O trem de ferro
passa no campo
entre telégrafos.
Sem poder fugir
sem poder voar
sem poder sonhar
sem poder ser telégrafo.
A moça na janela
vê o trem correr
ouve o tempo passar.
O tempo é tanto
que se pode ouvir
e ela o escuta passar
como se outro trem.
Cresce o oculto
elástico dos gestos:
a moça vê a planta crescer
sente a terra rodar:
que o tempo é tanto
que se deixa ver.
João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
passa no campo
entre telégrafos.
Sem poder fugir
sem poder voar
sem poder sonhar
sem poder ser telégrafo.
A moça na janela
vê o trem correr
ouve o tempo passar.
O tempo é tanto
que se pode ouvir
e ela o escuta passar
como se outro trem.
Cresce o oculto
elástico dos gestos:
a moça vê a planta crescer
sente a terra rodar:
que o tempo é tanto
que se deixa ver.
João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
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