quarta-feira, 18 de maio de 2011

Médicos da febre amarela

Dr. João Guilherme Costa Aguiar se envolveu tanto com os doentes da terrível peste que ao final ele mesmo veio a contrair a enfermidade sendo mais tarde uma de suas vitimas.
Com a epidemia da febre amarela um médico se destacou pelo seu exemplo de dedicação e abnegação aos doentes.
Ele foi um dos quatro médicos que permaneceram em Campinas para auxiliar as vítimas. Os outros eram Ângelo Simões, Germano Melchert e Alves do Banho. Como os colegas, Costa Aguiar trabalhou intensa e gratuitamente. Dirigiu a enfermaria municipal instalada no edifício do Circolo Italiani Uniti (atual Casa de Saúde), de 4 de abril até meados de maio. João Guilherme da Costa Aguiar nasceu em Itu em 11 de junho de 1856 e morreu em 19 de maio de 1889. Estudou no colégio dos padres jesuítas de Itu e formou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1878. Algumas das cartas por ele escritas no período da epidemia são bem expressivas. Trechos delas foram reproduzidos pelo médico Cesário Mota Júnior (1847-1897), em artigo publicado logo depois de sua morte. “Continuamos a lutar com o dragão que ameaça devorar a população desta cidade. Creio que, das pessoas que não puderam sair, raras serão as que escapem da ação terrível do contágio. O número de médicos está muito reduzido; mas hei de ser dos últimos a sair. Levei para fora minha família. Fiquei só, mas tranquilo, melhor aparelhado para a luta. Vai-se criar mais uma enfermaria, exclusivamente para italianos, que são os que mais morrem. Creio que serei o médico, por que cada um de nós precisa concorrer com o que em si está para o bem geral”, dizia. E realmente Costa Aguiar foi o incumbido da direção da enfermaria do Circolo Italiani Uniti. Em outra missiva, escreveu: “Hoje vi poucos doentes, 62 até esta hora (3 da tarde), ao passo que tem havido dias de ver 90, e não mais por fadiga”.

Fonte:
Livro: "Febre Amarela"
Autores: Lycurgo de Castro Santos Filho e
José Nogueira Novaes

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