Uma fotografia inédita da ex-militante de esquerda Vera Sílvia Magalhães (1948-2007), tirada em 1970, revela os efeitos da tortura a que foi submetida em um prédio do Exército no Rio de Janeiro.
Vera Sílvia começou sua militância política aos 15 anos de idade no Movimento Secundarista, aos 20 anos ingressou no MR-8 e foi a única mulher a participar do sequestro do embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, em 1969. Presa em março de 1970, Vera Sílvia foi barbaramente torturada até junho, nas dependências do DOI-CODI do Rio de Janeiro, que funcionava num quartel da Polícia do Exército na Rua Barão de Mesquita, quando foi libertada com outros 39 presos no sequestro do embaixador alemão, Von Holleben.
Vera, aparece na imagem sem conseguir ficar em pé, tendo que ser amparada pelo também prisioneiro Cid Benjamin. A foto, obtida pela Folha, está sob a guarda do Arquivo Nacional em Brasília.
Militantes da organização política de resistência à ditadura militar MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), Cid e Vera participaram do sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick em 1969, uma das mais importantes ações urbanas da esquerda armada.
"Não tinha visto essa foto. Eu tinha que segurá-la porque, naqueles dias, ela não conseguia se sustentar em pé, devido às torturas", contou Cid.
Debilitada pela tortura, com 25 quilos a menos, Vera Sílvia aparece na foto dos presos que foram para a Argélia sentada numa cadeira.
As fotografias foram tiradas momentos antes de o grupo ter sido trocado pelo embaixador alemão Ehrenfried Von Holleben, também sequestrado por forças de resistência à ditadura.
Do Rio de Janeiro, o grupo seguiu para a Argélia. Parte regressou clandestina ao Brasil, e alguns acabaram mortos pela ditadura militar. No exílio, Vera estudou sociologia na França. Retornou ao Brasil em 1979, após a aprovação da Lei da Anistia.
Em depoimento prestado à Câmara dos Deputados em 2003, Vera confirmou que as torturas a impediram de ficar em pé pouco antes de ser levada para Argélia.
Ainda no depoimento à Câmara, Vera classificou a tortura que sofreu como "inteiramente desmesurada". "Fui a única torturada na Sexta-Feira Santa na Polícia do Exército. E eles me disseram: 'Você vai ser torturada como homem, como Jesus Cristo'", contou Vera.
Ela nunca mais se recuperou fisicamente. "Para uma mulher, acho que exageraram mesmo. Fiquei cheia de sequelas, cheia de problemas." Vera morreu em 2007, vítima de câncer.
Vera Sílvia começou sua militância política aos 15 anos de idade no Movimento Secundarista, aos 20 anos ingressou no MR-8 e foi a única mulher a participar do sequestro do embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, em 1969. Presa em março de 1970, Vera Sílvia foi barbaramente torturada até junho, nas dependências do DOI-CODI do Rio de Janeiro, que funcionava num quartel da Polícia do Exército na Rua Barão de Mesquita, quando foi libertada com outros 39 presos no sequestro do embaixador alemão, Von Holleben.
Vera, aparece na imagem sem conseguir ficar em pé, tendo que ser amparada pelo também prisioneiro Cid Benjamin. A foto, obtida pela Folha, está sob a guarda do Arquivo Nacional em Brasília.
Militantes da organização política de resistência à ditadura militar MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), Cid e Vera participaram do sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick em 1969, uma das mais importantes ações urbanas da esquerda armada.
"Não tinha visto essa foto. Eu tinha que segurá-la porque, naqueles dias, ela não conseguia se sustentar em pé, devido às torturas", contou Cid.
Debilitada pela tortura, com 25 quilos a menos, Vera Sílvia aparece na foto dos presos que foram para a Argélia sentada numa cadeira.
As fotografias foram tiradas momentos antes de o grupo ter sido trocado pelo embaixador alemão Ehrenfried Von Holleben, também sequestrado por forças de resistência à ditadura.
Do Rio de Janeiro, o grupo seguiu para a Argélia. Parte regressou clandestina ao Brasil, e alguns acabaram mortos pela ditadura militar. No exílio, Vera estudou sociologia na França. Retornou ao Brasil em 1979, após a aprovação da Lei da Anistia.
Em depoimento prestado à Câmara dos Deputados em 2003, Vera confirmou que as torturas a impediram de ficar em pé pouco antes de ser levada para Argélia.
Ainda no depoimento à Câmara, Vera classificou a tortura que sofreu como "inteiramente desmesurada". "Fui a única torturada na Sexta-Feira Santa na Polícia do Exército. E eles me disseram: 'Você vai ser torturada como homem, como Jesus Cristo'", contou Vera.
Ela nunca mais se recuperou fisicamente. "Para uma mulher, acho que exageraram mesmo. Fiquei cheia de sequelas, cheia de problemas." Vera morreu em 2007, vítima de câncer.
Fonte: Folha de S. Paulo
Reportagem de Matheus Leitão e Rubens Valente na Folha de S.Paulo publica foto inédita da ex-miliatante de esquerda Vera Silvia Magalhães (1948-2007), tirada em 1970, que mostra os efeitos da tortura a que foi submetida em um prédio do Exército no Rio de Janeiro.
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