redenção espiritual passava pela entrega ao pecado e o arrependimento era o caminho para a iluminação.
A maioria dos pesquisadores costuma concordar que Rasputin participou de uma seita chamada Khlysty, que significa "flagelantes". Esse grupo doutrinário foi banido pela Igreja Ortodoxa por pregar que todos os desejos dos homens deveriam ser satisfeitos, e expressava seu fervor religioso por meio da realização de orgias noturnas. Essa era a filosofia de Rasputin: o caminho para a redenção passava pela entrega ao pecado, que era seguida do arrependimento. Foi durante o período em que passou entre os seguidores da seita que ele teria desenvolvido seu dom para magnetizar e impressionar as pessoas.
Além da vida religiosa, dizem que Rasputin casou com uma mulher, com quem teve quatro filhos. Um dos meninos morreu quando ainda era criança. O outro sofria de retardo mental e ficou com a mãe na aldeia siberiana. As duas filhas foram para São Petersburgo com o pai, e lá foram educadas e viveram com Rasputin até ele morrer, embora não se exista nenhum registro do destino delas após a morte do monge.
Rasputin teria visto o "caminho da iluminação" depois de passar alguns meses em um mosteiro siberiano, onde se tornou um starets, termo russo que se refere a líderes espirituais. Ele costumava dizer: "se para a salvação do espírito é necessário o arrependimento, para o arrependimento acontecer é preciso o pecado. Então o espírito que quer ser salvo, deve começar a pecar o quanto antes".
Durante uma de suas peregrinações, Rasputin foi parar em São Petersburgo, capital da Rússia até 1918. Lá, o monge começou a curar as pessoas por meio do mesmo método que depois usou com o filho do czar: se jogava no chão e começava a rezar. Dizem que todos os enfermos saiam das sessões curados. O curandeiro procurou o padre João de Kronstadt, o mais venerado da cidade. Diante do clérigo, Rasputin se apresentou como um pecador arrependido. Sua humildade e habilidade como pregador arrebatado impressionou Kronstadt, a ponto de ele e outros religiosos o considerarem apto a trabalhar junto aos camponeses analfabetos. Foi assim que Rasputin conquistou admiradores em São Petersburgo, e acabou sendo apresentado ao czar Nicolau II. Os tempos de andanças e fome acabaram para o curandeiro.
Sérgio Pereira Couto
Revista Leituras da História

Nenhum comentário: