Crianças Ladronas
Jorge Amado – Capitães da Areia
TEXTO I
“Já por várias vezes o nosso jornal, que é sem dúvida o órgão das mais legítimas aspirações da população baiana, tem trazido notícias sobre a atividade criminosa dos Capitães da Areia, nome pelo qual é conhecido o grupo de meninos assaltantes e ladrões que infestam a nossa urbe”.
(Jorge Amado, Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras).
TEXTO II
“O Sem-Pernas já tinha mesmo (certo dia em que penetrara num parque de diversões armado no Passeio Público) chegado a comprar entrada para um [carrossel], mas o guarda o expulsou do recinto porque ele estava vestido de farrapos. Depois o bilheteiro não quis lhe devolver o bilhete da entrada, o que fez com que o Sem-Pernas metesse as mãos na gaveta da bilheteria, que estava aberta, abafasse o troco, e tivesse que desaparecer do Passeio Público de uma maneira muito rápida, enquanto em todo o parque se ouviam os gritos de: “Ladrão!, ladrão!” Houve uma tremenda confusão enquanto o Sem-Pernas descia muito calmamente a Gamboa de Cima, levando nos bolsos pelo menos cinco vezes o que tinha pago pela entrada. Mas o Sem-Pernas preferiria, sem dúvida, ter rodado no carrossel (...)”.
(Jorge Amado, Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras)
Comparando os textos verifica-se que o 1º é um texto jornalístico e identificam-se com a voz e a ideologia das classes dominantes baianas, que estão no controle dos meios de comunicação, e, nesse sentido, opõem-se à voz narradora do livro.
Já o 2º texto é do autor Jorge Amado que é simpático ao universo dos marginalizados e excluídos, universo que inclui diversos recortes possíveis, como negros, mulheres, pobres, operários e, como nesta obra de Amado, crianças e adolescentes abandonados. A intrusão do narrador, ao final do trecho (Mas o Sem-Pernas preferiria, sem dúvida, ter rodado no carrossel...), reforça esta adesão, na medida em que o narrador não deixa de identificar no Sem-Pernas o desejo e o sentimento infantil. Além disso, o trecho deixa claro também o objetivo da denúncia social que move a voz do narrador, uma vez que ela se lança à representação positiva do excluído, tanto no seu aspecto social, quanto psicológico.
Já o 2º texto é do autor Jorge Amado que é simpático ao universo dos marginalizados e excluídos, universo que inclui diversos recortes possíveis, como negros, mulheres, pobres, operários e, como nesta obra de Amado, crianças e adolescentes abandonados. A intrusão do narrador, ao final do trecho (Mas o Sem-Pernas preferiria, sem dúvida, ter rodado no carrossel...), reforça esta adesão, na medida em que o narrador não deixa de identificar no Sem-Pernas o desejo e o sentimento infantil. Além disso, o trecho deixa claro também o objetivo da denúncia social que move a voz do narrador, uma vez que ela se lança à representação positiva do excluído, tanto no seu aspecto social, quanto psicológico.
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