Linda concha que passava,
Boiando por sobre o mar,
Junto a uma rocha, onde estava
Triste donzela a pensar,
Perguntou-lhe: - "Virgem bela,
Que fazes no teu cismar?"
- "E tu", pergunta a donzela,
"Que fazes no teu vagar?"
Responde a concha: - "Formada
Por estas águas do mar,
Sou pelas águas levada,
Nem sei onde vou parar!"
Responde a virgem sentida,
Que estava triste a pensar:
- "Eu também vago na vida,
Como tu vagas no mar!
"Vais duma a outra das vagas,
Eu dum a outro cismar;
Tu indolente divagas,
Eu sofro triste a cantar.
"Vais onde te leva a sorte,
Eu, onde me leva Deus:
Buscas a vida, — eu a morte;
Buscas a terra, — eu os céus!
Gonçalves Dias (1823-1864)
Boiando por sobre o mar,
Junto a uma rocha, onde estava
Triste donzela a pensar,
Perguntou-lhe: - "Virgem bela,
Que fazes no teu cismar?"
- "E tu", pergunta a donzela,
"Que fazes no teu vagar?"
Responde a concha: - "Formada
Por estas águas do mar,
Sou pelas águas levada,
Nem sei onde vou parar!"
Responde a virgem sentida,
Que estava triste a pensar:
- "Eu também vago na vida,
Como tu vagas no mar!
"Vais duma a outra das vagas,
Eu dum a outro cismar;
Tu indolente divagas,
Eu sofro triste a cantar.
"Vais onde te leva a sorte,
Eu, onde me leva Deus:
Buscas a vida, — eu a morte;
Buscas a terra, — eu os céus!
Gonçalves Dias (1823-1864)
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