Soledad, a mulher do Cabo Anselmo: Quem foi, quem é Soledad Barrett Viedma? Qual a sua força e drama, que a maioria dos brasileiros desconhece? De modo claro e curto, ela foi a mulher do Cabo Anselmo, que ele entregou ao Delegado Torturador Fleury em 1973. Sem remorso e sem dor, o Cabo Anselmo a entregou grávida para a execução, com mais cinco militantes.
“O massacre da granja São Bento”., como ficou conhecida a Chacina é o caso mais eloquente da guerra suja da ditadura no Brasil.
Militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Nasceu em 6 de janeiro de 1945, no Paraguai. Casada com José Maria Ferreira de Araújo (desaparecido), tiveram uma filha, Nasaindy Barret de Araújo que hoje em Campinas (SP).
Foi assassinada sob torturas no Massacre da Chácara São Bento, ocorrido no dia 8 de janeiro de 1973, pela equipe do delegado Sérgio Fleury.
Juntamente com Soledad, que estava com 4 meses de gravidez, foram assassinados Pauline Reichstul, Eudaldo Gomes da Silva, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva e Evaldo Luiz Ferreira.
As circunstâncias do massacre que vitimou Soledad e seus companheiros estão na nota referente a Eudaldo Gomes da Silva.
Em 1970, de volta ao Brasil, Anselmo foi preso pela ditadura militar. Em troca da liberdade, delatou perseguidos políticos ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops. A lista de denunciados incluía sua namorada, Soledad Viedma.
O poeta uruguaio Mario Benedetti a homenageou com um poema:
“O massacre da granja São Bento”., como ficou conhecida a Chacina é o caso mais eloquente da guerra suja da ditadura no Brasil.
Militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Nasceu em 6 de janeiro de 1945, no Paraguai. Casada com José Maria Ferreira de Araújo (desaparecido), tiveram uma filha, Nasaindy Barret de Araújo que hoje em Campinas (SP).
Foi assassinada sob torturas no Massacre da Chácara São Bento, ocorrido no dia 8 de janeiro de 1973, pela equipe do delegado Sérgio Fleury.
Juntamente com Soledad, que estava com 4 meses de gravidez, foram assassinados Pauline Reichstul, Eudaldo Gomes da Silva, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva e Evaldo Luiz Ferreira.
As circunstâncias do massacre que vitimou Soledad e seus companheiros estão na nota referente a Eudaldo Gomes da Silva.
Em 1970, de volta ao Brasil, Anselmo foi preso pela ditadura militar. Em troca da liberdade, delatou perseguidos políticos ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops. A lista de denunciados incluía sua namorada, Soledad Viedma.
O poeta uruguaio Mario Benedetti a homenageou com um poema:
Morte de Soledad Barret Viedma
Viveste aqui por meses ou por anos
traçaste aqui uma reta de melancolia
que atravessou as vidas e a cidade
Faz dez anos tua adolescência foi notícia
te marcaram as coxas porque não quiseste
gritar viva Hitler nem abaixo Fidel
eram outros tempos e outros esquadrões
porém aquelas tatuagens encheram de assombro
a certo Uruguai que vivia na lua
e claro então não podias saber
que de algum modo eras
a pré-história do ibero
agora metralharam no recife
teus vinte e sete anos
de amor de têmpera e pena clandestina
talvez nunca se saiba como nem por quê
os telegramas dizem que resististe
e não haverá mais jeito que acreditar
porque o certo é que resistias
somente em te colocares à frente
só em mirá-los
só em sorrir
só em cantar cielitos com o rosto para o céu
com tua imagem segura
com teu ar de menina
podias ser modelo
atriz
miss Paraguai
capa de revista
calendário
quem sabe quantas coisas
porém o avô Rafael o velho anarco
te puxava fortemente o sangue
e tu sentias calada esses puxões
Soledad solidão não viveste sozinha
por isso tua vida não se apaga
simplesmente se enche de sinais
Soledad solidão não morreste sozinha
por isso tua morte não se chora
simplesmente a levantamos no ar
desde agora a nostalgia será
um vento fiel que flamejará tua morte
para que assim apareçam exemplares e nítido
as franjas de tua vida
ignoro se estarias
de minissaia ou talvez de jeans
quando a rajada de Pernambuco
acabou completo os teus sonhos
pelo menos não terá sido fácil
cerrar teus grandes olhos claros
teus olhos onde a melhor violência
se permitia razoáveis tréguas
para tornar-se incrível bondade
e ainda que por fim os tenham encerrado
é provável que ainda sigas olhando
Soledad compatriota de três ou quatro povos
o limpo futuro pelo qual vivias
e pelo qual nunca te negaste a morrer.
Mario Benedetti (1920-2009)
Viveste aqui por meses ou por anos
traçaste aqui uma reta de melancolia
que atravessou as vidas e a cidade
Faz dez anos tua adolescência foi notícia
te marcaram as coxas porque não quiseste
gritar viva Hitler nem abaixo Fidel
eram outros tempos e outros esquadrões
porém aquelas tatuagens encheram de assombro
a certo Uruguai que vivia na lua
e claro então não podias saber
que de algum modo eras
a pré-história do ibero
agora metralharam no recife
teus vinte e sete anos
de amor de têmpera e pena clandestina
talvez nunca se saiba como nem por quê
os telegramas dizem que resististe
e não haverá mais jeito que acreditar
porque o certo é que resistias
somente em te colocares à frente
só em mirá-los
só em sorrir
só em cantar cielitos com o rosto para o céu
com tua imagem segura
com teu ar de menina
podias ser modelo
atriz
miss Paraguai
capa de revista
calendário
quem sabe quantas coisas
porém o avô Rafael o velho anarco
te puxava fortemente o sangue
e tu sentias calada esses puxões
Soledad solidão não viveste sozinha
por isso tua vida não se apaga
simplesmente se enche de sinais
Soledad solidão não morreste sozinha
por isso tua morte não se chora
simplesmente a levantamos no ar
desde agora a nostalgia será
um vento fiel que flamejará tua morte
para que assim apareçam exemplares e nítido
as franjas de tua vida
ignoro se estarias
de minissaia ou talvez de jeans
quando a rajada de Pernambuco
acabou completo os teus sonhos
pelo menos não terá sido fácil
cerrar teus grandes olhos claros
teus olhos onde a melhor violência
se permitia razoáveis tréguas
para tornar-se incrível bondade
e ainda que por fim os tenham encerrado
é provável que ainda sigas olhando
Soledad compatriota de três ou quatro povos
o limpo futuro pelo qual vivias
e pelo qual nunca te negaste a morrer.
Mario Benedetti (1920-2009)
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