O documentário brasileiro “Osvaldão” é um dos destaques da 38° Mostra de Cinema Internacional, que acontece entre os dias 16 e 29 de outubro em São Paulo.
O filme narra a surpreendente trajetória do mineiro de Passa Quatro (curiosamente, a mesma cidade de Zé Dirceu), que foi lutador de boxe na juventude, mas depois se transformou num dos homens mais odiados pela ditadura militar.
Com narrações do cantor Criolo, do ator Antônio Pitanga e da artista Leci Brandão, “Osvaldão” revela o mito do homem que era “invisível”, temido pela ditadura militar e adorado pela população local.
Osvaldão se transformou em comandante da Guerrilha do Araguaia – movimento armado organizado pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil), no sul do Pará. A guerrilha foi exterminada pelo Exército em meados dos anos 70. Muitos guerrilheiros foram torturados e mortos pelas tropas oficiais. Seus corpos jamais foram entregues pelo Exército.
O longa-metragem foi produzido por Renata Petta e dirigido por Vandré Fernandes, Ana Petta, Fabio Bardella e André Michiles. “Osvaldão” foi gravado em Passa Quatro, Araguaia e Rio de Janeiro, além de conter imagens exclusivas de um documentário do Praga Filme Pujikovna, que retrata o cotidiano de alunos de várias partes do mundo em Praga, em 1961. Osvaldão foi protagonista do documentário.
Osvaldo Orlando da Costa foi o primeiro combatente a chegar no sul do Pará, na região do Araguaia, em 1967, com a missão de implantar uma guerrilha junto com outros companheiros. Tido como o maior conhecedor da área, ele morreu em 1974, com 35 anos, desarmado e faminto.
O corpo do guerrilheiro foi pendurado em um helicóptero que sobrevoou a região, para provar ao povo que Osvaldão estava mesmo morto. Até hoje os restos mortais não foram encontrados.
O filme também contribui com o restabelecimento da memória do país e com a luta pelos direitos humanos. A Guerrilha do Araguaia ocorreu no início da década de 70. Foi uma batalha desigual entre combatentes revolucionários e as forças de repressão do regime reacionário imposto ao país com o golpe de 1964.
Entre 1972 e 1975, a Guerrilha do Araguaia foi alvo da maior ação do exército desde a Guerra de Canudos.
Durante as ações militares, os agentes de repressão da ditadura cometeram graves violações aos direitos humanos.
Estima-se que pelo menos 70, dos desaparecidos políticos no Brasil, tenham sido mortos por militares durante as ações de repressão no Araguaia.
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