Amanda Cass
Acredito em você, minha alma...
o outro que sou não tem que se rebaixar pra você,
E nem você tem que se rebaixar pro outro.
Vadie na relva comigo... solte o nó da garganta,
Nada de palavras música rima alguma...
nem bons-costumes ou sermões, nem mesmo os melhores,
Só quero sua calma, o zunzum de sua voz valvulada.
Lembro da gente deitado em junho, numa transparente manhã de verão;
Você pousou sua cabeça em meus quadris e delicadamente veio pra cima de mim,
E desabotoou a camisa do meu peito, e mergulhou sua língua no meu coração nu,
E estendeu a mão até tocar minha barba, depois até tocar meus pés.
De repente se ergueram e grassaram à minha volta a paz
e a sabedoria que superam toda arte e argumento desta terra;
E sei que a mão de Deus é minha irmã primeva,
E sei que o espírito de Deus é meu irmão primevo,
E que todos os homens que já nasceram até hoje são meus irmãos...
e todas as mulheres minhas irmãs e amantes,
E que o amor é a quilha da criação;
E infinitas são as folhas tensas ou pensas pelos campos,
E as formigas marrons nas poças sob elas,
E a sebe cheia de ervas de musgos, pilha de pedras,
sabugueiro, verbasco e erva-dos-cancros.
Walt Whitman (1819-1892)
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes
o outro que sou não tem que se rebaixar pra você,
E nem você tem que se rebaixar pro outro.
Vadie na relva comigo... solte o nó da garganta,
Nada de palavras música rima alguma...
nem bons-costumes ou sermões, nem mesmo os melhores,
Só quero sua calma, o zunzum de sua voz valvulada.
Lembro da gente deitado em junho, numa transparente manhã de verão;
Você pousou sua cabeça em meus quadris e delicadamente veio pra cima de mim,
E desabotoou a camisa do meu peito, e mergulhou sua língua no meu coração nu,
E estendeu a mão até tocar minha barba, depois até tocar meus pés.
De repente se ergueram e grassaram à minha volta a paz
e a sabedoria que superam toda arte e argumento desta terra;
E sei que a mão de Deus é minha irmã primeva,
E sei que o espírito de Deus é meu irmão primevo,
E que todos os homens que já nasceram até hoje são meus irmãos...
e todas as mulheres minhas irmãs e amantes,
E que o amor é a quilha da criação;
E infinitas são as folhas tensas ou pensas pelos campos,
E as formigas marrons nas poças sob elas,
E a sebe cheia de ervas de musgos, pilha de pedras,
sabugueiro, verbasco e erva-dos-cancros.
Walt Whitman (1819-1892)
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes
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