Elogio ao ditador Franco em dicionário
causa indignação na Espanha.
causa indignação na Espanha.
General Francisco Franco, ex-ditador da Espanha (1939-1975)
Para a Real Academia de História (RAH) espanhola, a Guerra Civil foi uma “cruzada” e uma “guerra de libertação”; Francisco Franco foi um “líder inteligente e moderado”, além de “valoroso e católico”, que “montou um regime autoritário, mas não totalitário”; o governo republicano de Juan Negrín foi “praticamente ditatorial” e o comunista Santiago Carrillo aplicou uma política “de terror revolucionário”.
São as supostas “verdades históricas” que estão incluídas no Dicionário biográfico espanhol, uma obra pensada para ser de consulta, com mais de 43 mil biografias e que custou aos cofres públicos cerca de 5,8 milhões de euros. Seu conteúdo provocou a indignação de historiadores, políticos, descendentes do exílio e das vítimas da repressão franquista.
A publicação do Dicionário deixou em evidência o funcionamento de uma instituição que até agora passava desapercebida para a maioria dos cidadãos, só conhecida pelos próprios historiadores, investigadores e, obviamente, pelos dirigentes políticos. A maioria de seus 350 membros são, segundo o resultado de suas pesquisas, nostálgicos do antigo regime, que continuam “suplicando a Deus” antes de iniciar suas sessões, que têm entre seus membros um encarregado de ser o “censor” dos discursos, que praticamente não contam com mulheres em suas cadeiras e sim, por outro lado, com representantes da Igreja católica, neste caso o ultraconservador arcebispo de Toledo, Antonio Cañizares.
no Dicionário há numerosos exemplos do “viés franquista”, segundo o qualificam seus críticos, como quando ao falar do fundador do Opus Dei, José María Escrivá de Balaguer, se assegura que “quando estourou a Guerra Civil, que foi acompanhada de uma das mais sangrentas perseguições religiosas da história, em meio aos rancores despertados pela guerra, ele semeou perdão e reconciliação”.
Por outro lado, quando se referem a políticos de esquerda ou nacionalistas ocorre o contrário. Ao histórico líder do nacionalismo basco moderado, Xabier Arzalluz, o definem como um político “influenciado pelas doutrinas separatistas e etnicistas de Sabino Arana. Suas relações com o grupo terrorista ETA, com o qual de certa maneira compartilha objetivos, têm sido muito ambíguas e do mais frio oportunismo”.
O grêmio de historiadores independentes qualificou a obra como uma “canção à visão da história da Espanha da direita”, de “pseudo história”, de “apologia do franquismo” e, o mais grave para um historiador, “de falta de rigor e metodologia”.
O historiador Josep Massot acrescentou que na obra se faz “apologia a Franco. Isto não é uma biografia, mas um panegírico. Fizeram um livro de propaganda franquista”.
A Associação para a Recuperação da Memória Histórica considerou que estão “ocultando a verdade de um regime que foi um sistema assassino”.
Ante a onda de críticas, o diretor da RAH, Gonzalo Anes, se limitou a anunciar que “enriqueceram” algumas passagens na versão da Internet da obra de consulta, mas em nenhum caso se mostrou disposto a retirá-las – como exigem os múltiplos setores ofendidos – ou a sua “eliminação”, como exige Carmen Negrín, neta do presidente da República no exílio, Juan Negrín.
Armando G. Tejeda
Vale lembrar que em 2009 Madri retira títulos honorários concedidos ao ex-ditador como "prefeito honorário" e "filho adotivo" da capital espanhola.
São as supostas “verdades históricas” que estão incluídas no Dicionário biográfico espanhol, uma obra pensada para ser de consulta, com mais de 43 mil biografias e que custou aos cofres públicos cerca de 5,8 milhões de euros. Seu conteúdo provocou a indignação de historiadores, políticos, descendentes do exílio e das vítimas da repressão franquista.
A publicação do Dicionário deixou em evidência o funcionamento de uma instituição que até agora passava desapercebida para a maioria dos cidadãos, só conhecida pelos próprios historiadores, investigadores e, obviamente, pelos dirigentes políticos. A maioria de seus 350 membros são, segundo o resultado de suas pesquisas, nostálgicos do antigo regime, que continuam “suplicando a Deus” antes de iniciar suas sessões, que têm entre seus membros um encarregado de ser o “censor” dos discursos, que praticamente não contam com mulheres em suas cadeiras e sim, por outro lado, com representantes da Igreja católica, neste caso o ultraconservador arcebispo de Toledo, Antonio Cañizares.
no Dicionário há numerosos exemplos do “viés franquista”, segundo o qualificam seus críticos, como quando ao falar do fundador do Opus Dei, José María Escrivá de Balaguer, se assegura que “quando estourou a Guerra Civil, que foi acompanhada de uma das mais sangrentas perseguições religiosas da história, em meio aos rancores despertados pela guerra, ele semeou perdão e reconciliação”.
Por outro lado, quando se referem a políticos de esquerda ou nacionalistas ocorre o contrário. Ao histórico líder do nacionalismo basco moderado, Xabier Arzalluz, o definem como um político “influenciado pelas doutrinas separatistas e etnicistas de Sabino Arana. Suas relações com o grupo terrorista ETA, com o qual de certa maneira compartilha objetivos, têm sido muito ambíguas e do mais frio oportunismo”.
O grêmio de historiadores independentes qualificou a obra como uma “canção à visão da história da Espanha da direita”, de “pseudo história”, de “apologia do franquismo” e, o mais grave para um historiador, “de falta de rigor e metodologia”.
O historiador Josep Massot acrescentou que na obra se faz “apologia a Franco. Isto não é uma biografia, mas um panegírico. Fizeram um livro de propaganda franquista”.
A Associação para a Recuperação da Memória Histórica considerou que estão “ocultando a verdade de um regime que foi um sistema assassino”.
Ante a onda de críticas, o diretor da RAH, Gonzalo Anes, se limitou a anunciar que “enriqueceram” algumas passagens na versão da Internet da obra de consulta, mas em nenhum caso se mostrou disposto a retirá-las – como exigem os múltiplos setores ofendidos – ou a sua “eliminação”, como exige Carmen Negrín, neta do presidente da República no exílio, Juan Negrín.
Vale lembrar que em 2009 Madri retira títulos honorários concedidos ao ex-ditador como "prefeito honorário" e "filho adotivo" da capital espanhola.
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