Transatlântico Príncipe de Astúrias - o "Titanic brasileiro". Fabricado em 1914 encerrou seus dias de glória nos rochedos de Ilhabela (SP), em 1916, levando para o fundo do mar a vida de muitas pessoas.
O naufrágio ocorreu na noite de carnaval em 6 de março de 1916 no Litoral de São Paulo matando mais de 1200 pessoas e deixando um rastro de morte nas praias locais. Registros indicam que havia 8ton de ouro a bordo além de muitas outras riquezas. Teorias conflitantes tentam explicar as causas do desastre, enquanto piratas inescrupulosos tentam retirar as riquezas que jazem sobre a carcaça do navio.
O navio se dirigia ao porto de Santos, fazendo sua sexta viagem à América do Sul. Levava oficialmente 588 pessoas entre passageiros e tripulantes, embora houvesse a informação de que cerca de 800 imigrantes viajavam clandestinamente nos porões, fugindo da I Guerra Mundial. Entre as cargas importantes, o navio levava 12 estátuas de bronze (que fariam parte do monumento La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas, em Buenos Aires) e uma suposta quantia de 40 000 libras em ouro. Chovia forte e a visibilidade era baixíssima, quando, por volta das 4h20 da madrugada, o comandante, José Lotina, viu um raio, que indicou o quão próximo o navio estava da terra. Ele ordenou toda a foça a ré e que o leme fosse desviado completamente para boreste (direita), mas era tarde demais. O navio bate violentamente nos rochedos na Ponta do Boi na Ilha de São Sebastião, no litoral de São Paulo e afunda em cerca de 10 minutos. Em um dos piores naufrágios da história do Brasil, oficialmente 445 pessoas morrem e apenas 143 sobreviveram.
A história do Príncipe de Astúrias é um dos assuntos preferidos dos arqueólogos submarinos brasileiros. Eles lembram que, em 1916, o Brasil ocupava uma posição de neutralidade na Primeira Guerra Mundial e só se aliaria à Inglaterra no ano seguinte. Naquela época, o transatlântico vindo de Barcelona com mais de mil pessoas a bordo fez uma parada em Salvador no seu curso até Buenos Aires. Naufragou em meio a um nevoeiro na Ponta da Pirabura, uma laje submersa capaz de esmigalhar o casco de um barco como se fosse um iceberg. O Príncipe de Astúrias foi a pique quatro anos depois do Titanic. "Só não ficou famoso como o outro porque era menos luxuoso e não estava em sua viagem inaugural", diz Scarpinni.
O transatlântico sempre desafiou os pesquisadores. "Está num local de mar agitado, com correnteza e água quase sempre turva", explica o instrutor de mergulho Ricardo Meurer. Visitá-lo é difícil mesmo para os mais experientes. Para aumentar o mistério, os arquivos da Marinha em que a história do naufrágio estava registrada com depoimentos de sobreviventes perderam-se num incêndio na década de 60. Os dados que sobraram apontam 477 mortos e 256 sobreviventes. Relatos da época, no entanto, dão conta de mais de mil corpos. Assim como o Titanic, o Príncipe de Astúrias levava nos porões centenas de passageiros não registrados. Eram imigrantes sem dinheiro que viajavam para Buenos Aires. O navio tinha capacidade para 2.004 pessoas.
Oficialmente, o barco foi vítima de um erro de navegação. Scarpinni discorda: "Há indícios de que estava sendo perseguido pelo cruzador inglês Glasgow". Depois de pesquisar na Inglaterra as cartas de navegação que registravam a rota do navio na noite fatal, ele descobriu que o Príncipe de Astúrias desistiu de uma escala no Rio de Janeiro. Depois, fez um inesperado ziguezague. "Isso é uma típica manobra de fuga", garante.
A principal pista apareceu depois de um mergulho a 42 metros de profundidade. Para o pesquisador, se o Príncipe de Astúrias tivesse batido nas pedras, o rasgo no casco estaria 4 ou 5 metros abaixo da linha d'água. Mas ele descobriu um rombo muito acima disso. Pela lógica militar, isso indica que o barco foi abalroado - uma manobra de batalha naval. O cruzador inglês Glasgow tinha, de fato, a proa adaptada para "atropelar" outros navios.
Para reforçar a versão do choque, Scarpinni examinou com detetores de metais a laje da Pirabura e não achou qualquer sinal de destroços. "Se o casco tivesse sido rasgado pelas rochas, haveria vestígios ali", afirma. Ele acredita que outro barco achado a algumas centenas de metros do Príncipe de Astúrias seja o Glasgow, que também teria naufragado em decorrência do choque. Essa hipótese depende de uma confirmação da Marinha inglesa que ainda não se pronunciou. Relatos de estudiosos de guerra são conflitantes. Alguns dizem que o Glasgow continuou a navegar até 1926, quando foi desmontado. Outros afirmam que ele desapareceu na costa do Brasil.
Pouco antes, o Glasgow havia interceptado outro navio na costa brasileira, o alemão SS Catherina. Os ingleses tentavam capturar parte das reservas alemãs de ouro que estavam sendo transferidas para bancos de Buenos Aires. "Acreditava-se que o Príncipe de Astúrias levava uma carga de ouro equivalente a 40 milhões de libras esterlinas. Por isso foi perseguido e abalroado", afirma Scarpinni.
"Livros de integrantes da Marinha inglesa negam que o Glasgow tenha afundado", diz o técnico em arqueologia submarina, Marcello De Ferrari. Especialista em história naval, Ferrari pergunta: "Se houve perseguição, por que os sobreviventes não registraram o fato?" Uma lei aprovada na semana passada na Câmara dos Deputados pode ajudar a elucidar a questão. Ela permite parceria entre governo e empresas privadas no resgate de navios afundados na costa brasileira. O ouro que estaria a bordo do transatlântico nunca foi encontrado.
O naufrágio ocorreu na noite de carnaval em 6 de março de 1916 no Litoral de São Paulo matando mais de 1200 pessoas e deixando um rastro de morte nas praias locais. Registros indicam que havia 8ton de ouro a bordo além de muitas outras riquezas. Teorias conflitantes tentam explicar as causas do desastre, enquanto piratas inescrupulosos tentam retirar as riquezas que jazem sobre a carcaça do navio.
O navio se dirigia ao porto de Santos, fazendo sua sexta viagem à América do Sul. Levava oficialmente 588 pessoas entre passageiros e tripulantes, embora houvesse a informação de que cerca de 800 imigrantes viajavam clandestinamente nos porões, fugindo da I Guerra Mundial. Entre as cargas importantes, o navio levava 12 estátuas de bronze (que fariam parte do monumento La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas, em Buenos Aires) e uma suposta quantia de 40 000 libras em ouro. Chovia forte e a visibilidade era baixíssima, quando, por volta das 4h20 da madrugada, o comandante, José Lotina, viu um raio, que indicou o quão próximo o navio estava da terra. Ele ordenou toda a foça a ré e que o leme fosse desviado completamente para boreste (direita), mas era tarde demais. O navio bate violentamente nos rochedos na Ponta do Boi na Ilha de São Sebastião, no litoral de São Paulo e afunda em cerca de 10 minutos. Em um dos piores naufrágios da história do Brasil, oficialmente 445 pessoas morrem e apenas 143 sobreviveram.
A história do Príncipe de Astúrias é um dos assuntos preferidos dos arqueólogos submarinos brasileiros. Eles lembram que, em 1916, o Brasil ocupava uma posição de neutralidade na Primeira Guerra Mundial e só se aliaria à Inglaterra no ano seguinte. Naquela época, o transatlântico vindo de Barcelona com mais de mil pessoas a bordo fez uma parada em Salvador no seu curso até Buenos Aires. Naufragou em meio a um nevoeiro na Ponta da Pirabura, uma laje submersa capaz de esmigalhar o casco de um barco como se fosse um iceberg. O Príncipe de Astúrias foi a pique quatro anos depois do Titanic. "Só não ficou famoso como o outro porque era menos luxuoso e não estava em sua viagem inaugural", diz Scarpinni.
O transatlântico sempre desafiou os pesquisadores. "Está num local de mar agitado, com correnteza e água quase sempre turva", explica o instrutor de mergulho Ricardo Meurer. Visitá-lo é difícil mesmo para os mais experientes. Para aumentar o mistério, os arquivos da Marinha em que a história do naufrágio estava registrada com depoimentos de sobreviventes perderam-se num incêndio na década de 60. Os dados que sobraram apontam 477 mortos e 256 sobreviventes. Relatos da época, no entanto, dão conta de mais de mil corpos. Assim como o Titanic, o Príncipe de Astúrias levava nos porões centenas de passageiros não registrados. Eram imigrantes sem dinheiro que viajavam para Buenos Aires. O navio tinha capacidade para 2.004 pessoas.
Oficialmente, o barco foi vítima de um erro de navegação. Scarpinni discorda: "Há indícios de que estava sendo perseguido pelo cruzador inglês Glasgow". Depois de pesquisar na Inglaterra as cartas de navegação que registravam a rota do navio na noite fatal, ele descobriu que o Príncipe de Astúrias desistiu de uma escala no Rio de Janeiro. Depois, fez um inesperado ziguezague. "Isso é uma típica manobra de fuga", garante.
A principal pista apareceu depois de um mergulho a 42 metros de profundidade. Para o pesquisador, se o Príncipe de Astúrias tivesse batido nas pedras, o rasgo no casco estaria 4 ou 5 metros abaixo da linha d'água. Mas ele descobriu um rombo muito acima disso. Pela lógica militar, isso indica que o barco foi abalroado - uma manobra de batalha naval. O cruzador inglês Glasgow tinha, de fato, a proa adaptada para "atropelar" outros navios.
Para reforçar a versão do choque, Scarpinni examinou com detetores de metais a laje da Pirabura e não achou qualquer sinal de destroços. "Se o casco tivesse sido rasgado pelas rochas, haveria vestígios ali", afirma. Ele acredita que outro barco achado a algumas centenas de metros do Príncipe de Astúrias seja o Glasgow, que também teria naufragado em decorrência do choque. Essa hipótese depende de uma confirmação da Marinha inglesa que ainda não se pronunciou. Relatos de estudiosos de guerra são conflitantes. Alguns dizem que o Glasgow continuou a navegar até 1926, quando foi desmontado. Outros afirmam que ele desapareceu na costa do Brasil.
Pouco antes, o Glasgow havia interceptado outro navio na costa brasileira, o alemão SS Catherina. Os ingleses tentavam capturar parte das reservas alemãs de ouro que estavam sendo transferidas para bancos de Buenos Aires. "Acreditava-se que o Príncipe de Astúrias levava uma carga de ouro equivalente a 40 milhões de libras esterlinas. Por isso foi perseguido e abalroado", afirma Scarpinni.
"Livros de integrantes da Marinha inglesa negam que o Glasgow tenha afundado", diz o técnico em arqueologia submarina, Marcello De Ferrari. Especialista em história naval, Ferrari pergunta: "Se houve perseguição, por que os sobreviventes não registraram o fato?" Uma lei aprovada na semana passada na Câmara dos Deputados pode ajudar a elucidar a questão. Ela permite parceria entre governo e empresas privadas no resgate de navios afundados na costa brasileira. O ouro que estaria a bordo do transatlântico nunca foi encontrado.
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