domingo, 31 de julho de 2011

Mondrian

Importante pintor holandês
Fundador do Neoplasticismo.
Pieter Cornelis Mondrian foi um importante pintor modernista holandês. Nasceu na cidade holandesa de Amersfoort em 7 de março de 1872 e faleceu em Nova Iorque, em 1 de fevereiro de 1944. Mondrian é o fundador da corrente artística conhecida como neoplasticismo.
Pieter Cornelis Mondrian muda-se para Amsterdã em 1892 e estuda pintura na Academia de Belas-Artes, mesmo contra a vontade de seus pais. Pois eles como uma família muito religiosa, achavam que a arte era uma atividade incorreta.
No começo da carreira adota o estilo impressionista, pintando paisagens, até viajar para Paris, em 1911. Na capital francesa sofre influência do cubismo. Nessa fase produz quadros de natureza-morta ou de catedrais, cada vez mais abstratos, até chegar à série de pinturas de signos de mais e menos, que passa a ser sua única preocupação artística.
Entre 1914 e 1917 faz a série Composições, utilizando apenas o preto, o branco, as cores primárias e os quadriláteros. Deixa Paris em 1938, com a França ameaçada de invasão pelas tropas nazistas. Vive em Londres até 1940, quando vai para Nova York.
Em 1942 e 1943 realiza a série Broadway Boogie-Woogie, em que dá ritmo e expressividade à sucessão de pequenos planos que ganham colorido mais vivo. Sua intenção é reproduzir as luzes da cidade. Morre em Nova York.
Mondrian inspirou o famoso estilista Yves Saint Laurent a criar o icônico vestido tubinho com as cores e formas de suas telas em 1965.
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sábado, 30 de julho de 2011

Matei a lua e o luar difuso

Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.

Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.

Mas como as inscrições nas penedias
Têm maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.

Miguel Torga (1907-1995)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Mensagem

O sol se põe, poesia
A chuva cai, canção
O vento assobia, música
O mar sacode, vibra
A neve cai, de mansinho, silêncio
O homem, ama.
Delores Pires

Campinas: Ontem e Hoje

Igreja do Largo São Benedito em 1951
E o mesmo local hoje.
E no retângulo a posição da igreja.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Música Bolaños

Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda,
Amanhã velho será, velho será, velho será!
A menos que o coração, que o coração sustente
A juventude, que nunca morrerá!
Existem jovens de oitenta e tantos anos,
E também velhos de apenas vinte e seis.
Porque velhice não significa nada,
E a juventude volta sempre outra vez!

E você é tão jovem quanto sente
Pode apostar: é jovem pra valer
E velho é quem perde a pureza
E também é quem deixa de aprender!

Não diga não à vida que te espera,
Pra festejar a alegria de viver,
Pra agradecer a luz do seu caminho,
E você vai com isso entender!

Roberto Gómez Bolaños

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O universo é uma senhora

Rajesh babu Ponnayyan - Krishna

O universo é uma senhora.
Conserva no seu interior a luz ainda por nascer
A Nossa Senhora. Notre Dame
Apropriado é que Nostradamus pudesse prever o futuro
Essa é uma função de nossa senhora.
Nós que somos as folhas do chá.

Jack Kerouac (1922-1969)
Tradução: Tiago Nené

Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem inseto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço.

Mia Couto

terça-feira, 26 de julho de 2011

Sonhos e Vivências

Herbert Thomas Dicksee - Restrike Etching
Noite fria, gelada
e um fogo ardente, sem temores
crepita na lareira.

Estala a lenha
e
o aconchêgo é doce
o tempo não passa
e o estalido faz brasa!

Assim é a ventura
das coisas passadas:
queimou-se a candura
e cinzas acabadas.

Alvina Tzovenos

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Poesia é um dom

James Renwick Brevoort
Sei que a poesia
é um dom, nasceu comigo.
Assim trabalho o meu verso,
com buril, plaina, sintaxe.
Não basta ser bom de ofício.
Sem amor não se faz arte.

Trabalho que nem um mouro,
estou sempre começando.
Tudo dou, de ombros e braços,
e muito de coração,
na sombra da antemanhã,
empurrando o batelão
para o destino das águas.
(O barco vai no banzeiro,
meu destino no porão.)
Nada criei de novo.
Nada acrescentei às forma
tradicionais do verso.
Quem sou eu para criar coisas novas,
pôr no meu verso, Deus me livre, uma
invenção.

Thiago de Mello

domingo, 24 de julho de 2011

Machu Picchu

Cem anos da Redescoberta de Machu Picchu
Machu Picchu, em quíchua "velha montanha", também chamada "cidade perdida dos Incas", é uma cidade pré-colombiana bem conservada, localizada no topo de uma montanha, a 2400 metros de altitude, no vale do rio Urubamba, atual Peru. Foi construída no século XV, sob as ordens de Pachacuti. O local é, provavelmente, o símbolo mais típico do Império Inca.
Desde a sua descoberta, em 1911, pelo historiador americano Hiram Bingham, que se multiplicam as mais variadas teorias em torno do seu valor estratégico, religioso e social.
Cidade das mulheres eleitas para servir os soberanos Incas (80 por cento do esqueletos encontrados eram de indivíduos do sexo feminino) Local de retirada estratégica durante as guerras fratricidas dos Incas? Certo é, que os conquistadores espanhóis do Século XVI não tiveram conhecimento da sua existência, mas este fato poderá encontrar explicação no abandono da cidade por parte dos próprios Incas, anos antes da sua chegada.
Para outros arqueólogos foi, sobretudo, um lugar de culto religioso ao Deus Sol. Na verdade, este passado que permanece envolvido em mistério, constitui um dos principais atrativos para as centenas de turistas que visitam a cidadela anualmente. Machu picchu é, hoje, conhecida em todo o mundo, a par das pirâmides do Egito, da grande muralha da China ou das ruínas de Pompeia.

sábado, 23 de julho de 2011

Eu nasci além dos mares

Eu nasci além dos mares:
Os meus lares,
Meus amores ficam lá!
- onde canta nos retiros
Seus suspiros,
Suspiros o sabiá!

Oh! que céu, que terra aquela,
Rica e bela
Como o céu de claro anil!
Que seiva, que luz, que galas,
Não exalas,
Não exalas, meu Brasil!

Oh! que saudades tamanhas
Das montanhas,
Daqueles campos natais!
Daquele céu de safira
Que se mira,
Que se mira nos cristais!

Não amo a terra de exílio,
Sou bom filho,
Quero a pátria, o meu país,
Quero a terra das mangueiras
E as palmeiras,
E as palmeiras tão gentis!

Como a ave dos palmares
Pelos ares
Fugindo do caçador;
Eu vivo longe do ninho,
Sem carinho,
Sem carinho e sem amor!

Debalde eu olho e procuro...
Tudo escuro
Só vejo em roda de mim!
Falta a luz do lar paterno
Doce e terno,
Doce e terno para mim.

Distante do solo amado
— Desterrado —
A vida não é feliz.
Nessa eterna primavera
Quem me dera,
Quem me dera o meu país!

Casimiro de Abreu (1839-1860)

Que um amigo se reconheça

Kim Anderson
Que um amigo se reconheça
sempre
na face de outro amigo
e nesse espelho descanse
seus olhos
e derrame sua alma
como a crina de um cavalo
levemente pousada no tempo.

Roseana Murray

Meus versos

Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a Humanidade.
E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.
Ei-los que vão já longe como que na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo. Quem sabe quem os terá?
Quem sabe a que mãos irão?
Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.
Passo e fico, como o Universo.

Fernando Pessoa (1888-1935)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A casa do poeta Guilherme de Almeida

Um bom passeio nas férias ou durante o fim de semana é visitar a Casa Guilherme de Almeida, no Pacaembu em São Paulo. O local é considerado o primeiro museu-casa biográfico e literário da cidade; trata-se da antiga residência do poeta, tradutor, jornalista, crítico e advogado paulista Guilherme de Almeida e de sua esposa. Junto com seu diretor, o poeta Marcelo Tápia, percorremos as várias salas, repletas de obras de arte. O casal Baby e Guilherme se dava com Lasar Segall, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e toda a turma modernista, por quem foram retratados…
Guilherme de Almeida foi um dos princípais articuladores da Semana de 22
Um dos destaques da sala de estar é a peça em bronze criada por Brecheret, intitulada Sóror Dolorosa (mesmo nome de um poema de Guilherme) – exposta durante a Semana de Arte Moderna de 1922, no Theatro Municipal. Guilherme de Almeida foi editor da Klaxon, a revista porta-voz do movimento modernista, como nos conta Marcelo Tápia, ao nos guiar pela casa.
Guilherme de Almeida teve uma ação plural
Ele gostava de se dedicar à heráldica, a arte de fazer brasões e fez o de São Paulo e Brasília.
O museu-casa tem cerca de 5 500 livros que pertenceram ao poeta que dialogou com a vanguarda, que sempre foi antenado e é referência por sua vasta produção para a poesia brasileira. Ele foi jornalista, colunista e diretor da Folha de São Paulo. Atuou também como crítico de cinema e tradutor, sobretudo do francês.
Em sintonia com uma das principais atividades de Guilherme de Almeida, cujas traduções são consideradas exemplares pela crítica, aqui funciona um Centro de Estudos de Tradução Literária com cursos avançados de tradução e também, sessões de cinema com filmes comentados.
Entre os livros raros, Marcelo nos mostra um precioso volume em pergaminho, datado do século XVII, e um exemplar da quinta reimpressão da primeira edição de Ulysses, de James Joyce.
O museu abriga quadros e objetos que o poeta e sua esposa, Baby de Almeida, colecionaram durante uma vida. Merece destaque o conjunto de telas assinadas por pintores como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Gomide, Tarsila do Amaral e Samson Flexor. Além dos retratos diversos, por vários pintores, do casal, há também uma interessante cabeça de Baby esculpidada pelo suíço William Zadig, além de um busto do poeta feito por Joaquim Figueiras. Litografias de Rugendas, desenhos, aquarelas e iluminuras, de diversos artistas brasileiros, compõem os ambientes. Sem falar na vitrine extarordinária que atesta a amizade de dois poetas: Guilherme de Almeida e Oswald de Andrade.
A arquitetura da Casa foi mantida praticamente original permitindo ao visitante, uma rica experiência de imersão no universo do gosto e da abrangência cultural do poeta. Além de vermos como o casal vivia, há um belo acervo de arte para ser apreciado.
Você pode conhecer a habilidade do poeta tradutor Guilherme de Almeida, através da reedição dos Poetas de França, (editora Babel) obra de 1936 que apresenta uma ampla e diversificada mostra da produção de 31 dos mais importantes poetas franceses. A edição, bilingue da Babel, traz desde do medieval François Villon aos célebres Stéphane Mallarmé, Charles Baudelaire, Paul Verlaine e Paul Valéry.

Conhecendo pessoalmente ou não a Casa Guilherme de Almeida, você não pode deixar de ouvir o poema que ele fez sobre um assunto tão prosaico: a escada de sua casa que conduz ao piso superior, na voz do poeta Marcelo Tápia.
A escada de minha mansarda
“Íngreme, estreita, escura e curva
é a escada que sobe para minha mansarda.
Capaz de desanimar os velhos fôlegos cardíacos,
nunca, entretanto, intimidou meu já muito vivido
coração. Pelo contrário: leva-me leve, alado como
os anjos da escada de Jacó.
Jamais me arrependi de tê-la subido.
Sempre me arrependi de tê-la descido.
Porque é mesmo uma ascensão ir pelos seus degraus acima:
um desprendimento do rasteiro, numa ânsia de quietude,
isolamento e sonho, para o pleno ingresso nos meus Paraísos Interiores.”
Casa Guilherme de Almeida
Rua Macapá, 187, Pacaembu,
Fone: 3673-1883.
10h/17h (3ª e 5ª, só com agendamento prévio; fecha 2ª). Abre sábados.
Todas as visitas são orientadas e feitas em grupos de até quatro pessoas, com duração média de 30 min.
Entrada franca.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Bordadeiras do Instituto Dumont

Trabalho das bordadeiras do Instituto Antônia Diniz Dumont
O Brasil toma cor e forma nas mãos de milhares de mulheres bordadeiras. O bordado gera renda para muitas famílias em vários pontos do País e se coloca como uma das mais puras formas de expressão popular, em motivos do folclore brasileiro, da história, da natureza.
A arte milenar que chegou ao Brasil em tempos coloniais adaptou-se aos gostos e cores daqui, transformando a rotina de toda a nossa gente. Virou tradição ensinar o bordado de mãe para filha, criando registros das características do povo através dos anos.
Em Pirapora, interior de Minas Gerais, a família Diniz Dumont encontrou no bordado muito mais que sua fonte de renda. O trabalho das bordadeiras Dumont, desde os primeiros bordados da matriarca Antônia, mostram uma filosofia de inspiração e carinho, em que é possível transformar o artesanato em expressão puramente artística.
O Grupo Matizes Dumont já ilustrou 19 livros para grandes autores como Jorge Amado, Manoel de Barros, Thiago de Mello, Rubem Alves, Marina Colassanti e Ziraldo, entre outros. Ganharam muitos prêmios, como o “Jabuti” (de ilustração) em 1998 e 2000, e entraram na seleta lista do “International Book for Young People” (1999), com o Prêmio Revelação de ilustração.
Em 2006 a família resolveu fazer uma homenagem a um parente distante, Alberto Santos Dumont – o pai da aviação, no ano de seu centenário. A exposição passou por São Paulo, Paris, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. Depois das mostras, uma das telas ficou de acervo para a família e as demais foram colocadas à venda.
O Instituto Antônia Diniz Dumont (ICAD) foi criado pela família, com o apoio de vários parceiros, com o objetivo de multiplicar a geração de empregos, renda e arte através do bordado e outras atividades inclusivas.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Os Mil Domingos

Max Hayslette - Ocean View
Bendita essa intromissão impressionista
manchar de azul essa dor meio antiga
dar-me um coração de abóbora tropicalista
desmanchando por dentro
em unguento anti-bolor.

Chandal Meirelles Nasser

terça-feira, 19 de julho de 2011

Se eu pudesse me arrumar por dentro

Jenny Wren
“Ah, se eu pudesse me arrumar
por dentro,
tudo calminho nas gavetas!”

Lygia Fagundes Telles

Joan Miró

À Joan Miró
Joan Miró
Soltas a sigla, o pássaro, o losango.
Também sabes deixar em liberdade
O roxo, qualquer azul e o vermelho.
Todas as cores podem aproximar-se
Quando um menino as conduz no sol
E cria a fosforescência:
A ordem que se desintegra
Forma outra ordem ajuntada
Ao real — este obscuro mito.

Murilo Mendes (1901-1975)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Manabu Mabe

Pioneiro do Abstracionismo Brasileiro
Nascido no Japão em 14 de setembro de 1924, com sua família chega ao Brasil em 1934, para trabalhar nas lavouras de café no município de Lins, interior do estado de São Paulo. Aqui no Brasil, Manabu Mabe teve o dom pelas artes plásticas desenvolvido rapidamente. Com parcos recursos, adaptou um ateliê para que pudesse pintar naturezas mortas e paisagens, em um rústico espaço, com os materiais de que dispunha.
Silêncio
Sua primeira exposição se deu em 1948, época em que era ainda influenciado por sua origem nipônica, mesclando uma certa dose de abstracionismo aos caracteres de sua escrita natal.
Explosão do Progresso
Após essa primeira mostra, no ano seguinte foi convidado a participar do Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro. No ano de 1953, foi ganho por ele o premio de Melhor Pintura e em 1956, participou da Bienal de Arte do Japão.
Em 1959, na Quinta Bienal de São Paulo, Mabe obteve o prêmio de Melhor Pintor Nacional, assim como o de Destaque Internacional na Bienal de Paris.
Vento em flor
No ano de 1986. Mabe realiza uma retrospectiva no MASP, cidade de São Paulo, lançando seu primeiro livro com 156 reproduções fotográficas de seus trabalhos, em três idiomas, português, inglês e japonês.
Existência
Em 1995 foi lançado seu segundo livro, uma autobiografia intitulada Chove no Cafezal, em japonês, publicado originalmente no Japão em capítulos semanais no jornal Nihon Keizai Shinbum, Kumamoto, sua região natal. Em 1996 faz uma viagem ao Japão, para uma mostra retrospectiva de sua Arte.
Em 1979, um insolúvel mistério marcou a vida e as obras de Mabe. Uma estimativa de 153 telas de sua autoria, avaliadas em mais de US$ 1,24 milhões, foram perdidas no mar. O avião em que elas estavam, um Cargo 707 da Varig, desapareceu ao voar sobre o oceano, trinta minutos após a decolagem de Tóquio. Nenhum sinal do avião, corpos ou telas. Nada. Esse fato é considerado até os dias atuais, como o maior mistério da aviação em todo o mundo.
Desenvolvimento
Em São Paulo, cidade em que o artista se naturalizou como cidadão brasileiro, diabético, Manabu Mabe morreu em decorrência de um transplante de rim, feito em 22 de setembro de 1997.
Suas obras encontram-se nos Museus, de Arte Contemporânea de São Paulo, de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Arte Contemporânea de Boston e de Belas Artes de Dallas, entre outros. No Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, encontra-se uma de suas pinturas mais expressivas, Natureza-Morta.

domingo, 17 de julho de 2011

  A mão de quem é?

Joseph Mallord William

Cerca dentro da noite, da tempestade,
a nau misteriosa lá vai.
O tempo passa, a maré cresce,
O vento uiva.
A nau misteriosa lá vai.
Acima dela
que mão é essa maior que o mar?
Mão de piloto?
Mão de quem é?
A nau mergulha,
o mar é escuro,
o tempo passa.
Acima da nau
a mão enorme
sangrando está.
A nau lá vai.
O mar transborda,
as terras somem,
caem estrelas.
A nau lá vai.
Acima dela
a mão eterna
lá está.

Jorge de Lima (1893-1953)

sábado, 16 de julho de 2011

Rosto do amor

William-Adolphe Bouguereau - L'Amour Vainqueur
O terno e perigoso
rosto do amor
me apareceu numa noite
depois de um dia muito comprido
Talvez fosse um arqueiro
com seu arco
ou ainda um músico
com sua harpa
Não me lembro mais
Nada mais sei
Tudo o que sei
é que ele me feriu
talvez com uma flecha
talvez com uma canção
Tudo o que eu sei
é que feriu
feriu aqui no coração
e para sempre
Ardente muito ardente
ferida do amor.

Jacques Prévert (1900-1977)

Improbidade

Tomé de Sousa e sua comitiva.
A História colonial do Brasil pode ser vista como um manancial permanente de exemplos, metáforas e lições para qualquer interessado em entender melhor o país que hoje é. Vejamos o caso de nosso primeiro "ministro da Justiça", Pero Borges. Ele desembarcou na Bahia em 29 de março de 1549, na comitiva do primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Sousa. Ocupava cargo de relevo: meses antes, fora nomeado ouvidor-geral do Brasil. O posto - que equivaleria hoje ao de ministro da Justiça - proporcionava-lhe alto salário, (valendo-se de uma "largueza do rei", conseguiu receber antes de embarcar).
O adiantamento de salário esteve longe de ser o único favor que dom João III prestou ao dileto súdito. Corregedor em Elvas, Portugal, o doutor Borges foi por ele incumbido, em 1543, de supervisionar a construção de um aqueduto. Adquiriu o estranho hábito de receber dinheiro em casa, "sem a presença do escrivão nem do depositário". Quando as obras foram paralisadas antes de concluído o aqueduto, "algum clamor de desconfiança se levantou no povo".
Os oficiais da Câmara de Elvas escreveram então ao rei, solicitando que o caso fosse investigado. Uma comissão averiguou detidamente as contas e apurou que o doutor Pero Borges tinha desviado 114.064 réis, mais de 10% do total da verba - uma fortuna naqueles tempos.
No dia 17 de maio de 1547, condenado "a pagar à custa de sua fazenda o dinheiro extraviado", ele também foi suspenso por três anos do exercício de cargos públicos. A 17 de dezembro de 1548, no entanto, passados somente um ano e sete meses da sentença, o mesmo Pero Borges foi nomeado, pelo mesmo rei, para o cargo de ouvidor-geral do Brasil. No dia 1º de fevereiro de 1549, zarpou com Tomé de Sousa rumo à colônia.
No Brasil, Pero Borges se deu bem. Não apenas ficou no posto pelos três anos de duração do primeiro governo-geral como também acumulou o cargo de provedor-mor da Fazenda (o equivalente a ministro da Economia) no governo seguinte, de Duarte da Costa, a partir de 1553. Era a raposa cuidando do galinheiro.
Povo que não conhece sua historia esta condenado a repeti-la.
Eduardo Bueno
escritor, tradutor, jornalista e editor.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Milágrimas

Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema, dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas, sai um milagre.

Alice Ruiz e Itamar Assumpção