Envocation a Priapus
Pode parecer que não, mas não se espante com o fato de, entre as preocupações com o Universo, desvendar sentido da vida e as sutilezas da ética, os filósofos da Antiguidade gastavam neurônios pensando em sexo. E esse é o mote do livro “Sex and Sensuality in the Ancient World” (Sexo e Sensualidade no Mundo Antigo), de Giulia Sissa, no qual ela faz um relato de como, por exemplo, Platão encarava a ereção. Ele afirmava que o “pênis é uma besta rebelde, ansiosa e tirânica”. Que coisa mais estranha, não?. Porém, para Aristóteles, uma ereção era algo tão normal quanto andar pra frente ou respirar; é uma coisa natural. Santo Agostinho, que não era da época em questão, não fez por menos. Carimbou a ereção, digamos incontinente, como um dos males que levam ao pecado original. Imagine se todos pensassem assim. Não sobraria um ser humano para contar a história.
Quando falavam da mulher, eles não negligenciavam a sexualidade da ala feminina da nossa espécie, apenas diziam que o órgão sexual feminino era uma versão corrompida do órgão sexual masculino (que horrrorrrr!). As mulheres são mais suaves e ficam úmidas. Segundo eles, havia uma espécie de pênis que ficava em seu colo e também ejaculavam, só que de forma diferente. Bem, a maioria dos escritores e filósofos da Antiguidade era misógina. Logo, parece que não havia conhecimento de causa para falar da mais bela criação da Natureza, a mulher.
Ainda segundo Platão, quando falou do desejo, havia três sexos: Homem, Mulher e Andróginos. Esses andaram pisando na bola e foram extintos. Tentaram atacar os deuses e Zeus os varreu da face da Terra. Mas, ainda segundo essa ideia, em cada ser humano pulsa aquela vontade de novamente enfrentar os deuses. Entenderam? Pois é… estranho pra caramba.
A autora também faz uma relação entre penetração e poder, mesmo afirmando que até o século XIX, não havia armários. O que nos leva a lembrar da frase de Oscar Wilde, o tal do “amor que não ousa dizer o nome”, que foi escamoteado no amor platônico. Voltando ao ato da penetração, ao homem foi dado o papel, digamos, de penetrar tudo que bem entendesse como, por exemplo, mulheres, crianças, cabras e árvores (Esta não é uma nota do tradutor. É a opinião da autora do livro). Ao mesmo tempo, o papel de submissão e passividade na relação não era o desempenhado pelo homem, que não se constituía num objeto de desejo caracterizado pela passividade. A penetração não envolvia romantismo. Era, na verdade um ato cercado de ações em detrimento do sentimento. Portanto, segundo a autora, não havia uma identidade definida separando heterossexualidade da homossexualidade. Diziam que o “verdadeiro homem” podia dormir com mulheres e rapazes, desde que não fosse penetrado.
Esses gregos eram muito estranhos mesmo, como diria Obelix.
A autora também cita a obra de Michel Foucault, a História da Sexualidade, que tenta entender as mudanças ocorridas na forma como é encarada a sexualidade, mesmo que possamos crer que na Antiguidade, o sexo era muito mais uma relação de poder, ao contrário da atual que coloca o amor em primeiro lugar.
Apesar do tom humorado que dei a este artigo, que é uma livre tradução da resenha que Mary Beard, do The Times, fez para esse livro, cabe lembrar que a autora faz uma análise da sexualidade e da sensualidade entre os gregos, romanos e os primórdios da era cristã. O seu grande trabalho é tentar entender, e separar, o prazer do desejo na Antiguidade e como cada homem e mulher lidava com o erotismo.
Quando falavam da mulher, eles não negligenciavam a sexualidade da ala feminina da nossa espécie, apenas diziam que o órgão sexual feminino era uma versão corrompida do órgão sexual masculino (que horrrorrrr!). As mulheres são mais suaves e ficam úmidas. Segundo eles, havia uma espécie de pênis que ficava em seu colo e também ejaculavam, só que de forma diferente. Bem, a maioria dos escritores e filósofos da Antiguidade era misógina. Logo, parece que não havia conhecimento de causa para falar da mais bela criação da Natureza, a mulher.
Ainda segundo Platão, quando falou do desejo, havia três sexos: Homem, Mulher e Andróginos. Esses andaram pisando na bola e foram extintos. Tentaram atacar os deuses e Zeus os varreu da face da Terra. Mas, ainda segundo essa ideia, em cada ser humano pulsa aquela vontade de novamente enfrentar os deuses. Entenderam? Pois é… estranho pra caramba.
A autora também faz uma relação entre penetração e poder, mesmo afirmando que até o século XIX, não havia armários. O que nos leva a lembrar da frase de Oscar Wilde, o tal do “amor que não ousa dizer o nome”, que foi escamoteado no amor platônico. Voltando ao ato da penetração, ao homem foi dado o papel, digamos, de penetrar tudo que bem entendesse como, por exemplo, mulheres, crianças, cabras e árvores (Esta não é uma nota do tradutor. É a opinião da autora do livro). Ao mesmo tempo, o papel de submissão e passividade na relação não era o desempenhado pelo homem, que não se constituía num objeto de desejo caracterizado pela passividade. A penetração não envolvia romantismo. Era, na verdade um ato cercado de ações em detrimento do sentimento. Portanto, segundo a autora, não havia uma identidade definida separando heterossexualidade da homossexualidade. Diziam que o “verdadeiro homem” podia dormir com mulheres e rapazes, desde que não fosse penetrado.
Esses gregos eram muito estranhos mesmo, como diria Obelix.
A autora também cita a obra de Michel Foucault, a História da Sexualidade, que tenta entender as mudanças ocorridas na forma como é encarada a sexualidade, mesmo que possamos crer que na Antiguidade, o sexo era muito mais uma relação de poder, ao contrário da atual que coloca o amor em primeiro lugar.
Apesar do tom humorado que dei a este artigo, que é uma livre tradução da resenha que Mary Beard, do The Times, fez para esse livro, cabe lembrar que a autora faz uma análise da sexualidade e da sensualidade entre os gregos, romanos e os primórdios da era cristã. O seu grande trabalho é tentar entender, e separar, o prazer do desejo na Antiguidade e como cada homem e mulher lidava com o erotismo.
Fonte:
( Recanto das Palavras )
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