terça-feira, 3 de abril de 2012

Os funcionários

Ilya Efimovich Repin
Sangrar eu sangro
sangro todo dia,
quando vou ao Detran,
se preciso da saúde,
ou do funcionário público.
mas isso não cabe no poema
viver não cabe no poema
porque o poema não é a vida
por isso, estamos fartos
do lirismo comedido,
do criacionismo criativo,
dos freudianos gabinetados
que se travestem de modos.
salve os intelectuais que já leram tudo
os que ouviram tudo
e que fazem careta
para o resto povo
salve os eruditos
os críticos
os afetados
e o homem público
salve!
os funcionários poéticos
comissionados de parságada.

José de Paiva Rebouças

Nenhum comentário: