Guerra fantasma
Documentos podem trazer à luz um dos mais obscuros episódios do país.
É difícil fechar esse capítulo da História do Brasil diante das dificuldades de encontrar documentos comprobatórios das operações realizadas pelo Exército e do efetivo militar empregado no combate aos guerrilheiros. Nos últimos anos, e aos poucos, documentações importantes que registraram o cotidiano das operações militares foram aparecendo. Mas ainda há a recusa em abrir os arquivos oficiais, o que certamente ajudaria a desvendar muitos dos segredos que envolveram o conflito.
Por muito tempo, omitiu-se ter havido uma guerrilha no sul do Pará. Nenhum documento oficial trazia informações a respeito, e a população da região onde se desenrolou o conflito era vigiada e intimidada para não revelar o que sofreu e testemunhou nos anos de 1972 a 1975.
Também surgiram relatos dos comandantes da guerrilha, como o "diário do velho Mário". Mário era o nome de guerra de Maurício Grabois, o mais importante e experiente militante comunista presente no Araguaia. O diário, no entanto, era apenas uma cópia reescrita por suboficiais a mando de um dos chefes do Exército - o manuscrito original teria sido incinerado. Embora seja um documento importante, carece de análise aprofundada e de cruzamento de informações para que se ateste sua veracidade. Como documento histórico, só terá validade se o manuscrito original aparecer.
De qualquer forma, esses documentos ajudam a montar o violento mosaico que significou a ação militar até o processo final de limpeza da área, em 1975, quando os corpos dos guerrilheiros foram retirados dos lugares onde haviam sido mortos ou enterrados - outra tentativa, assim como o silêncio imposto à população local, de apagar qualquer vestígio da existência do conflito.
Informações importantes também têm sido obtidas por meio de moradores da região, desde que a juíza Solange Salgado determinou a busca dos corpos dos guerrilheiros e desde que o Ministério da Defesa organizou o Grupo de Trabalho Tocantins, em 2009. Mas hoje, quase quatro décadas depois, quais seriam as consequências desses depoimentos e do aparecimento dos documentos?
A abertura de arquivos e a publicidade de toda a documentação corresponde ainda a um direito que nós, historiadores, temos de registrar fatos importantes das lutas do povo brasileiro. Corresponde, mais que isso, ao direito que as famílias daqueles que morreram têm de saber o que aconteceu com seus parentes, qual seu paradeiro ou o de seus restos mortais.
É difícil fechar esse capítulo da História do Brasil diante das dificuldades de encontrar documentos comprobatórios das operações realizadas pelo Exército e do efetivo militar empregado no combate aos guerrilheiros. Nos últimos anos, e aos poucos, documentações importantes que registraram o cotidiano das operações militares foram aparecendo. Mas ainda há a recusa em abrir os arquivos oficiais, o que certamente ajudaria a desvendar muitos dos segredos que envolveram o conflito.
Local do Conflito
Os fracassos militares deixaram claro o erro das estratégias e táticas iniciais e colocou em xeque a capacidade de o regime militar, naquele momento, debelar o foco guerrilheiro. Operações desastradas levadas a cabo com efetivo despreparado, repressão violenta contra a população, torturas, assassinatos... Tudo isso somado dá a síntese do que pode ser compreendido como um dos maiores equívocos de nossas Forças Armadas - e ajudou a transformar a Guerrilha do Araguaia em um fato histórico fantasma. Por muito tempo, omitiu-se ter havido uma guerrilha no sul do Pará. Nenhum documento oficial trazia informações a respeito, e a população da região onde se desenrolou o conflito era vigiada e intimidada para não revelar o que sofreu e testemunhou nos anos de 1972 a 1975.
Foto da época
Mas tais documentos, que se acreditavam destruídos, existiam. E boa parte deles estava em mãos de militares, inclusive oficiais, envolvidos na repressão ao movimento. Mapas, memorandos, ofícios, alguns sem timbres oficiais, mas devidamente carimbados por uma das forças militares (Exército, Marinha ou Aeronáutica) ou das polícias Militar e Federal, foram sendo trazidos à luz, embora vários tivessem sua legitimidade questionada.Também surgiram relatos dos comandantes da guerrilha, como o "diário do velho Mário". Mário era o nome de guerra de Maurício Grabois, o mais importante e experiente militante comunista presente no Araguaia. O diário, no entanto, era apenas uma cópia reescrita por suboficiais a mando de um dos chefes do Exército - o manuscrito original teria sido incinerado. Embora seja um documento importante, carece de análise aprofundada e de cruzamento de informações para que se ateste sua veracidade. Como documento histórico, só terá validade se o manuscrito original aparecer.
De qualquer forma, esses documentos ajudam a montar o violento mosaico que significou a ação militar até o processo final de limpeza da área, em 1975, quando os corpos dos guerrilheiros foram retirados dos lugares onde haviam sido mortos ou enterrados - outra tentativa, assim como o silêncio imposto à população local, de apagar qualquer vestígio da existência do conflito.
Informações importantes também têm sido obtidas por meio de moradores da região, desde que a juíza Solange Salgado determinou a busca dos corpos dos guerrilheiros e desde que o Ministério da Defesa organizou o Grupo de Trabalho Tocantins, em 2009. Mas hoje, quase quatro décadas depois, quais seriam as consequências desses depoimentos e do aparecimento dos documentos?
Sepultamento
Além de facilitar as pesquisas sobre o assunto baseando-se em documentos, mesmo com eventuais erros e desinformações, essas pistas nos ajudam a entender a estratégia dos militares e sua visão do desafio que tinham pela frente. Assim, podemos comparar essa visão com a opinião expressa pela organização de esquerda que organizou a guerrilha, mais difundida. A abertura de arquivos e a publicidade de toda a documentação corresponde ainda a um direito que nós, historiadores, temos de registrar fatos importantes das lutas do povo brasileiro. Corresponde, mais que isso, ao direito que as famílias daqueles que morreram têm de saber o que aconteceu com seus parentes, qual seu paradeiro ou o de seus restos mortais.
Lista abaixo reúne integrantes conhecidos que morreram na Guerrilha do Araguaia. Nos parênteses seus codinomes.
• Maurício Grabois (Mário) (1912-1973) - Membro da cúpula do PCdoB, integrante da Comissão Militar do Partido e comandante-em-chefe dos guerrilheiros do Araguaia. Foi morto numa emboscada na selva em dezembro de 1973. Seu corpo nunca foi encontrado e sua morte jamais admitida pelo Exército. É dado como desaparecido.
• Ângelo Arroyo (Joaquim) (1928-1976)- Membro da cúpula do PCdoB e militante comunista desde 1945, foi um dos líderes da guerrilha, integrante da Comissão Militar. Foi um dos dois únicos guerrilheiros que escaparam vivos do Araguaia, depois da última campanha militar que exterminou a guerrilha, fugindo a pé para o Piauí atravessando a selva e dali para são Paulo. Foi fuzilado em dezembro de 1976 por agentes do Doi-Codi numa casa no bairro da Lapa, em São Paulo, onde se realizava uma reunião do Comitê Central do PCdoB, no episódio conhecido como Chacina da Lapa.
• Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldão) (1938-1974) - O mais carismático e temido guerrilheiro do Araguaia, negro, forte, 1,98m e ex-campeão carioca de boxe, considerado mítico pelos moradores do Araguaia, foi morto num encontro com uma patrulha militar em janeiro de 1974. Seu corpo foi pendurado num helicóptero e mostrado em sobrevoo pelos povoados da região. Decapitado, foi enterrado em lugar desconhecido. É considerado desaparecido político.
• Líbero Castiglia (Joca) (1944-1974) - Italiano, foi o único estrangeiro que participou da guerrilha. Com treinamento militar na China, era ligado ao Destacamento A e fazia a segurança da comissão militar da guerrilha. Foi um dos primeiros militantes a chegar à região do Araguaia. É dado como desaparecido desde o ataque do exército ao comando guerrilheiro, no Natal de 1973.
• André Grabois (Zé Carlos) (1946-1973) - Filho de Maurício Grabois e vivendo na clandestinidade desde os 17 anos por causa da perseguição ao pai, foi comandante do destacamento A da guerrilha. Morreu em combate junto a outros três guerrilheiros, durante tiroteio com patrulha do exército em outubro de 1973, após caçarem porcos-do-mato. Seu corpo nunca foi encontrado, é dado como desaparecido.
• Bergson Gurjão Farias (Jorge) (1947-1972) - Ex-estudante de Química da Universidade Federal do Ceará, e subcomandante do Destacamento C da guerrilha, sob o codinome de 'Jorge', foi o primeiro guerrilheiro a ser morto em combate no Araguaia. Ferido a tiros de metralhadora numa emboscada, foi morto a golpes de baioneta dias depois numa instalação militar de Marabá em maio de 1972. Dado como desaparecido politico por trinta anos, seus ossos foram identificados por exames de DNA em 2009, após exumação do cemitério de Xambioá.
• João Carlos Haas Sobrinho (Dr. Juca) (1941-1972) - Médico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chegou ao Araguaia vindo do Maranhão onde morou com alguns dos principais líderes da guerrilha e atendia a população. Respeitado pelos caboclos locais pelo auxílio que prestava na área da saúde de Marabá e Xambioá, o comandante médico-militar foi morto em combate em 30 de setembro de 1972. Seu corpo nunca foi encontrado e é dado como desaparecido político.
• Dinalva Oliveira Teixeira (Diná) (1945-1974) - Geóloga formada pela Universidade Federal da Bahia, popular no Araguaia como parteira e temida pelos militares pela coragem física e por ser exímia atiradora, foi a mais famosa das guerrilheiras, lendária entre os moradores da região. Única mulher a ser subcomandante de destacamento de combate, foi presa já no fim da guerrilha, em julho de 1974, e assassinada a tiros por agentes militares do CIEx. Seu corpo nunca foi encontrado e é dada como desaparecida.
• Helenira Resende (Fátima) (1944-1972) - Ex-estudante de Filosofia da USP e vice-presidente da UNE, no Araguaia conquistou o respeito dos demais pela coragem física e determinação. Morreu em combate em setembro de 1972, metralhada nas pernas em troca de tiros com soldados do exército e morta à baioneta depois. O respeito que gozava no meio dos companheiros fez com que a partir de sua morte um dos destacamentos da guerrilha passasse a ter o seu nome.
• Maria Lúcia Petit (Maria) (1950-1972) - Ex-professora primária, participou da guerrilha com os irmãos mais velhos. Morta em junho de 1972 numa emboscada, seus restos mortais foram identificados em 1996. Junto com Bergson Gurjão, são os dois únicos guerrilheiros mortos e identificados posteriormente. Foi enterrada em Bauru, São Paulo.
• Dinaelza Santana Coqueiro (Mariadina) (1949-1974) - Ex-estudante de Geografia da PUC de Salvador, chegou o Araguaia em 1971 com o marido, Vandick Coqueiro e Luzia Reis. Integrante do destacamento C, foi executada por agentes do CIEx em abril de 1974, após ser vista presa na base de Xambioá. É dada como desaparecida.
• Luzia Reis (Baianinha) (Jequié, 1949) - Ex-militante do movimento estudantil de Salvador, chegou ao Araguaia em janeiro de 1972 e fez parte do destacamento C. Primeira guerrilheira a ser presa, após uma emboscada, foi torturada na base de Xambioá e transferida para Brasília, onde cumpriu dez meses de prisão. Solta, abandonou a militância e o Partido. Vive em Salvador, aposentada do serviço público.
• Glênio Sá (Glênio) (1950-1990) - Ex-aluno de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, chegou à guerrilha em 1970 e foi preso em 1972, traído por um camponês, depois de dois meses perdido na mata, após um tiroteio. Morreu em 26 de julho de 1990 num acidente de automóvel, quando fazia campanha para o senado no Rio Grande do Norte.
• Suely Kanayama (Chica) (1948-1974) - Ex-estudante da Letras na USP, baixinha e magrinha, chegou ao Araguaia em fins de 1971 e passou a integrar o Destacamento B. Apesar da frágil compleição física, foi das que mais se adaptou à vida na selva e uma das últimas guerrilheiras a morrer. Audaciosa e com treinamento de tiro e sobrevivência na selva, cercada por uma patrulha do exército no início de 1974 recusou rendição, atirou ferindo um policial e morreu metralhada por mais de 100 tiros, fato que chocou até integrantes do Exército. Consta como desaparecida política.
• Lúcia Maria de Souza (Sônia) (1944-1973) - Ex-estudante da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, deixou o curso no 4º ano devido às atividades políticas e entrou na clandestinidade. Participante do destacamento A, o episódio de sua morte é o mais célebre da história da guerrilha, onde feriu dois oficiais do exército antes de morrer, um deles o notório Major Curió. É oficialmente desaparecida política.
• Adriano Fonseca Filho (Chico) (1945-1973) - Ex-estudante de Filosofia da UFRJ, chegou ao Araguaia em abril de 1972. Integrante do Destacamento B, foi morto a tiros por mateiros de patrulhas do exército em 3 de dezembro de 1973, na última fase das operações militares, quando caçava jabutis na mata para alimentação. Foi decapitado e enterrado em local desconhecido. Permanece como desparecido político.
• Luiza Garlippe (Tuca) (1941-1974)- Ex-enfermeira do Hospital das Clínicas, chegou ao Araguaia com o companheiro Pedro Alexandrino (Peri). Integrou-se ao Destacamento B, na área da Gameleira e substituiu João Carlos Haas Sobrinho depois da morte deste, como comandante-médica. Presa em julho de 1974 junto com 'Dina', foi executada a tiros pelo CIEx.
• Jaime Petit (1945-1973) - Engenheiro e irmão mais velho da família Petit. Em 1962 foi para Itajubá morar com o irmão mais velho, Lúcio, e ingressou, em 1965, no Instituto Eletrotécnico de Engenharia de Itajubá. Trabalhou como professor de Matemática e Física em colégios de Itajubá e Brasópolis, ambos em Minas Gerais. Participou do Movimento Estudantil, sendo eleito presidente do Diretório Acadêmico de sua faculdade em 1968. Esteve no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna, onde foi preso. Ainda em Itajubá, casou-se com Regilena da Silva Carvalho. Decapitado, seu corpo nunca foi encontrado. É dado como desaparecido político.
• Lúcio Petit (Beto) (1943-1974) - Engenheiro e irmão do meio da família guerrilheira Petit, foi preso durante a aniquilação final da guerrilha no começo de 1974. Visto pela última vez amarrado a bordo de um helicóptero do exército, é dado como desaparecido político.
• Antônio Carlos Monteiro Teixeira (Antônio da Dina) (1944-1972) - Geólogo baiano e militante do PCdoB, marido de 'Dina' - de quem se separou durante a guerrilha - chegou ao Araguaia em 1970 e integrou-se ao destacamento C. Conhecedor da mata, era o instrutor de orientação na selva dos militantes recém-chegados à região. Morto em combate em 21 de setembro de 1972, na primeira fase das operações anti-guerrilha.
• Jana Moroni (Regina) (1948-1974) - Cearense, ex-estudante de biologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, chegou ao Araguaia em abril de 1971, com apenas 21 anos. Trabalhou como professora primária e agricultora. Casou-se na guerrilha com Nelson Piauhy (Nelito), dava aulas de tiro e fez parte do Destacamento A. Oficialmente desaparecida em 2 de janeiro de 1974 junto com mais dois guerrilheiros, foi vista presa e ferida na base militar em Bacaba.
• Áurea Valadão (Elisa) (1950-1974)- Ex-estudante de Física da UFRJ, foi para a guerrilha com o marido Arildo Valadão em 1970, integrando o destacamento C. Aprisionada por mateiros a serviço dos militares no começo de 1974, doente, faminta e em farrapos, sua morte consta em relatório da Marinha como 13 de junho de 1974. É dada como desaparecida política.
• Arildo Valadão (Ari) (1948–1973) - Ex-estudante de Física da UFRJ, onde conheceu a mulher, Áurea, chegou ao Araguaia em 1970 com a mulher, integrando o destacamento C. Foi assassinado e decapitado por um mateiro amigos dos guerrilheiros que se passou para o lado dos militares, em 23 de outubro de 1973. Seu corpo nunca foi encontrado.
• Carlos Danielli (Antonio) (1929-1972) - Integrante do quadro dirigente do PCdoB, fazia a ligação entre a área rural e urbana do partido. Morreu sob torturas ao ser preso na OBAN em São Paulo, em 31 de dezembro de 1972.
• Paulo Mendes Rodrigues (Paulo) - Economista e comandante do destacamento C, morreu em combate no dia de Natal de 1973 junto com o comandante geral da guerrilha, Maurício Grabois. Seu corpo nunca foi encontrado.
• José Humberto Bronca (Zeca Fogoió) (1934-1974) - Ex-mecânico de aviões da VARIG no Rio Grande do Sul, foi um dos militantes do PCdoB enviado para treinamento de guerrilha na Academia Militar de Pequim. Chegou ao Araguaia em 1969, onde foi o vice comandante do destacamento B e depois integrante da Comissão Militar da guerrilha. Último integrante da CM a ser preso, delatado por um camponês a quem pediu ajuda, subnutrido e cheio de ulcerações provocadas por picadas de mosquitos, foi executado e dado como desaparecido em março de 1974.
• Kleber Lemos da Silva (Carlito) (1942-1972) - Economista carioca, integrou o destacamento B. Emboscado com primeiro grupo a ser desbaratado pelas tropas do exército, pediu aos companheiros que o deixassem durante a fuga, impedido de caminhar por uma fístula de Leishmaniose na perna. Delatado por um camponês, foi preso pelos fuzileiros navais 26 de junho de 1972 e executado três dias depois. Seu cadáver foi fotografado e a foto divulgada anos depois. Seu corpo nunca foi encontrado e é dado como desaparecido.
• Daniel Callado (Doca) (1940-1974) - Operário fluminense formado pelo SENAI, chegou ao Araguaia depois de morar em Rondonópolis, no Mato Grosso, onde era lanterneiro e craque do time de futebol da cidade. Fez parte do Destacamento C da guerrilha, que foi disperso pelos ataques militares em dezembro de 1973. Visto por moradores da região no começo de 1974, preso na base militar de Xambioá, onde era torturado a socos e pontapés por soldados comandados pelo Major Curió, desapareceu e seu corpo nunca foi encontrado. O relatório da Marinha registra sua morte como em 28 de junho de 1974.
• Guilherme Lund (Luis) (1947-1973) - Carioca, formado pelo Colégio Militar e ex-estudante de arquitetura da UFRJ, no Araguaia integrou a segurança da Comissão Militar da guerrilha. Foi morto em combate contra tropas do exército com mais quatro guerrilheiros, incluindo o comandante geral Mauricio Grabois, no dia de Natal de 1973.
• Maria Célia Correa (Rosa) (1945-1974)- Carioca, bancária e ex-estudante de Filosofia da UFRJ, chegou ao Araguaia em 1971 para se encontrar com o noivo, 'Paulo Paquetá' (que desertou sozinho da guerrilha em 73). Integrante do Destacamento A, perdeu-se da organização da guerrilha após combate em 2 de janeiro de 1974. Presa por um camponês quando procurava ajuda, foi entregue aos militares da base de Bacaba. Transportada de helicóptero para a mata depois de presa, foi metralhada com mais dois guerrilheiros. É dada como desaparecida.
• Antônio de Pádua Costa (Piauí) (1943-1974) - Ex-estudante de astronomia na UFRJ, entrou na clandestinidade após ser preso no XXX Congresso da UNE, em Ibiúna, 1968. Na guerrilha, atuou como subcomandante do destacamento A e comandante depois da morte de André Grabois. Após o confronto armado entre guerrilheiros e militares de 14 de janeiro de 1974, ele desapareceu junto com mais dois guerrilheiros. Mais tarde, foi preso na casa de um camponês que o traiu e obrigado a passar semanas guiando batedores do exército nas matas, até possíveis esconderijos de armas e mantimentos dos guerrilheiros. Executado após perder a utilidade, seu corpo nunca foi encontrado.
• Divino Ferreira de Sousa (Nunes) (1942-1973) - Guerrilheiro com treinamento militar na China, foi um dos primeiros no Araguaia e integrou o Destacamento A. Ferido no tiroteio que matou outros três guerrilheiros em 14 de outubro de 1973, foi levado à Casa Azul, base militar dirigida pelo Major Curió no Araguaia, e executado.
• (Lourival) (1946-1974) - Ex-estudante da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, cursou até o 3ª ano e participava do movimento estudantil. Chegou ao Araguaia com a mulher Telma Regina Correia (Lia) em 1971, e mais tarde a irmã, Maria Célia Correa, (Rosa) juntou-se a eles. Desaparecido da guerrilha após o ataque de Natal de 1973, foi morto na localidade de Carrapicho, segundo testemunhos de locais, no dia 14 de maio de 1974, segundo relatório da Marinha.
• Tobias Pereira Junior (Josias) (1949-1974) - Ex-estudante carioca da Universidade Federal Fluminense, integrou o destacamento C da guerrilha. Entregou-se no fim de 1973 e passou semanas acompanhando os militares na localização de esconderijos de armas, munições e mantimentos. Desenhou mapas de localização e reconheceu fotografias. Mesmo auxiliando os militares depois de preso e torturado, foi assassinado em 14 de fevereiro de 1974.
• Gilberto Olímpio Maria (Pedro) (1942-1973) - Jornalista e genro de Maurício Grabois, chegou à região no fim da década de 60 e morreu em combate junto com o sogro, no Natal de dezembro de 1973, durante encontro com patrulhas militares.
• Antonio Guilherme Ribas (Ferreira) (1946-1973) - Ex-presidente da UPES (União Paulista de Estudantes Secundaristas), foi preso no XXX Congresso da UNE, em 1968, e cumpriu um ano e meio de prisão. Depois de solto, viveu alguns meses clandestino na Baixada Fluminense com José Genoíno e dali foi para o Araguaia. Integrante do destacamento B comandado por Osvaldão, foi morto em novembro de 1973, durante a última campanha militar na região. Seu corpo nunca foi encontrado e é dado como desaparecido político.
• Rodolfo Troiano (Mané) (1950-1974) - Ex-estudante secundarista mineiro, filiado ao PCdoB, foi preso por participar de manifestações estudantis em 1969, cumprindo pena em Juiz de Fora. Depois de solto, em 1971 foi para o Araguaia e integrou o destacamento A da guerrilha. Morto em 12 de janeiro de 1974 segundo a Marinha, executado após ser preso, seu corpo nunca foi encontrado.
• Pedro Alexandrino de Oliveira (Peri) (1947-1974) - Bancário mineiro, integrante do destacamento B. Morto com um tiro na cabeça em agosto de 1974, após ser encontrado sozinho na selva. Seu corpo foi transportado de helicóptero para a base de Xambioá, onde foi chutado e cuspido pelos soldados, o que causou a intervenção de um oficial da FAB ordenando que o inimigo fosse respeitado.
• Telma Regina Correia (Lia) (1947-1974) - Ex-estudante de geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF), de node foi expulsa em 1968 por sua atividades políticas, foi para a região do Araguaia em 1971, juntamente com seu marido Elmo Corrêa, e integrou o destacamento B. Foi presa e desapareceu em janeiro de 1974.
• Luis Renê Silveira (Duda) (1951-1974) - Carioca e ex-estudante de medicina, chegou ao Araguaia com apenas 19 anos. Preso com a perna quebrada por tiro perto da base de Bacaba, desapareceu no início de 1974.
O mais novo.
• Walkiria Afonso da Costa (Walk) (1947-1974) - Ex-estudante de Pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais, integrou o destacamento B e foi a última guerrilheira morta, fuzilada após ser capturada, em outubro de 1974. Sua morte encerrou a Guerrilha do Araguaia.
• Vandick Reidner Coqueiro (João Goiano) (1949-1974) - Ex-estudante de economia baiano, chegou ao Araguaia com a mulher Dinaelza Coqueiro, a guerrilheira 'Mariadina'. Integrante do Destacamento B, foi o penúltimo guerrilheiro preso e executado pelo exército, em setembro de 1974.
• José Piauhy Dourado (Ivo) (1946-1974) - Ex-estudante da Escola Técnica Federal da Bahia, era fotógrafo em Salvador até entrar na clandestinidade, junto com o irmão, Nélson. Combatente do destacamento C, não foi mais visto pelos guerrilheiros a partir de dezembro de 1973. Relatório sigiloso da Marinha registrou sua morte em 24 de janeiro de 1974. Seu corpo nunca foi encontrado.
• Cilon Cunha Brum (Simão) (1946-1973) - Também conhecido como 'Comprido', era um ex-estudante de Economia da PUC-RS. Presidente do DCE da universidade, chegou ao Araguaia fugindo da repressão política. Não foi mais visto pelos companheiros depois de dezembro de 1973 e foi visto preso por mais de dois meses numa base militar na região de Brejo Grande. Dado oficialmente como desparecido, anos depois, foram descobertas e publicadas fotografias que mostravam 'Simão' preso, escoltado por militares, em algum lugar da mata do Araguaia, comprovando que morreu sob custódia de tropas federais. Seu corpo nunca foi encontrado.
• Manuel José Nurchis (Gil) (1940-1972) - Ex-operário paulista, integrou o Destacamento B de Osvaldão e foi morto em combate em 30 de setembro de 1972, junto com João Carlos Haas Sobrinho e Ciro Flávio Salazar. Seu corpo nunca foi encontrado.
• Uirassu de Assis Batista (Valdir) (1952-1974) - Estudante baiano, integrante do movimento secundarista e perseguido por sua atuação política, foi para o Araguaia e integrou-se ao Destacamento A. Preso com mais dois guerrilheiros no inicio de 1974, foi visto na base de Xambioá, algemado e mancando com a perna coberta por uma leishmaniose, sendo levado em direção a um helicóptero do exército. Desapareceu e seu corpo nunca foi encontrado.
• Pedro Matias de Oliveira (Pedro Carretel) (? – 1974) - Posseiro do Araguaia que se juntou aos guerrilheiros, teve o último contato em 2 de janeiro de 1974. Foi visto amarrado numa base militar sendo levado para a mata. É dado como desaparecido político.
• Rosalindo de Sousa (Mundico) (1940-1973) - Advogado baiano, chegou ao Araguaia em 1971 e era famoso na região pelos cordéis que fazia. Foi fuzilado pelos guerrilheiros após um julgamento por um 'tribunal revolucionário' dentro da mata, que o condenou por 'traição ideológica' e adultério.
• João Qualatroni (Zebão) (1950-1973) - Ex-militante do movimento estudantil secundarista do Espírito Santo, integrou-se ao Destacamento A da guerrilha. Morreu em combate em 13 de outubro de 1973, aos 23 anos, vítima de uma emboscada junto com André Grabois e mais dois guerrilheiros.
• Maurício Grabois (Mário) (1912-1973) - Membro da cúpula do PCdoB, integrante da Comissão Militar do Partido e comandante-em-chefe dos guerrilheiros do Araguaia. Foi morto numa emboscada na selva em dezembro de 1973. Seu corpo nunca foi encontrado e sua morte jamais admitida pelo Exército. É dado como desaparecido.
• Ângelo Arroyo (Joaquim) (1928-1976)- Membro da cúpula do PCdoB e militante comunista desde 1945, foi um dos líderes da guerrilha, integrante da Comissão Militar. Foi um dos dois únicos guerrilheiros que escaparam vivos do Araguaia, depois da última campanha militar que exterminou a guerrilha, fugindo a pé para o Piauí atravessando a selva e dali para são Paulo. Foi fuzilado em dezembro de 1976 por agentes do Doi-Codi numa casa no bairro da Lapa, em São Paulo, onde se realizava uma reunião do Comitê Central do PCdoB, no episódio conhecido como Chacina da Lapa.
• Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldão) (1938-1974) - O mais carismático e temido guerrilheiro do Araguaia, negro, forte, 1,98m e ex-campeão carioca de boxe, considerado mítico pelos moradores do Araguaia, foi morto num encontro com uma patrulha militar em janeiro de 1974. Seu corpo foi pendurado num helicóptero e mostrado em sobrevoo pelos povoados da região. Decapitado, foi enterrado em lugar desconhecido. É considerado desaparecido político.
• Líbero Castiglia (Joca) (1944-1974) - Italiano, foi o único estrangeiro que participou da guerrilha. Com treinamento militar na China, era ligado ao Destacamento A e fazia a segurança da comissão militar da guerrilha. Foi um dos primeiros militantes a chegar à região do Araguaia. É dado como desaparecido desde o ataque do exército ao comando guerrilheiro, no Natal de 1973.
• André Grabois (Zé Carlos) (1946-1973) - Filho de Maurício Grabois e vivendo na clandestinidade desde os 17 anos por causa da perseguição ao pai, foi comandante do destacamento A da guerrilha. Morreu em combate junto a outros três guerrilheiros, durante tiroteio com patrulha do exército em outubro de 1973, após caçarem porcos-do-mato. Seu corpo nunca foi encontrado, é dado como desaparecido.
• Bergson Gurjão Farias (Jorge) (1947-1972) - Ex-estudante de Química da Universidade Federal do Ceará, e subcomandante do Destacamento C da guerrilha, sob o codinome de 'Jorge', foi o primeiro guerrilheiro a ser morto em combate no Araguaia. Ferido a tiros de metralhadora numa emboscada, foi morto a golpes de baioneta dias depois numa instalação militar de Marabá em maio de 1972. Dado como desaparecido politico por trinta anos, seus ossos foram identificados por exames de DNA em 2009, após exumação do cemitério de Xambioá.
• João Carlos Haas Sobrinho (Dr. Juca) (1941-1972) - Médico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chegou ao Araguaia vindo do Maranhão onde morou com alguns dos principais líderes da guerrilha e atendia a população. Respeitado pelos caboclos locais pelo auxílio que prestava na área da saúde de Marabá e Xambioá, o comandante médico-militar foi morto em combate em 30 de setembro de 1972. Seu corpo nunca foi encontrado e é dado como desaparecido político.
• Dinalva Oliveira Teixeira (Diná) (1945-1974) - Geóloga formada pela Universidade Federal da Bahia, popular no Araguaia como parteira e temida pelos militares pela coragem física e por ser exímia atiradora, foi a mais famosa das guerrilheiras, lendária entre os moradores da região. Única mulher a ser subcomandante de destacamento de combate, foi presa já no fim da guerrilha, em julho de 1974, e assassinada a tiros por agentes militares do CIEx. Seu corpo nunca foi encontrado e é dada como desaparecida.
• Helenira Resende (Fátima) (1944-1972) - Ex-estudante de Filosofia da USP e vice-presidente da UNE, no Araguaia conquistou o respeito dos demais pela coragem física e determinação. Morreu em combate em setembro de 1972, metralhada nas pernas em troca de tiros com soldados do exército e morta à baioneta depois. O respeito que gozava no meio dos companheiros fez com que a partir de sua morte um dos destacamentos da guerrilha passasse a ter o seu nome.
• Maria Lúcia Petit (Maria) (1950-1972) - Ex-professora primária, participou da guerrilha com os irmãos mais velhos. Morta em junho de 1972 numa emboscada, seus restos mortais foram identificados em 1996. Junto com Bergson Gurjão, são os dois únicos guerrilheiros mortos e identificados posteriormente. Foi enterrada em Bauru, São Paulo.
• Dinaelza Santana Coqueiro (Mariadina) (1949-1974) - Ex-estudante de Geografia da PUC de Salvador, chegou o Araguaia em 1971 com o marido, Vandick Coqueiro e Luzia Reis. Integrante do destacamento C, foi executada por agentes do CIEx em abril de 1974, após ser vista presa na base de Xambioá. É dada como desaparecida.
• Luzia Reis (Baianinha) (Jequié, 1949) - Ex-militante do movimento estudantil de Salvador, chegou ao Araguaia em janeiro de 1972 e fez parte do destacamento C. Primeira guerrilheira a ser presa, após uma emboscada, foi torturada na base de Xambioá e transferida para Brasília, onde cumpriu dez meses de prisão. Solta, abandonou a militância e o Partido. Vive em Salvador, aposentada do serviço público.
• Glênio Sá (Glênio) (1950-1990) - Ex-aluno de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, chegou à guerrilha em 1970 e foi preso em 1972, traído por um camponês, depois de dois meses perdido na mata, após um tiroteio. Morreu em 26 de julho de 1990 num acidente de automóvel, quando fazia campanha para o senado no Rio Grande do Norte.
• Suely Kanayama (Chica) (1948-1974) - Ex-estudante da Letras na USP, baixinha e magrinha, chegou ao Araguaia em fins de 1971 e passou a integrar o Destacamento B. Apesar da frágil compleição física, foi das que mais se adaptou à vida na selva e uma das últimas guerrilheiras a morrer. Audaciosa e com treinamento de tiro e sobrevivência na selva, cercada por uma patrulha do exército no início de 1974 recusou rendição, atirou ferindo um policial e morreu metralhada por mais de 100 tiros, fato que chocou até integrantes do Exército. Consta como desaparecida política.
• Lúcia Maria de Souza (Sônia) (1944-1973) - Ex-estudante da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, deixou o curso no 4º ano devido às atividades políticas e entrou na clandestinidade. Participante do destacamento A, o episódio de sua morte é o mais célebre da história da guerrilha, onde feriu dois oficiais do exército antes de morrer, um deles o notório Major Curió. É oficialmente desaparecida política.
• Adriano Fonseca Filho (Chico) (1945-1973) - Ex-estudante de Filosofia da UFRJ, chegou ao Araguaia em abril de 1972. Integrante do Destacamento B, foi morto a tiros por mateiros de patrulhas do exército em 3 de dezembro de 1973, na última fase das operações militares, quando caçava jabutis na mata para alimentação. Foi decapitado e enterrado em local desconhecido. Permanece como desparecido político.
• Luiza Garlippe (Tuca) (1941-1974)- Ex-enfermeira do Hospital das Clínicas, chegou ao Araguaia com o companheiro Pedro Alexandrino (Peri). Integrou-se ao Destacamento B, na área da Gameleira e substituiu João Carlos Haas Sobrinho depois da morte deste, como comandante-médica. Presa em julho de 1974 junto com 'Dina', foi executada a tiros pelo CIEx.
• Jaime Petit (1945-1973) - Engenheiro e irmão mais velho da família Petit. Em 1962 foi para Itajubá morar com o irmão mais velho, Lúcio, e ingressou, em 1965, no Instituto Eletrotécnico de Engenharia de Itajubá. Trabalhou como professor de Matemática e Física em colégios de Itajubá e Brasópolis, ambos em Minas Gerais. Participou do Movimento Estudantil, sendo eleito presidente do Diretório Acadêmico de sua faculdade em 1968. Esteve no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna, onde foi preso. Ainda em Itajubá, casou-se com Regilena da Silva Carvalho. Decapitado, seu corpo nunca foi encontrado. É dado como desaparecido político.
• Lúcio Petit (Beto) (1943-1974) - Engenheiro e irmão do meio da família guerrilheira Petit, foi preso durante a aniquilação final da guerrilha no começo de 1974. Visto pela última vez amarrado a bordo de um helicóptero do exército, é dado como desaparecido político.
• Antônio Carlos Monteiro Teixeira (Antônio da Dina) (1944-1972) - Geólogo baiano e militante do PCdoB, marido de 'Dina' - de quem se separou durante a guerrilha - chegou ao Araguaia em 1970 e integrou-se ao destacamento C. Conhecedor da mata, era o instrutor de orientação na selva dos militantes recém-chegados à região. Morto em combate em 21 de setembro de 1972, na primeira fase das operações anti-guerrilha.
• Jana Moroni (Regina) (1948-1974) - Cearense, ex-estudante de biologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, chegou ao Araguaia em abril de 1971, com apenas 21 anos. Trabalhou como professora primária e agricultora. Casou-se na guerrilha com Nelson Piauhy (Nelito), dava aulas de tiro e fez parte do Destacamento A. Oficialmente desaparecida em 2 de janeiro de 1974 junto com mais dois guerrilheiros, foi vista presa e ferida na base militar em Bacaba.
• Áurea Valadão (Elisa) (1950-1974)- Ex-estudante de Física da UFRJ, foi para a guerrilha com o marido Arildo Valadão em 1970, integrando o destacamento C. Aprisionada por mateiros a serviço dos militares no começo de 1974, doente, faminta e em farrapos, sua morte consta em relatório da Marinha como 13 de junho de 1974. É dada como desaparecida política.
• Arildo Valadão (Ari) (1948–1973) - Ex-estudante de Física da UFRJ, onde conheceu a mulher, Áurea, chegou ao Araguaia em 1970 com a mulher, integrando o destacamento C. Foi assassinado e decapitado por um mateiro amigos dos guerrilheiros que se passou para o lado dos militares, em 23 de outubro de 1973. Seu corpo nunca foi encontrado.
• Carlos Danielli (Antonio) (1929-1972) - Integrante do quadro dirigente do PCdoB, fazia a ligação entre a área rural e urbana do partido. Morreu sob torturas ao ser preso na OBAN em São Paulo, em 31 de dezembro de 1972.
• Paulo Mendes Rodrigues (Paulo) - Economista e comandante do destacamento C, morreu em combate no dia de Natal de 1973 junto com o comandante geral da guerrilha, Maurício Grabois. Seu corpo nunca foi encontrado.
• José Humberto Bronca (Zeca Fogoió) (1934-1974) - Ex-mecânico de aviões da VARIG no Rio Grande do Sul, foi um dos militantes do PCdoB enviado para treinamento de guerrilha na Academia Militar de Pequim. Chegou ao Araguaia em 1969, onde foi o vice comandante do destacamento B e depois integrante da Comissão Militar da guerrilha. Último integrante da CM a ser preso, delatado por um camponês a quem pediu ajuda, subnutrido e cheio de ulcerações provocadas por picadas de mosquitos, foi executado e dado como desaparecido em março de 1974.
• Kleber Lemos da Silva (Carlito) (1942-1972) - Economista carioca, integrou o destacamento B. Emboscado com primeiro grupo a ser desbaratado pelas tropas do exército, pediu aos companheiros que o deixassem durante a fuga, impedido de caminhar por uma fístula de Leishmaniose na perna. Delatado por um camponês, foi preso pelos fuzileiros navais 26 de junho de 1972 e executado três dias depois. Seu cadáver foi fotografado e a foto divulgada anos depois. Seu corpo nunca foi encontrado e é dado como desaparecido.
• Daniel Callado (Doca) (1940-1974) - Operário fluminense formado pelo SENAI, chegou ao Araguaia depois de morar em Rondonópolis, no Mato Grosso, onde era lanterneiro e craque do time de futebol da cidade. Fez parte do Destacamento C da guerrilha, que foi disperso pelos ataques militares em dezembro de 1973. Visto por moradores da região no começo de 1974, preso na base militar de Xambioá, onde era torturado a socos e pontapés por soldados comandados pelo Major Curió, desapareceu e seu corpo nunca foi encontrado. O relatório da Marinha registra sua morte como em 28 de junho de 1974.
• Guilherme Lund (Luis) (1947-1973) - Carioca, formado pelo Colégio Militar e ex-estudante de arquitetura da UFRJ, no Araguaia integrou a segurança da Comissão Militar da guerrilha. Foi morto em combate contra tropas do exército com mais quatro guerrilheiros, incluindo o comandante geral Mauricio Grabois, no dia de Natal de 1973.
• Maria Célia Correa (Rosa) (1945-1974)- Carioca, bancária e ex-estudante de Filosofia da UFRJ, chegou ao Araguaia em 1971 para se encontrar com o noivo, 'Paulo Paquetá' (que desertou sozinho da guerrilha em 73). Integrante do Destacamento A, perdeu-se da organização da guerrilha após combate em 2 de janeiro de 1974. Presa por um camponês quando procurava ajuda, foi entregue aos militares da base de Bacaba. Transportada de helicóptero para a mata depois de presa, foi metralhada com mais dois guerrilheiros. É dada como desaparecida.
• Antônio de Pádua Costa (Piauí) (1943-1974) - Ex-estudante de astronomia na UFRJ, entrou na clandestinidade após ser preso no XXX Congresso da UNE, em Ibiúna, 1968. Na guerrilha, atuou como subcomandante do destacamento A e comandante depois da morte de André Grabois. Após o confronto armado entre guerrilheiros e militares de 14 de janeiro de 1974, ele desapareceu junto com mais dois guerrilheiros. Mais tarde, foi preso na casa de um camponês que o traiu e obrigado a passar semanas guiando batedores do exército nas matas, até possíveis esconderijos de armas e mantimentos dos guerrilheiros. Executado após perder a utilidade, seu corpo nunca foi encontrado.
• Divino Ferreira de Sousa (Nunes) (1942-1973) - Guerrilheiro com treinamento militar na China, foi um dos primeiros no Araguaia e integrou o Destacamento A. Ferido no tiroteio que matou outros três guerrilheiros em 14 de outubro de 1973, foi levado à Casa Azul, base militar dirigida pelo Major Curió no Araguaia, e executado.
• (Lourival) (1946-1974) - Ex-estudante da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, cursou até o 3ª ano e participava do movimento estudantil. Chegou ao Araguaia com a mulher Telma Regina Correia (Lia) em 1971, e mais tarde a irmã, Maria Célia Correa, (Rosa) juntou-se a eles. Desaparecido da guerrilha após o ataque de Natal de 1973, foi morto na localidade de Carrapicho, segundo testemunhos de locais, no dia 14 de maio de 1974, segundo relatório da Marinha.
• Tobias Pereira Junior (Josias) (1949-1974) - Ex-estudante carioca da Universidade Federal Fluminense, integrou o destacamento C da guerrilha. Entregou-se no fim de 1973 e passou semanas acompanhando os militares na localização de esconderijos de armas, munições e mantimentos. Desenhou mapas de localização e reconheceu fotografias. Mesmo auxiliando os militares depois de preso e torturado, foi assassinado em 14 de fevereiro de 1974.
• Gilberto Olímpio Maria (Pedro) (1942-1973) - Jornalista e genro de Maurício Grabois, chegou à região no fim da década de 60 e morreu em combate junto com o sogro, no Natal de dezembro de 1973, durante encontro com patrulhas militares.
• Antonio Guilherme Ribas (Ferreira) (1946-1973) - Ex-presidente da UPES (União Paulista de Estudantes Secundaristas), foi preso no XXX Congresso da UNE, em 1968, e cumpriu um ano e meio de prisão. Depois de solto, viveu alguns meses clandestino na Baixada Fluminense com José Genoíno e dali foi para o Araguaia. Integrante do destacamento B comandado por Osvaldão, foi morto em novembro de 1973, durante a última campanha militar na região. Seu corpo nunca foi encontrado e é dado como desaparecido político.
• Rodolfo Troiano (Mané) (1950-1974) - Ex-estudante secundarista mineiro, filiado ao PCdoB, foi preso por participar de manifestações estudantis em 1969, cumprindo pena em Juiz de Fora. Depois de solto, em 1971 foi para o Araguaia e integrou o destacamento A da guerrilha. Morto em 12 de janeiro de 1974 segundo a Marinha, executado após ser preso, seu corpo nunca foi encontrado.
• Pedro Alexandrino de Oliveira (Peri) (1947-1974) - Bancário mineiro, integrante do destacamento B. Morto com um tiro na cabeça em agosto de 1974, após ser encontrado sozinho na selva. Seu corpo foi transportado de helicóptero para a base de Xambioá, onde foi chutado e cuspido pelos soldados, o que causou a intervenção de um oficial da FAB ordenando que o inimigo fosse respeitado.
• Telma Regina Correia (Lia) (1947-1974) - Ex-estudante de geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF), de node foi expulsa em 1968 por sua atividades políticas, foi para a região do Araguaia em 1971, juntamente com seu marido Elmo Corrêa, e integrou o destacamento B. Foi presa e desapareceu em janeiro de 1974.
• Luis Renê Silveira (Duda) (1951-1974) - Carioca e ex-estudante de medicina, chegou ao Araguaia com apenas 19 anos. Preso com a perna quebrada por tiro perto da base de Bacaba, desapareceu no início de 1974.
O mais novo.
• Walkiria Afonso da Costa (Walk) (1947-1974) - Ex-estudante de Pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais, integrou o destacamento B e foi a última guerrilheira morta, fuzilada após ser capturada, em outubro de 1974. Sua morte encerrou a Guerrilha do Araguaia.
• Vandick Reidner Coqueiro (João Goiano) (1949-1974) - Ex-estudante de economia baiano, chegou ao Araguaia com a mulher Dinaelza Coqueiro, a guerrilheira 'Mariadina'. Integrante do Destacamento B, foi o penúltimo guerrilheiro preso e executado pelo exército, em setembro de 1974.
• José Piauhy Dourado (Ivo) (1946-1974) - Ex-estudante da Escola Técnica Federal da Bahia, era fotógrafo em Salvador até entrar na clandestinidade, junto com o irmão, Nélson. Combatente do destacamento C, não foi mais visto pelos guerrilheiros a partir de dezembro de 1973. Relatório sigiloso da Marinha registrou sua morte em 24 de janeiro de 1974. Seu corpo nunca foi encontrado.
• Cilon Cunha Brum (Simão) (1946-1973) - Também conhecido como 'Comprido', era um ex-estudante de Economia da PUC-RS. Presidente do DCE da universidade, chegou ao Araguaia fugindo da repressão política. Não foi mais visto pelos companheiros depois de dezembro de 1973 e foi visto preso por mais de dois meses numa base militar na região de Brejo Grande. Dado oficialmente como desparecido, anos depois, foram descobertas e publicadas fotografias que mostravam 'Simão' preso, escoltado por militares, em algum lugar da mata do Araguaia, comprovando que morreu sob custódia de tropas federais. Seu corpo nunca foi encontrado.
• Manuel José Nurchis (Gil) (1940-1972) - Ex-operário paulista, integrou o Destacamento B de Osvaldão e foi morto em combate em 30 de setembro de 1972, junto com João Carlos Haas Sobrinho e Ciro Flávio Salazar. Seu corpo nunca foi encontrado.
• Uirassu de Assis Batista (Valdir) (1952-1974) - Estudante baiano, integrante do movimento secundarista e perseguido por sua atuação política, foi para o Araguaia e integrou-se ao Destacamento A. Preso com mais dois guerrilheiros no inicio de 1974, foi visto na base de Xambioá, algemado e mancando com a perna coberta por uma leishmaniose, sendo levado em direção a um helicóptero do exército. Desapareceu e seu corpo nunca foi encontrado.
• Pedro Matias de Oliveira (Pedro Carretel) (? – 1974) - Posseiro do Araguaia que se juntou aos guerrilheiros, teve o último contato em 2 de janeiro de 1974. Foi visto amarrado numa base militar sendo levado para a mata. É dado como desaparecido político.
• Rosalindo de Sousa (Mundico) (1940-1973) - Advogado baiano, chegou ao Araguaia em 1971 e era famoso na região pelos cordéis que fazia. Foi fuzilado pelos guerrilheiros após um julgamento por um 'tribunal revolucionário' dentro da mata, que o condenou por 'traição ideológica' e adultério.
• João Qualatroni (Zebão) (1950-1973) - Ex-militante do movimento estudantil secundarista do Espírito Santo, integrou-se ao Destacamento A da guerrilha. Morreu em combate em 13 de outubro de 1973, aos 23 anos, vítima de uma emboscada junto com André Grabois e mais dois guerrilheiros.
Texto de Homenagem aos Jovens da Guerrilha do Araguaia,
e a todos Familiares dos Mortos e desaparecidos
durante a Ditadura Militar
e a todos Familiares dos Mortos e desaparecidos
durante a Ditadura Militar
A Guerrilha do Araguaia
Irmãos Pais e Amigos que Heroicamente ainda lutam por notícias e pela localização de onde deram sumiço nos corpos dos Heróis que levantaram a voz contra os Golpistas da Ditadura Militar, que Juraram defender a Nação e com as armas da Nação submeteram a População a uma nova ordem Injusta e desumana no Econômico, Político e Social. Jovens na sua maioria, que deram a vida diante de um poderio militar sem igual, na Selva Amazônica perseguidos e acuado, todo mundo sabia que os que fossem pegos vivos seriam executados friamente o que foi tristemente comprovado.
A Presença no Araguaia foi uma imensidão, as mulheres prestaram muitos serviços, todos se tornaram muito queridos, os exilados divulgavam no exterior. A Guerrilha do Araguaia que era de serviços humanitários de Saúde e Educação, diante da realidade de combates, se agigantaram e as mulheres deram um exemplo de coragem e combatividade que lembraram o povo Cabano em Belém, os Baianos em Itaparica e Salvador e Anita dos Farrapos, Pernambucanos de Guararapes, no Araguaia, enfrentaram um sacrifício sem igual numa repressão muito poderosa com os recursos usados no Vietnam. A Guerrilha é lembrada e esta em todo lugar.
Como disse João Amazonas: os ideais do Araguaia são eternos.
Fonte:
Livro:
Azuir Filho e Turmas: Do Social da Unicamp e, de Amigos e
Rocha Miranda, Rio, RJ e, de Mosqueiro, Belém, PA.
E no site: ( A Guerrilha do Araguaia )
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