sexta-feira, 3 de abril de 2015

Modernismo

Tarsila do Amaral - Antropofagia
Na Europa, o termo "modernismo" refere-se às correntes artísticas que, a partir do final do século XIX, e início do XX, divulgaram exaltaram a modernização tecnológica e a civilização industrial. O modernismo surgiu na cultura brasileira só na década de 1920, e mesmo assim inicialmente apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Se a "Exposição de arte moderna de 1917" de Anita Malfatti (1899-1964) é considerada um marco inicial, o modernismo se consolidou como movimento a partir da Semana de 1922: durante três dias de fevereiro, literatos como Mário de Andrade (1893-1945) e Oswald de Andrade (1890-1954), músicos como Villa-Lobos (1887-1959) e artistas como Anita, Tarsila do Amaral (1886-1973), Di Cavalcanti (1897-1976), entre outros, organizaram-se em um evento que foi bastante discutido na imprensa da época. Após a Semana de Arte Moderna, os anos 1920 foram marcados pela publicação de manifestos, polêmicas e revistas que eram lançadas e desapareciam rapidamente.
Nos anos 1930, transformações profundas permeavam a educação, a vida artística e literária, os estudos históricos e sociais. Para vários autores, nesse período as inovações da década anterior tornaram-se fatos de cultura, com os quais a sociedade aprendeu a conviver. Nesses anos um artista como Cândido Portinari (1903-1962) atuava em uma área que tinha sido, até então, dos artistas tradicionais e das encomendas oficiais. Nos anos 1940, com a criação dos Museus de Arte Moderna em São Paulo (1948) e no Rio de Janeiro (1949) e do Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1947, a arte moderna se institucionalizou no Brasil.
Nas artes visuais, o modernismo brasileiro tem várias peculiaridades em relação às vanguardas europeias. Os brasileiros, ainda que incorporando valores do cubismo, caso de Tarsila, ou do expressionismo, caso de Lasar Segall (1891-1957) ou Di Cavalcanti, não abandonaram a arte figurativa.
Isso se explica, em parte, por um dos grandes objetivos daquela geração constituir uma nova cultura, apoiada em uma arte que manifestasse uma pretensa "identidade nacional". É assim que se compreendem os movimentos Pau-Brasil (1924) e Antropofágico (1928). Mas não se pode esquecer que a gestação do modernismo brasileiro ocorreu justamente no período chamado, na Europa, de "retorno à ordem", quando o ímpeto destrutivo das vanguardas diminuiu. Por tudo isso, uma das grandes conquistas dos movimentos europeus no começo do século XX, a abstração, só seria adotada por artistas brasileiros na década de 1950.
Letícia Squeff

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