Disciplina. Palavra desde sempre injustiçada. Muitas vezes lhe vestiram o manto do autoritarismo e colocaram em suas mãos espada. Foi assim na Idade Média onde travestida de religião o mundo ganhou cordas de marionete. O mesmo se deu na ditadura e em vários outros momentos da história. Medo que inibe e se fantasia de educação.
A globalização é a bola da vez. Insensível, usa táticas de guerra. Uniformiza, massifica. Todos nos tornamos militantes mercenários desta imensa nação sem rival. Assim como o soldado é apenas mais um que usa a mesma farda, corte de cabelo e come o mesmo pão surge também para nós uma imposição à homogenização. Pensar igual, comportar-se da mesma maneira. O motivo é simples e permite o uso do jargão: o “singular pensa mas a massa é burra”. Um brinde à neo-dominação.
A resposta é imediata. Rebeldia. A mão que aperta vê aquilo que guarda escorrer por entre os dedos. Reação diretamente oposta a tudo que oprime. Assim foi com o Renascimento, Iluminismo, Reforma Protestante, Anarquismo entre inúmeros outros movimentos que surgem como um grito pela individualização. Sobrou para o cristianismo. Eis o erro: uma lei, por melhor que seja, quando não assimilada mas imposta, gera repulsa, senão instantânea, certamente imediata à cessação ou enfraquecimento da violência que a instituiu. Trata-se da lei de Deus que é, necessariamente, boa. Boa porque racional e, como tal, é resultado de uma inteligência sobrenatural que dita a forma ideal de se viver, completa e que resulta em felicidade, pois centrada no amor. Não a maneira mais fácil, há de se ponderar. Não restam dúvidas também que esta valoriza indivíduo. Apesar de genérica e imperativa é cuidadosa na medida que não é teleológica, os fins não justificam os meios. Cada um é, certamente, um fim em si mesmo. Ao impô-la violentamente, porém, tem-se como consequência também uma violência que é exercida em sentido contrário que, apesar da demora, enfim aflora.
Vive-se hoje, dessa forma, a reação. Se outrora praticava-se os princípios evangélicos sem se questionar o porquê, agora os repulsam também sem parar para pensar na razão de não praticá-los. Isto devido ao fato de que, também em nosso meio, a disciplina de Deus, anunciada por bocas manipuladoras, transviou-se em autoritarismo e a razão e amor deram lugar ao medo. Tal lei do amor revelada no Novo Testamento torna-se vazia quando não compreendido seu significado e sua motivação. Neste ponto encontra-se um desafio do cristianismo que me faz lembrar a célebre citação de Lacordaire por mim ouvida em uma aula de Direito do Trabalho, ainda que em outro contexto: “Entre o forte e o fraco, a liberdade escraviza e a lei liberta”. Nós precisamos, necessariamente, de leis. O ser humano é infinito em suas vontades, insaciável e, por isso, perigoso. A liberdade de um ser faminto que, quanto mais come mais sente fome, o subjuga porque o reduz a eterno escravo, não de outrem, mas dele mesmo, de seus próprios desejos que nunca serão saciados. Somente uma lei santa é capaz de nos libertar porque, quando a descobrimos, encontramos um novo caminho ainda não frequentado, a saber, a possibilidade de se negar, de por livre vontade entregar-se a alguém. É onde observamos a confiança, ou melhor, dizendo, fé. É o deixar-se ser disciplinado, não violentamente, mas através de uma escolha por nós feita ao atendimento de um chamado universal. Nisto consiste o amor de Deus. Em deixar-nos decidir a quem servir tendo em mente nossa eterna condição de escravo, de um ou de outro. Liberdade não se resume em fazer o que quiser. Este é, na verdade o perfeito conceito de escravidão. Como certa vez disse Renato Russo: “disciplina é liberdade.”
A globalização é a bola da vez. Insensível, usa táticas de guerra. Uniformiza, massifica. Todos nos tornamos militantes mercenários desta imensa nação sem rival. Assim como o soldado é apenas mais um que usa a mesma farda, corte de cabelo e come o mesmo pão surge também para nós uma imposição à homogenização. Pensar igual, comportar-se da mesma maneira. O motivo é simples e permite o uso do jargão: o “singular pensa mas a massa é burra”. Um brinde à neo-dominação.
A resposta é imediata. Rebeldia. A mão que aperta vê aquilo que guarda escorrer por entre os dedos. Reação diretamente oposta a tudo que oprime. Assim foi com o Renascimento, Iluminismo, Reforma Protestante, Anarquismo entre inúmeros outros movimentos que surgem como um grito pela individualização. Sobrou para o cristianismo. Eis o erro: uma lei, por melhor que seja, quando não assimilada mas imposta, gera repulsa, senão instantânea, certamente imediata à cessação ou enfraquecimento da violência que a instituiu. Trata-se da lei de Deus que é, necessariamente, boa. Boa porque racional e, como tal, é resultado de uma inteligência sobrenatural que dita a forma ideal de se viver, completa e que resulta em felicidade, pois centrada no amor. Não a maneira mais fácil, há de se ponderar. Não restam dúvidas também que esta valoriza indivíduo. Apesar de genérica e imperativa é cuidadosa na medida que não é teleológica, os fins não justificam os meios. Cada um é, certamente, um fim em si mesmo. Ao impô-la violentamente, porém, tem-se como consequência também uma violência que é exercida em sentido contrário que, apesar da demora, enfim aflora.
Vive-se hoje, dessa forma, a reação. Se outrora praticava-se os princípios evangélicos sem se questionar o porquê, agora os repulsam também sem parar para pensar na razão de não praticá-los. Isto devido ao fato de que, também em nosso meio, a disciplina de Deus, anunciada por bocas manipuladoras, transviou-se em autoritarismo e a razão e amor deram lugar ao medo. Tal lei do amor revelada no Novo Testamento torna-se vazia quando não compreendido seu significado e sua motivação. Neste ponto encontra-se um desafio do cristianismo que me faz lembrar a célebre citação de Lacordaire por mim ouvida em uma aula de Direito do Trabalho, ainda que em outro contexto: “Entre o forte e o fraco, a liberdade escraviza e a lei liberta”. Nós precisamos, necessariamente, de leis. O ser humano é infinito em suas vontades, insaciável e, por isso, perigoso. A liberdade de um ser faminto que, quanto mais come mais sente fome, o subjuga porque o reduz a eterno escravo, não de outrem, mas dele mesmo, de seus próprios desejos que nunca serão saciados. Somente uma lei santa é capaz de nos libertar porque, quando a descobrimos, encontramos um novo caminho ainda não frequentado, a saber, a possibilidade de se negar, de por livre vontade entregar-se a alguém. É onde observamos a confiança, ou melhor, dizendo, fé. É o deixar-se ser disciplinado, não violentamente, mas através de uma escolha por nós feita ao atendimento de um chamado universal. Nisto consiste o amor de Deus. Em deixar-nos decidir a quem servir tendo em mente nossa eterna condição de escravo, de um ou de outro. Liberdade não se resume em fazer o que quiser. Este é, na verdade o perfeito conceito de escravidão. Como certa vez disse Renato Russo: “disciplina é liberdade.”
Guilherme Marchi
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