sábado, 10 de julho de 2010

Barcos de Papel

Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada
eu saía a brincar pela calçada
nos meus tempos felizes de menino
Fazia de papel, toda uma armada
e, estendendo meu braço pequenino
eu soltava os barquinhos, sem destino
ao longo das sargetas, na enxurrada...
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
São feitos de papel, como aqueles,
perfeitamente, exatamente iguais...
- que os meus barquinhos, lá se foram eles!
foram-se embora e não voltaram mais!

Guilherme de Almeida (1890-1969)

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