Butantã, Cambuci, M'Boi Mirim, Ibirapuera, Ipiranga. Todos são nomes comuns no cotidiano dos paulistanos mas que significam mais do que nomes de ruas, bairros ou parques. Por serem de raiz indígena, esses verbetes são uma presença importante da cultura originária do Brasil nos dias atuais, afirma o professor Almir da Silveira, instrutor do idioma guarani no curso de extensão da Universidade de São Paulo (USP).
Renato Modernell “Falo sempre para os meus alunos: entre as estações de metrô, mais da metade têm nomes indígenas e a gente não sabe o que é. Deveríamos saber”, destacou. Trata-se da toponímia, explicou Silveira. Na grafia guarani, Ipiranga nasceu Ypiranga, que significa rio vermelho; Cambuci era Kambuchi para os índios e indicava potes para colocação de água; e Yvytyhatã, que significa terra dura, é a origem do nome Butantã, bairro que nomeia uma das estações da Linha Amarela do metrô.
“Quando se fala em guarani, imagina-se uma língua falada somente por comunidades indígenas, e não é verdade. No Paraguai, uma população não indígena se utiliza do guarani como língua cotidiana. Hoje é uma língua oficial do país usada nos meios de comunicação”, explicou Silveira. Ele ressaltou que 80% da população paraguaia fala e entende o idioma e que há uma porcentagem que somente fala o guarani. “Aqui no Brasil [o idioma] ficou restrito às comunidades indígenas. É importante que as pessoas fora dessas comunidades também aprendam a falar ou saibam a respeito, pelo menos.”
A linguista peruana Luz Rivera, de 46 anos, lembra que a extinção de uma língua significa a perda de uma cultura que se desenvolveu em volta dela. “Mesmo com traduções, às vezes, não é literal. Você é a sua língua, a sua cultura. A língua traz a história dos povos. Se deixar isso morrer, perde-se a história”. Ela, que pesquisou línguas indígenas da Amazônia, participou da oficina por ter interesse na estrutura linguística do guarani. “No meu país tem muitas línguas, algumas não têm gramática e outras, sim. Então é interessante ver como está estruturada para fazer estudos no futuro.”
O professor Almir da Silveira observou que no Brasil o sufocamento da língua falada pelos índios ocorreu por meio das reformas promovidas pelo Marquês de Pombal, no período colonial, que proibiam o uso da língua local. “Nas escolas, os índios passaram a ter que aprender a língua e os costumes europeus. Apostava-se que, erradicando a língua, também se erradicaria a cultura e seria mais fácil a dominação”, explicou. O guarani era mais falado nas regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste. Segundo o professor, existem atualmente no Brasil cerca de 150 línguas indígenas.
Para ele, ainda existe preconceito em relação ao idioma, que é tido como algo menos relevante. “Ainda se encontram pessoas que acreditam que falar uma língua indígena faz com que a pessoa seja mais ignorante. É justamente o contrário”, afirmou o professor. De acordo com ele, no Paraguai, país que é referência no ensino do guarani, foi preciso muita resistência até que a língua fosse reconhecida como oficial. “O principal propulsor da manutenção da língua viva foi a mulher. [Foram] as mães que transmitiram o idioma. Elas não deixaram de se comunicar, mesmo que, fora de casa os filhos, fossem proibidos de falar o guarani."
Renato Modernell “Falo sempre para os meus alunos: entre as estações de metrô, mais da metade têm nomes indígenas e a gente não sabe o que é. Deveríamos saber”, destacou. Trata-se da toponímia, explicou Silveira. Na grafia guarani, Ipiranga nasceu Ypiranga, que significa rio vermelho; Cambuci era Kambuchi para os índios e indicava potes para colocação de água; e Yvytyhatã, que significa terra dura, é a origem do nome Butantã, bairro que nomeia uma das estações da Linha Amarela do metrô.
“Quando se fala em guarani, imagina-se uma língua falada somente por comunidades indígenas, e não é verdade. No Paraguai, uma população não indígena se utiliza do guarani como língua cotidiana. Hoje é uma língua oficial do país usada nos meios de comunicação”, explicou Silveira. Ele ressaltou que 80% da população paraguaia fala e entende o idioma e que há uma porcentagem que somente fala o guarani. “Aqui no Brasil [o idioma] ficou restrito às comunidades indígenas. É importante que as pessoas fora dessas comunidades também aprendam a falar ou saibam a respeito, pelo menos.”
A linguista peruana Luz Rivera, de 46 anos, lembra que a extinção de uma língua significa a perda de uma cultura que se desenvolveu em volta dela. “Mesmo com traduções, às vezes, não é literal. Você é a sua língua, a sua cultura. A língua traz a história dos povos. Se deixar isso morrer, perde-se a história”. Ela, que pesquisou línguas indígenas da Amazônia, participou da oficina por ter interesse na estrutura linguística do guarani. “No meu país tem muitas línguas, algumas não têm gramática e outras, sim. Então é interessante ver como está estruturada para fazer estudos no futuro.”
O professor Almir da Silveira observou que no Brasil o sufocamento da língua falada pelos índios ocorreu por meio das reformas promovidas pelo Marquês de Pombal, no período colonial, que proibiam o uso da língua local. “Nas escolas, os índios passaram a ter que aprender a língua e os costumes europeus. Apostava-se que, erradicando a língua, também se erradicaria a cultura e seria mais fácil a dominação”, explicou. O guarani era mais falado nas regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste. Segundo o professor, existem atualmente no Brasil cerca de 150 línguas indígenas.
Para ele, ainda existe preconceito em relação ao idioma, que é tido como algo menos relevante. “Ainda se encontram pessoas que acreditam que falar uma língua indígena faz com que a pessoa seja mais ignorante. É justamente o contrário”, afirmou o professor. De acordo com ele, no Paraguai, país que é referência no ensino do guarani, foi preciso muita resistência até que a língua fosse reconhecida como oficial. “O principal propulsor da manutenção da língua viva foi a mulher. [Foram] as mães que transmitiram o idioma. Elas não deixaram de se comunicar, mesmo que, fora de casa os filhos, fossem proibidos de falar o guarani."
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
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